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domingo, 29 de junho de 2008

PPS realiza convenção em Amargosa


Valmir Vilas Boas (PSDB), Tiago Martins, Eliseu Mercês e Jorge Coutinho, do PPS, mais José Ferreira Cardoso e Diego Sales, do PSDB
Divulgação


O PPS realizou neste domingo, 29, a sua convenção municipal em Amargosa, para homologar o nome de Eliseu Mercês como seu candidato à Prefeitura. Na oportunidade, também ficou definida a coligação com o PSDB que, inclusive, realizou também sua convenção, tendo o seu presidente José Ferreira Cardoso apresentado o nome do filiado Valdir Vilas Boas como candidato à vice-prefeito na chapa majoritária. Foram ainda definidos os nomes dos candidatos de ambos os partidos para a Câmara Municipal, já que ficou confirmada a coligação também para o pleito proporcional.
A Executiva Estadual do PPS esteve representada no evento, com as presenças de Tiago Martins, membro do Diretório Estadual e vice-presidente municipal de Salvador, e Jorge Coutinho, da Executiva Municipal de Salvador, que foram levar o apoio incondicional do partido à coligação “A Vitória do Povo Começa Agora”.
“Temos grandes expectativas de vitórias já que Eliseu está no seu quarto mandato de vereador e tem o menor índice de rejeição entre os quatro candidatos”, afirmou Tiago Martins.

Um comentário:

Anônimo disse...

UMA PRIMEIRA-DAMA QUE VALEU A PENA (MARIA LÚCIA VICTOR BARBOSA) *


Quando personalidades marcantes, daquelas que se distinguem no cenário nacional, partem para quem sabe outra dimensão, fica uma sensação de perda como se fosse a de um parente, de alguém próximo, apesar de não termos tido contato pessoal com essa figura. Assim, com certeza, se sentiram os brasileiros quando tomaram conhecimento da morte da ex-primeira-dama, dona Ruth Cardoso, ocorrido em 24/06/2008.

Essa comoção não é normal com relação às primeiras-damas. Geralmente, elas não se destacam, ofuscadas por seus maridos, sobretudo quando estes são presidentes da República.

Algumas esposas de presidentes exercem ou simulam exercer certas funções de assistência social sem muita relevância. Outras se limitam a freqüentar ocasiões sociais ou acompanhar seus maridos em viagens para compor o quadro que os eleitores admiram: o da família bem constituída. Portanto, primeiras-damas podem ser também peças de marketing, figuras sem vida própria com tendência a resvalar para futilidades que os privilégios do seu status comportam.

Dona Ruth Cardoso fugiu à regra. Extremamente discreta, dotada de elegância sóbria e gestos comedidos, dona de invejável cultura, ela se destacou no cenário nacional pelo trabalho desenvolvido na área social e pela preocupação com os menos favorecidos.

Antes de mais nada, ela foi uma mulher como o são as mulheres de fibra, ou seja, foi primeiramente mãe. Assim, enquanto o marido, Fernando Henrique Cardoso, se dedicava aos estudos e fazia brilhante carreira, inclusive internacional, como sociólogo, a antropóloga Ruth cuidou dos filhos do casal, o que fez com que sua trajetória acadêmica ocorresse mais lentamente que a dele.

Mesmo assim, conseguiu defender o mestrado em 1970 e o doutorado em 1972. Num país como o nosso, em que se cultiva a mediocridade, a educação caiu ao seu nível mais baixo e não se premia o mérito, infelizmente essa enorme dedicação aos estudos é vista como coisa da elite ou algo desnecessário. Seria, então, preciso mudar nossa mentalidade para se reverenciar os que vencem por mérito.

Dona Ruth foi também professora e pesquisadora e, quando seu marido chegou à presidência da República, assumiu a presidência do Programa Comunidade Solidária. A partir daí, foi uma primeira-dama incansável no combate à exclusão social. Menos pelo papel que lhe coube junto a Fernando Henrique e mais por sua consciência cívica, sua visão do país, seu sentimento de brasilidade.

Ruth Cardoso não foi a primeira-dama fútil das festas, o ornamento a desfilar junto ao marido, a deslumbrada exibindo jóias e roupas. Mas exerceu o papel para o qual seu preparo intelectual e seu sentimento de cidadã brasileira se conjugaram para fazer da discreta senhora uma pessoa participante do seu tempo, um ser humano útil a outros seres humanos.

Ainda assim, recentemente foi vítima desse tipo de sordidez que permeia o jogo político. O dossiê urdido nas tramas palacianas para denegrir o ex-presidente FHC através dos gastos pessoais realizados durante seu governo, visaram atingir também dona Ruth. De forma firme, sem se intimidar, ela declarou publicamente que se mostrava indignada com a exploração política que estava sendo feita como os gastos pessoais do seu marido e familiares no período em que ele fora presidente. Realmente, uma abominação visando encobrir abusos de outros, estes sim, absurdos.

Dona Ruth, mãe, professora, primeira-dama atuante se foi para outra dimensão. Fica o Brasil em certo estado de orfandade num momento em que faltam mais mulheres dotadas de espírito público, mulheres solidárias, dignas, capazes de entender que cargo não é privilégio, mas encargo e que o fim último da política, como disse Aristóteles, é o bem comum.

Dona Ruth Cardoso, à sua maneira, fez política como se deve fazer. Ela se foi, mas fica seu exemplo. O exemplo raro de como deve ser uma primeira-dama. Dona Ruth valeu a pena.

(*) -Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga, professora, escritora.
mlucia@sercomtel.com.br