Afonsinho, ex-jogador de futebol
Reprodução
Encontra-se em Feira de Santana desde sexta-feira, 20, e até a próxima terça-feira, 24, Afonso Celso Garcia Reis, o Afonsinho, que foi o primeiro jogador de futebol do Brasil a conquistar o passe na Justiça. Na manhã deste sábado, 21, ele deu entrevista ao programa "Bom Dia, Feira", ancorado por Dilson Barbosa, na Rádio Princesa, levado por seus amigos feirenses Gilmar Luís de Santana, o também ex-jogador Biribinha, e o vereador Genésio Serafim.
Afonsinho estreou no time titular do Botafogo com 17 anos, em 1965, recém-chegado de Jaú, interior paulista, formando o célebre meio campo com Gérson. Foi bicampeão carioca em 1967 e 1968, também campeão da Taça Brasil, em 1968. Em 1970, ele se rebelou contra a Lei do Passe e foi jogar no Olaria. No mesmo ano voltou ao Botafogo, retornou ao Olaria (1971), seguiu para o Vasco da Gama (1971), Santos (1972), Flamengo (1973-1974), América-MG (1975), XV de Jaú (1977), Madureira (1980) e Fluminense (1981-1982). Além desses times atuou pelo "Trem da Alegria" (em 1976, 1978 e 1979), que reunia diversos craques como Brito e Samarone e jogava amistosos pelo Brasil afora.
Afonsinho rebelou-se contra a estrutura arcaica e autoritária do futebol brasileiro e lutou pelo direito de trabalhar onde quisesse, ganhando o "passe livre" na Justiça Desportiva. Ele era chamado de jogador-hippie, jogador-problema, jogador-maldito e jogador-iê-iê-iê. Tudo isso prejudicou sua convocação para a Seleção Brasileira, que acabou conquistando o tricampeonato mundial, no México. Hoje, ele diz que "não havia lugar para mim".
Em pleno regime militar, Afonsinho enfrentou e venceu a estrutura de mando no Botafogo. Não abriu mãos de seus valores e convicções. "Tive desentendimentos, o futebol estava deixando de ser uma coisa prazerosa e, nessa época entrei na Justiça reivindicando o direito de exercer minha profissão em outra equipe. Os cartolas do Botafogo não se dispunham a liberar meu passe. Eles alegavam que eu tinha que cortar a barba e o cabelo, que era indisciplina. Mas o que estava por detrás disso era que eles queriam me aprisionar ao clube". Na época, barba comprida era símbolo de imagem irreverente. Usuários eram confundidos como subversivos ou fora da lei. Assim, discriminados.
Como torcedor do Botafogo lembro muito bem de Afonsinho, jogador de muita inteligência no meio-de-campo, que antevia a jogada, acionando logo com passes precisos um companheiro de ataque. Passes em profundidade. Também arrematava bem para o gol de meia distância. No futebol moderno não existem mais jogadores cerebrais como Afonsinho, que jogou ao lado de outro similar: Gerson.
Atualmente, perto de se aposentar, Afonsinho exerce a profissão de médico do INSS no Rio de Janeiro - ele é diplomado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Em 3 de setembro completa 61 anos. Ainda joga peladas com os amigos e gosta de viajar pelo Brasil. Em Feira, pretende conhecer o festejo junino. "São João está muito forte dentro de mim, como uma autêntica manifestação popular", disse. Foi muito bom conhecer Afonsinho de perto e trocar cartão de visita (do Blog Demais) com ele. Claro que já o conhecia, assistindo jogos dele pelo Botafogo, principalmente. Interessante que ele esteve perto de vir jogar pelo Fluminense de Feira, como foi lembrado na manhã deste sábado.
ETERNIDADE
Baseado na vida do jogador, o cineasta Oswaldo Caldeira realizou o documentário em longa-metragem "Passe Livre", em 1974, filme que examina as relações de trabalho no futebol brasileiro. Tem a participação de jogadores, técnicos e comentaristas, como João Saldanha, Jairzinho, Amarildo e outros.
Também foi escrito um livro-biografia sobre o jogador, por Kleber Mazziero de Souza, "Prezado Amigo Afonsinho", com declarações de nomes ligados ao futebol: de Pelé a Zizinho, de José Trajano a Juca Kfouri. Outro livro, "Afonsinho e Edmundo", de José Paulo Florenzano, analisa a trajetória de Afonsinho e Edmundo, dois de uma série de expoentes da rebeldia dentro do futebol brasileiro e que acabaram enquadrados na categoria do jogador-problema. Afonsinho ainda foi tema de música composta por Gilberto Gil e interpretada por Elis Regina.
Também foi escrito um livro-biografia sobre o jogador, por Kleber Mazziero de Souza, "Prezado Amigo Afonsinho", com declarações de nomes ligados ao futebol: de Pelé a Zizinho, de José Trajano a Juca Kfouri. Outro livro, "Afonsinho e Edmundo", de José Paulo Florenzano, analisa a trajetória de Afonsinho e Edmundo, dois de uma série de expoentes da rebeldia dentro do futebol brasileiro e que acabaram enquadrados na categoria do jogador-problema. Afonsinho ainda foi tema de música composta por Gilberto Gil e interpretada por Elis Regina.
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