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quarta-feira, 18 de julho de 2007

Máxima

"Feliz do povo que pode vaiar seu presidente". A máxima foi do ex-presidente Juscxelino Kubitschek, ao ser vaiado. Depois da fala, acabou aplaudido.

Um comentário:

Anônimo disse...

Opinião: Autoridade dos pais e violência dos filhos
Leonardo Boff, teólogo


Os fatos recentes de filhos de famílias de classe média alta se entregarem à violência, surrando uma empregada doméstica, imaginando ser uma prostituta e envolvendo-se em violências com outros jovens, nos suscita a questão da autoridade dos pais como princípio criador de limites.

Não podemos colocar toda a culpa na família e no pai. Ela possui hoje muitos substitutos e concorrentes que a sobredeterminam. Antes de tudo, a própria sociedade, desde sua fundação assentada sobre a violência, a magnificação da truculência feita pela televisão, a geral impunidade da corrupção quase generalizada no aparato de Estado e de outros crimes, a puberdade cada vez mais precoce, fazendo com que aos 15 anos, não ser raro o jovem já ter um corpo adulto, ultrapassando em até 10 centímetros o de seus pais, considerando ainda a liberalização geral dos costumes, todo este complexo de questões pesa sobre os pais e os jovens que estão na plenitude de sua vitalidade e descobrindo as virtualidades físicas de seu corpo.

Importa também incorporar na interpretação do fenômeno uma visão filosofante da vida humana, presente nos grandes mestres da psicanálise, que se dão conta de que no interior das pessoas, desde bebês, funcionam forças tremendas de amor e de agressão e que, ao largo de toda vida, as devem trabalhar, na busca de um amadurecimento até fazerem-se pai e mãe de si mesmas e por isso levar uma vida autônoma e criativa. Esta tarefa da vida é carregada de tensões, fracassos e vitórias. Começa a despontar de forma vulcânica na adolescência.

Não tomar em conta tal fato é fazer injustiça aos jovens e, no fundo, não entendê-los nem acompanhá-los no desabrochar de sua humanidade.

Por outro lado sabemos que a regra de ouro da educação é saber impôr limites e às vezes até sancionar. Esta diligência incômoda mas intransferível cabe à figura do pai ou de quem lhe faz as vezes. Sobre isso queremos refletir rapidamente.

A criança vem da experiência da mãe, do aconchego e da satisfação de seus desejos. Mas ao crescer, dá-se conta de que há um outro mundo que não prolonga o da mãe. Aí há tensões, dificuldades e conflitos. As pessoas trabalham e em função disso têm que mostrar disposição para o sacrifício e acolher limites se quiserem alcançar seus objetivos. É tarefa do pai ajudar o filho/filha a fazer esta transposição. É o momento em que o filho/filha se desprende da mãe e se aproxima naturalmente do pai; pede ser amado por ele e esclarecido em suas indagações. É o momento de reconhecer a autoridade do pai e a aceitação dos limites que ele mostrar, próprios deste continente novo. Para isso cobra disciplina e contenção dos impulsos dos filhos. Caso contrário, este entrará num confronto que o vai isolar e prejudicar. Ele tem que aprender a conviver com os diferentes e os limites que estes impõem. É aqui que cabe, quando preciso, depois do diálogo e do aconselhamento, sancionar sem humilhar. A sanção visa o ato e não diretamente o adolescente. Sancionar não significa humilhar mas impôr um limite a um comportamento que cria transtornos à convivência e que seria sancionado mesmo que tivesse sido praticado por outro. A missão dos pais é tão sublime e carregada de responsabilidades que não pode ser deixada ao mero espontaneismo. Os pais precisam conversar com outros pais e estudar. Aconselho o livro de um dos maiores psicanalistas desta área, D. Winnicott: Tudo começa em casa (1989).

In: http://jbonline.terra.com.br

/sitehtml/papel/pais/papel/2007/07/16/pais20070716014.html


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BAIRROS NOBRES E JOVENS GRÃ-FINOS

Esses são dois epítetos (bairros nobres e jovens grã-finos) utilizados muito pela imprensa baiana para tratar sobre alguns personagens envolvidos em casos rumorosos que ocorrem na cidade do Salvador. Recentemente, aconteceu um desses noticiários com jovens da classe média que compunham uma quadrilha de assaltantes, os quais, acabaram por cometer um crime de morte contra o policial civil, Yan Souza.

Crime, como todos os demais dessa (e de outras) natureza, bárbaro, o que configura uma degradação crescente da família brasileira. Aliás, é bom sempre lembrar, Salvador está se transformando numa cidade com índices de violência que estão fugindo de normalidade, de uma localidade que sempre se situou nas estatísticas com indicadores bem abaixo, por exemplo, de Recife, Vitória, Rio de Janeiro e São Paulo.

Retornando ao fio da meada, a rigor, a capital baiana, embora a Prefeitura também se utilize dessa expressão para auferir a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) não dispõe de um bairro nobre ou bairros nobres, até porque a cúpula da nobreza como tal (rei, rainha, ministros do Reino de Portugal) nunca se instalou na cidade, salvo por uma semana quando a nau capitânea que transportava a família Real em sua fuga para o Brasil, enxotada pela ocupação francesa na Península Ibérica, em 1807/1808, se desgarrou da armada que se dirigia ao Rio de Janeiro e aportou na Bahia.

Bem que tentaram manter Dom João VI em Salvador, mas, este disse não e se mandou para o Rio, capital da Colônia desde 1763, quando Portugal temendo a crescente onda de ataques de naus e piratas franceses e diante a crescente evasão fiscal (desde aquela época já era crônica!) e também tentando ampliar a presença portuguesa no Rio do Prata transferiu a sede da Colônia de Salvador para o Sul, região mais rica e objeto de desejo de ocupação estrangeira.

Até 1763, se assim for, a nobreza (governador geral, vice-rei, poucos marqueses e barões) viviam entre a área do centro histórico até o Carmo, na linha Oeste, ou porta Norte da antiga cidade fortaleza; e até o corredor da Vitória, na linha Sul, ou porta Sul, que se erguera na altura do São Bento para conter as invasões holandesas, francesa e outras. A partir desse momento histórico, quando os barões se encastelaram nas sedes dos engenhos de açúcar do Recôncavo, a cidade ficou povoada de poucos ricos comerciantes, os tais grã-finos de hoje, e os chamados capitalistas, os homens do capilé.

O restante da história todo mundo conhece. A família real voltou para Portugal, Dom Pedro I (filho de Dom João VI) instalou um Império no Brasil, em 1822, depois passou a coroa ao filho, Dom Pedro II, os abolicionistas e republicanos apoiado pelos barões do café e do ouro implantaram a República, em 15 de novembro de 1889, e fim de papo. Acabou a nobreza no Brasil. Salvo, evidentemente, os remanescentes dos Bragança, os quais, até hoje, vivem na mordomia nas serras de Petrópolis e Teresópolis e se acham reis do Brasil. Aqui na Bahia, até a década de 1980, tínhamos o Barão de Mococof, um camarada que arreliava da nobreza nos carnavais; e o príncipe Danilo, o eterno, aquele que brilhou nos antigos reinados de Baco lado de Sua Majestade, Ferreirinha, Rei Momo I e único.

De sorte que essa designação de nobreza para citar bairros da classe média arrochada até o pescoço, com três/quatro e até cinco cartões de crédito girando para lá e pra cá, como são os casos dos moradores da Barra, Pituba, Itaigara, Graça, Ondina, etc., salvo raras exceções, não tem sentido. O último barão que conheci vivo e ilustrou dois dos meus livros foi Calasans Neto, Barão do Coco Verde de Itapuã, recentemente falecido, o qual, ganhou esse epíteto das brincadeiras e sacanagens que lhe aprontavam Jorge Amado, Vinicius de Moraes e outros.

Quanto a grã-finos pior ainda, porque em Salvador não existem ricos no termo justo da palavra. Salvo Zuleido Veras que é um caso à parte. Os ricos daqui ainda deixam as lanchas na Marina da Contorno pra alugar no fim de semana que não usam, visando com essa grana extra pagar o marinheiro no final do mês. O último camarada que conheci aqui na cidade do Salvador com pinta de grã-fino foi Mozart Santos, mas, este foi morar no vizinho e próspero Estado de United States of. Sergaipe. E o professor Bandeira, outro ilustre representante desta confraria, já conduzido ao andar de cima por determinação do Senhor.

Os grã-finos daqui não põem os pés no primeiro piso do Iguatemi, jamais. Mas, em compensação compram bugigangas na Rua 43, em Nova Iorque, e ainda colocam nas colunas sociais. O porteiro da H. Stern do Shopping Barra dorme a tarde toda porque não entra um cliente. Um colarzinho de ouro por lá custa R$13 mil. Semana passada teve um grã-fino que deu a mulher um brinco U$30 mil só pra começar a festa. Mas, isso foi em Milão, na Itália. David Beckman paga R$13 mil é só pra cortar o cabelo. Tá bom.

Então, caros coleginhas, tenham paciência com o andor. Aqui na terrinha se sabe até quantos carros da marca Jaguar existem circulando na cidade. Um é de fulano; outro é de cicrano; e o terceiro de um construtor. É assim que funciona a grã-finagem na Bahia. Se contam nos dedos os anéis de cada personagem, sabe-se quem está bem de caixa e quem está pendurado nos cartões de crédito.

Tasso Franco
http://www.cronicasdabahia.com.br
/cronica.php?idCronica=215