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terça-feira, 24 de julho de 2007

A competência dos incompetentes

Artigo de Olavo de Carvalho, publicado pelo "Diário do Comércio", em 18 de julho, e no site "Mídia Sem Máscara", em 23 de julho:
Não faltará, como nunca falta, quem atribua o monstruoso acidente do aeroporto de Congonhas à incompetência pura e simples. Mas a incompetência do governo federal, nessa como em outras áreas, não é nem pura nem simples. Ela é o efeito da dupla agenda estratégica que orienta todas as ações do esquema petista já desde antes de sua ascensão ao poder.
Nas semanas que antecederam as eleições de 2002, só três pessoas na mídia anunciaram a formação da aliança revolucionária continental Lula-Castro-Chávez. Resultado: eu perdi o meu emprego, o analista estratégico Constantine Menges foi xingado até à enésima geração e o herói nacional cubano Armando Valladares foi rotulado de “picareta”. Menções ao “pequeno eixo do mal” foram declaradas anátema. Nos debates nominalmente destinados a informar o público sobre os candidatos em que iria votar, nem mesmo os adversários de Lula quiseram tocar no assunto. Dos entrevistadores, só um - Boris Casoy - ousou perguntar algo a respeito, e mesmo assim muito educadamente, muito discretamente, quase pedindo desculpas. Lula mandou-o calar a boca.
Ao longo dos dois mandatos lulianos, o eixo, que já vinha sendo preparado nas reuniões do Foro de São Paulo desde 1990, tornou-se uma realidade patente, e nenhum dos iluminados que o haviam negado apareceu na mídia confessando-se um idiota ou um mentiroso contumaz. Todas as ridículas tentativas do governo George W. Bush de jogar Lula contra o esquema castrochavista só serviram para provar a solidez da aliança revolucionária, não só entre aqueles três governantes esquerdistas, mas entre todos os membros do Foro, inclusive as Farc e outras organizações criminosas.
Mas, numa campanha eleitoral, a duplicidade moral consiste apenas em dizer uma coisa e fazer outra. Uma vez eleito, o sujeito tem de governar, e aí a incongruência entre a fala e os atos torna-se discordância entre duas séries de atos, uma destinada a implementar os objetivos nominais do seu governo, outra a realizar as finalidades secretas, ou discretas, do esquema de poder que o elegeu. De um lado, trata-se de administrar o país relativamente bem, para se manter alto nas pesquisas. De outro, busca-se desmantelar o Estado e a própria sociedade, para que o partido revolucionário possa se sobrepor a ambos e engoli-los. Não se pode dizer que o governo Lula tenha duas cabeças, porque só uma cabeça única, e bem organizada, pode coordenar esse delicado e complexo jogo duplo. Mas o processo tem um limite natural.
Não é possível desmantelar o Estado e manter o governo funcionando; nem anarquizar a sociedade e continuar indefinidamente dando a impressão de ordem e progresso. Mais dia, menos dia, um dos lados vai ter de predominar. A lógica interna da estratégia revolucionária espera que esse momento só chegue quando as “forças populares” estiverem prontas para rasgar sua própria máscara e partir para a tomada ostensiva do poder. No segundo mandato de Lula, porém, o limite natural do processo foi atingido antes disso.
O Estado e a sociedade já estão bagunçados de alto a baixo, mas a esquerda radical não está madura para o grande golpe. Nada funciona - nem mesmo a estratégia revolucionária. A velha ordem morreu, a nova transformou-se num gigantesco aborto.
Que fazer?, perguntaria Lênin. E responderia: se não for possível adiar o desenlace, deve-se tirar proveito revolucionário do aborto mesmo, lançando as culpas dele no adversário. Não existindo adversário, a parte mais comprometida do esquema revolucionário deve ser ela própria jogada às feras, acusada de traição e direitismo.
Isso já começou a acontecer. Não havendo uma direita capaz de liderar a revolta popular contra o pior governo brasileiro de todos os tempos, essa revolta será muito provavelmente capitalizada pelo mesmo esquema esquerdista que o gerou. Se o próprio Lula tiver de ser sacrificado para esse fim, não haverá aí surpresa nenhuma. Criar o fantoche custou caro, mas quem vai pensar em economizar dinheiro numa hora dessas?
Olavo de Carvalho é jornalista, escritor, filósofo e editor do Mídia Sem Máscara.

5 comentários:

Anônimo disse...

24/07/2007 18:16

César Maia: adversidade jogou Lula na clandestinidade

Ao Vivo Agencia Estado


O prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (DEM), disse, em seu blog que mantém na internet, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é um "estadista" e que a "adversidade o colocou na clandestinidade". A manifestação do prefeito se refere à estratégia do presidente de mudar a sua agenda de eventos nas regiões Centro-Sul pelo Nordeste para evitar vaias e protestos por conta do acidente com o Airbus da TAM.

Maia foi acusado por setores governistas de ter supostamente organizado as vaias que Lula recebeu no Maracanã, durante a festa de abertura dos Jogos pan-americanos. César Maia lembra que essa "não é a primeira vez que Lula se encolhe frente à adversidade".

O prefeito compara a atual situação com a crise de 2005, provocada pelo aparecimento do mensalão, quando vários dirigentes do PT e integrantes do governo foram envolvidos nas investigações da montagem de um esquema de pagamento de caixa dois para parlamentares petistas e de partidos aliados dentro do Congresso. "Agora, da mesma maneira. Encolhe-se, se oculta, perde a iniciativa, cancela sua agenda no Sul e a muda para o Nordeste. Esta mudança de agenda foi feita da mesma maneira em 2005", compara Maia.

Bolsa Família

Para o líder do PSDB na Câmara, deputado Antônio Carlos Pannunzio (SP), o presidente Lula "tem uma clara tendência a fugir de problemas". "O presidente foge das críticas e das situações adversas e prefere ir para o Nordeste, onde o programa Bolsa Família funciona mais como um cartão de visitas a seu favor", afirma o deputado tucano.

O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) diz que o presidente está apresentando "um dos piores defeitos dos políticos". "Esse defeito é só querer o lado bom, o aplauso fácil, só querer caminhar em estradas sem buracos. Pelo que temos visto, ninguém erra nesse governo. Parece que esse governo assumiu uma espécie de mistura da teoria do direito divino dos reis com a infalibilidade dos papas", ironiza Alencar

http://www.atarde.com.br/politica/noticia.jsf?id=772608

Anônimo disse...

24/07/2007 - 19:36

AGENDA BAHIA:RELEMBRE MEDIDAS ANUNCIADAS P/ MELHORAR SEGURANÇA PÚBLICA

www.bahiaja.com.br


A maioria das medidas ainda não saiu do papel

Veja as medidas que foram anunciadas e assinadas pelos chefes dos três poderes, o governador Jaques Wagner, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Benito Figueiredo, e o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Marcelo Nilo. A solenidade aconteceu no dia 14 de maio de 2007.

1. Intensificação do geoprocessamento para delimitar áreas críticas; uso de monitoramento eletrônico em logradouros públicos;

2. Integração efetiva das ações e operações das policias Civil e Militar;

3. Melhoria nas instalações físicas das delegacias e no atendimento ao cidadão vitimizado;

4. Investimento no policiamento comunitário, com participação da comunidade, estímulo a maior efetividade do Disque Denúncia;

5. Apresentação de projeto de lei à Assembléia Legislativa criando mecanismos que se antecipem a cenários ou palcos do crime, como por exemplo, proibição de celulares nas agências bancárias;

6. Compromissos das autoridades judiciárias e membros do MP com maior efetividade nos plantões, sobretudo no interior, onde muitos juízes e promotores residem fora de suas comarcas; em Salvador, incluindo finais de semana a partir da sexta-feira;

7. Capacitação de policiais, aumento de contingente e dotação de meios capazes de tornar mais eficaz a ação das policias;

8. Criação da Academia Integrada de Segurança Pública;

9. Construção de unidades regionais para cumprimento de medidas sócio-educativas para adolescentes infratores;

10. Adoção de mecanismos de desempenho das unidades policiais, a partir de indicadores de produtividade;

11. Implementação das condições para efetivo cumprimento da Lei Maria da Penha, com a criação de mais 10 delegacias da mulher, em Salvador, e pelo menos uma em cada cidade a partir de 100 mil habitantes, além de unidades regionais cobrindo todo estado;

12. Valorização dos juízes criminais e dos servidores das Varas Crime;

13. Instalação de Ouvidoria Criminal de Segundo Grau para recebimento de queixas da população;

14. Desenvolvimento de programas de inclusão social voltados para jovens e famílias de bairros pobres;

15. Urbanização de bairros populares e periféricos;

16. Consolidação de grupo de trabalho interinstitucional com o objetivo de analisar situação processual/prisional dos detentos;

17. Procedimento ágil capaz de integrar interlocutores no Poder Judiciário e no MP, com a SSP, capaz de permitir a celeridade necessária ao remanejamento de presos;

18. Construção de unidades policiais, notadamente junto as comunidades carentes, entre elas, Sarmandaia, Plataforma e Sussuarana;

19. Criação de espaço integrado para funcionar Vara de Execuções Penais, MP, Defensoria Pública, Secretaria de Justiça, Sec de Desenvolvimento Sociaial;

20. Informatização do sistema prisional e implementação de audiências via teleconferência;

21. Implementação nos presídios de cursos de alfabetização, profissionalizantes e inclusão digital;

22. Otimização de funcionamento dos atuais presídios e construção de novas unidades prisionais;

23. Implantação do Gabinete da Crise formado por interlocutores indicados pelo Poder Judiciário e MP;

24. Ações Integradas dos Estados do Nordeste; integração das agências de inteligência; organização de forças tarefas;

25. Agilização dos processos criminais relativos ao crime organizado e à criminalidade de alta ostensividade;

26. Implentação de um projeto de comunicação conjunto envolvendo os três poderes para tratamento adequado das questões de segurança no Estado;

27. Fortalecimento das corregedorias na SSP;

28. Investimentos em premiações para programas, projetos e para servidores públicos, incluindo os policiais, em especial os que atuam nos princípios e normas dos direitos humanos;

29. Criação de mecanismos que possibilitem o retorno de policiais aposentados às atividades, mediante pagamento adicional à remuneração;

30. Considerando que, esta última medida aumentaria o efetivo operacional da segurança pública, principalmente motoristas policiais, e grande economia, por dispensar o processo de formação nas academias de policias.

Anônimo disse...

VEREADORES DE SALVADOR MARCAM O PONTO E DEPOIS VÃO EMBORA

www.bahiaja.com.br

Uma prática, no mínino suspeita, está virando rotina na Câmara Municipal.

Os vereadores iniciam a sessão com um número alto de presenças, e, aos poucos, os presentes vão sumindo até que a sessão é suspensa por queda de quorum (número insuficiente de vereadores no plenário).

Na sessão desta terça-feira não foi diferente.

Os 41 vereadores compareceram a sessão, marcaram presença, mas foram desaparecendo.

A sessão tinha todos os seus membros às 15h. Ás 15:40, apenas 12 vereadores estavam no plenário e a sessão ordinária, que precisa de no mínimo 14 presentes, teve que ser interrompida.


Quando o vereador Pedrinho Pepê (PP) pediu para que o quorum fosse verificado pela primeira vez, Antônio Lima (DEM) estava discursando. Ele não aceitou que a sessão fosse interrompida, recontou os vereadores e conseguiu que a sessão ordinária continuasse.


"Peço respeito. Se não quer me ouvir não faça isso porque quando eu peço voto faço respeitando o regimento", desabafou Lima que não queria ter seu discurso interrompido.


Vinte minutos depois um novo pedido de verificação de quorum foi feito. Desta vez, não teve jeito. Com apenas 12 vereadores, a sessão foi suspensa.


Enquanto os vereadores saíam da sessão , uma popular que estava no plenário gritou. "Isso é um absurdo. Eles marcam a presença e vão embora. Não querem trabalhar. Nas próximas eleições nenhum desses que desapareceram devem ser eleitos", criticou.


A votação da Lei das Diretrizes Orçamentárias, LDO, que inicialmente estava marcada para a quarta-feira passada, passou para essa terça, e por acordo dos vereadores deverá ser votada amanhã. (Repórter - Marivaldo Filho)

Anônimo disse...

A micromegalomania de Lula é contagiosa

Elio Gaspari


O festival de besteiras com que o governo de Nosso Guia tem assolado o país é algo sem precedente, mas seria uma pobreza condená-lo apenas por dizer bobagens. O problema é bem outro, pior. Houve o “relaxa e goza” de Marta Suplicy mas, antes dele, Lula anunciou, do alto da sua micromegalomania (caso raro de mania de pequena grandeza): “Quero prazo, dia e hora para anunciar o fim da crise dos aeroportos”.


Na segunda-feira, o presidente da Infraero produziu uma nova marca, difícil de ser superada. A Federação Internacional dos Controladores de Vôo condenou a gestão da crise e sugeriu uma interferência externa.


Trata-se de um organismo corporativo e sem representatividade, mas nem por isso se pode dizer que esteja propondo um absurdo. A resposta veio do brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero: “A crise é nossa, os mortos são nossos”.
Para quem lembra desse tipo de retórica na campanha do petróleo, no anos 50, esse é um triste fim para os sentimentos nacionalistas.


Exacerbações nativistas podem atrair uma velha maldição do ensaísta inglês Samuel Johnson (1709-1784): “O patriotismo é o último refúgio do canalha”. Em Pindorama o patriotismo foi usado pelos escravocratas do século XIX para desqualificar as pressões da esquadra inglesa e pelos ditadores do XX para acobertar as torturas e os assassinatos condenados pelo governo do presidente americano Jimmy Carter (1977-1981).


A economia brasileira foi vigiada pelo Fundo Monetário Internacional. Há lixões em São Paulo cuja emissão de gases é monitorada por empresas americanas a serviço de organismos internacionais. Em 2003, interessado em conhecimentos técnicos sobre segurança nos aeroportos, um diretor da Infraero pediu socorro à embaixada americana. Se alguém dissesse que a desordem fiscal, os lixões e a ignorância aerocrática são nossos, certamente passaria por bobo.


Numa primeira camada, as tolices ditas pelos companheiros refletem a inteligência de cada um deles. Até aí tudo bem, ninguém é obrigado a fazer nexo. Olhando-se com mais atenção, vê-se que há em cada bobagem um elemento de prepotência. O rapaz da Anac ganha uma pataca e quando lhe perguntam se não há contradição entre a homenagem e o tamanho da crise, explica: “A Aeronáutica é que tem que responder”. Uma senhora que ocupa uma cadeira na diretoria da Agência e fuma charutos em público, dá aulas: “Deixa eu te falar uma coisa: o acidente não foi no ar. Ninguém bateu no ar, tá? Então o acidente não tem nada a ver com o número de vôos em Congonhas, tá?”


As besteiras que desmoralizam o segundo mandato do Nosso Guia resultam de uma concepção burocrática, autoritária e delirante do exercício do poder. É o contágio da micromegalomania. Cada um manda no seu pedaço com a imponência de Al Gore e a inteligência de Mike Tyson. Lula exige dia e hora para a crise acabar, a Anac informa que não teve nada a ver com o que aconteceu em Congonhas, a Infraero diz que “os mortos são nossos” e quem cobra soluções ao conjunto do governo é considerado um idiota. Reencarnam um superintendente da Sudene que, durante a ditadura, atribuiu a seca do Nordeste à falta de chuvas.


Elio Gaspari é jornalista.

www.correiodabahia.com.br

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Críticas à estratégia de Lula


BRASÍLIA - Os políticos de oposição criticaram ontem duramente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter adotado a estratégia de trocar eventos no Centro-Sul pelo Nordeste para evitar vaias e protestos por conta do acidente com o Airbus da TAM. No blog que mantém na internet, o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (DEM) afirmou que Lula não é um “estadista” e que a “adversidade o colocou na clandestinidade”.


“Um político completo na chefia de governo, um estadista, não é o que temos. A adversidade o colocou na clandestinidade. E o despachou para os seus nichos, de AeroLula, num contraponto triste com a pequena burguesia que rejeita, por autodefesa”, afirmou o prefeito, que faz oposição ao governo federal e foi acusado por setores governistas de ter supostamente organizado as vaias que Lula recebeu no Maracanã, durante a festa de abertura dos Jogos pan-americanos.


Para o líder do PSDB na Câmara, deputado Antônio Carlos Pannunzio (SP), o presidente Lula “tem uma clara tendência a fugir de problemas”. “O presidente foge das críticas e das situações adversas e prefere ir para o Nordeste, onde o programa Bolsa Família funciona mais como um cartão de visitas a seu favor”, afirma o deputado tucano.


O deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ) diz que o presidente está apresentando “um dos piores defeitos dos políticos”. “Esse defeito é só querer o lado bom, o aplauso fácil, só querer caminhar em estradas sem buracos. Pelo que temos visto, ninguém erra nesse governo. Parece que esse governo assumiu uma espécie de mistura da teoria do direito divino dos reis com a infalibilidade dos papas”, ironiza Alencar.


César Maia lembra que essa “não é a primeira vez que Lula se encolhe frente à adversidade”. O prefeito compara a atual situação com a crise de 2005, provocada pelo aparecimento do chamado escândalo do mensalão, quando vários dirigentes do PT e integrantes do governo foram envolvidos nas investigações da montagem de um esquema de pagamento de caixa dois para parlamentares petistas e de partidos aliados dentro do Congresso.


“Em 2005, durante o mensalão, (Lula) ocultou-se, e saiu da toca em Paris numa entrevista amadora desastrada. Agora, da mesma maneira. Encolhe-se, se oculta, perde a iniciativa, cancela sua agenda no Sul e a muda para o Nordeste. Esta mudança de agenda foi feita da mesma maneira em 2005”, compara Maia. “As idas de Lula ao Nordeste, em 2005, foram assim: com direito a claque e cenário, e ele suado no meio dos amigos contratados, voltando a ser o líder sindical. Essa regressão protetora de seu encolhimento na adversidade voltará nos próximos dias. E contará com a TV para registrar seu passado, teatralizado no presente _ sem gravata, suado, sem plural”, aposta Maia.

Anônimo disse...

24/07/2007

CGU aponta 'campeãs de irregularidade'

Jorge Hage afirma que Norte e Nordeste sofrem com 'atraso político'.

Segundo ele, a sociedade dessas regiões tem 'dificuldade de modernização'.
MIRELLA D´ELIA

Do G1, em Brasília


Ag. Brasil

O ministro Jorge Hage, da CGU (foto: Gervásio Baptista/Ag. Brasil)O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, afirmou nesta terça-feira (24) que o Norte e o Nordeste são “campeões em irregularidades” na administração de recursos federais.



“Essas são regiões de maior atraso político e menor acesso à informação. Não é por acaso que há dificuldade de maior modernização da sociedade nesses locais”, disse Hage.



A afirmação é, segundo ele, baseada no trabalho de fiscalização da aplicação de recursos públicos em estados e municípios de todas as regiões do país, feito desde 2003 pela CGU. Até hoje, diz o ministro, os auditores do órgão já fiscalizaram a gestão de cerca de R$ 8 bilhões de recursos públicos.



'Sorteio'
O ministro-chefe da CGU participou do sorteio, em Brasília, de 60 municípios e 8 estados que serão investigados pela CGU. O trabalho inclui a fiscalização de obras, a checagem de documentos e bens e entrevistas com moradores e agentes públicos.



Segundo Hage, as auditorias possibilitam a descoberta de empresas inexistentes, a não-execução de contratos e o pagamento de obras que não foram feitas, além do pagamento de propinas.

Na avaliação dele, a atuação da CGU ajudou a desbaratar quadrilhas como a dos sanguessugas, que atuava na compra superfaturada de ambulâncias, e da Construtora Gautama, apontada pela Polícia Federal (PF) como a central de um esquema de fraudes em licitações e desvio de recursos públicos desmontado pela Operação Navalha.



Saiba mais

» CGU rebate críticas do Bird

» CGU defende partilha de informações sigilosas

Gautama
Nesta segunda-feira (23), a CGU decidiu que a Gautama está impedida de fechar novos contratos com a Administração Pública. E que os contratos em vigor devem ser cancelados, com exceção de obras em fase final de execução.

“Esperamos que isso sirva de exemplo e inibição para outras empresas que costumam ter as mesmas práticas e não foram descobertas”, comentou.



Prejuízo
Apesar do levantamento que é feito pela CGU, o ministro Jorge Hage admitiu que, na maioria dos casos, o índice de recuperação de recursos públicos perdidos com irregularidades é baixo, o que acaba gerando prejuízo para a União.

Ele explicou que, apesar da fiscalização, há demora em punir culpados. Segundo ele, isso está relacionado à grande quantidade de recursos judiciais que podem ser utilizados, protelando o resultado final. “Os corruptos sabem e podem pagar bons advogados”, afirmou.