Por
Reinaldo Azevedo
Percebi
bastante cedo - e sei porque estive por lá quando, quase menino, ainda pensava
como menino, para citar Paulo, o de Tarso, não o Maluf - que o petismo nada
mais era do que a profissionalização do malufismo. Já escrevi alguns textos a
respeito.
O já quase
lendário - uma má lenda! - ex-governador de São Paulo e ex-prefeito da capital
é, por assim dizer, um romântico quase solitário nas artes em que o PT se
profissionalizou. Maluf sempre teve a sua turminha e nunca tentou transformar
em categoria política aquilo em que é mais hábil, se é que vocês me entendem…
Se
Maluf é do tipo que ainda nega os malfeitos que trazem a sua marca, os petistas
são aqueles que os admitem, mas com uma ressalva: fazem o que fazem para o bem
dos brasileiros e da humanidade, entenderam?
Nesse
sentido, o petismo consegue ser mais nefasto do que o malufismo. Maluf sabe que
a corrupção é moralmente condenável e, por isso, sempre negou que seja
corrupto. Os petistas transformaram a corrupção numa mera questão de ponto de
vista. Notem que, na política, Maluf não deixará herdeiros. O petismo, por sua
vez, contaminou todo o sistema. A história não está sendo irônica, não, ao
juntar essas duas forças. Ao contrário: há coerência absoluta.
Vocês
já assistiram ao magistral "Era Uma Vez no Oeste", de Sergio Leone? Se não,
corram hoje mesmo à locadora ou baixem o filme aí no micro. Trata daquele
período em que bandoleiros personalizados são literalmente substituídos pela
máquina. Na transição de uma fase para a outra, os pistoleiros antigos ainda
prestam alguns serviços aos novos.
É bem
verdade que, no filme de Leone, o que se vê é a marcha bruta do que acaba
resultando em progresso. No Brasil, estamos assistindo é à união de dois
reacionarismos.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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