Por Reinaldo Azevedo
VEJA Online já revelou que o PT tinha redigido um documento
estabelecendo aqueles que eram os alvos do partido na CPI do Cachoeira. Os
patriotas queriam deixar os bandidos de lado - até porque alguns são aliados,
não?, companheiros dos companheiros - para atacar o Judiciário, a Procuradoria-Geral
da República e a imprensa. Agora, um novo documento sai das catacumbas: O PT
CHEGOU A REDIGIR A REPRESENTAÇÃO CRIMINAL CONTRA ROBERTO GURGEL,
PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA. Um dos dois assessores que redigiram o texto
trabalha para Jilmar Tatto (SP), líder do PT na Câmara; o outro, para o
deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI, que tem como tarefa principal na
condução dos trabalhos a isenção. Leiam reportagem de Daniel Pereira e Gabriel
Castro.
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Desde que os integrantes da CPI do Cachoeira decidiram rejeitar a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em 15 de maio, arrefeceu a ofensiva petista contra o chefe do Ministério Público. A convocação do procurador era, na verdade, uma manobra de radicais para comprometer o responsável por defender a condenação dos mensaleiros no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. A ofensiva se apoiava em críticas sobre a atuação de Gurgel diante dos dados obtidos pela Operação Vegas da Polícia Federal, que investigou a quadrilha de Cachoeira. E contou com o apoio de ninguém menos do que Fernando Collor para tentar desmoralizar o chefe do MP. Documentos obtidos pelo site de VEJA deixam claro até onde os petistas chefiados por Lula e José Dirceu - justamente o chefe da quadrilha do mensalão - estavam dispostos a chegar: pedir a investigação criminal contra Gurgel. O texto, que fala em "crime de responsabilidade", tem data de 13 de maio e traz o indelével DNA do PT.
Desde que os integrantes da CPI do Cachoeira decidiram rejeitar a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em 15 de maio, arrefeceu a ofensiva petista contra o chefe do Ministério Público. A convocação do procurador era, na verdade, uma manobra de radicais para comprometer o responsável por defender a condenação dos mensaleiros no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. A ofensiva se apoiava em críticas sobre a atuação de Gurgel diante dos dados obtidos pela Operação Vegas da Polícia Federal, que investigou a quadrilha de Cachoeira. E contou com o apoio de ninguém menos do que Fernando Collor para tentar desmoralizar o chefe do MP. Documentos obtidos pelo site de VEJA deixam claro até onde os petistas chefiados por Lula e José Dirceu - justamente o chefe da quadrilha do mensalão - estavam dispostos a chegar: pedir a investigação criminal contra Gurgel. O texto, que fala em "crime de responsabilidade", tem data de 13 de maio e traz o indelével DNA do PT.
A assinatura digital do documento revela os autores da representação: o
assessor jurídico Alberto Moreira Rodrigues, lotado na liderança do PT na
Câmara - subordinado, portanto, ao líder Jilmar Tatto - e Rebeca Albuquerque,
chefe de gabinete do deputado Odair Cunha (PT-SP), relator da CPI do Cachoeira.
Rodrigues também já trabalhou no escritório de Claudismar Zupiroli, advogado
eleitoral do PT.
Foram redigidos dois documentos: uma nota técnica, para consumo interno,
e a representação propriamente dita. Esta é direcionada ao presidente do
Senado, José Sarney. Legalmente, a Casa tem a prerrogativa de investigar o
procurador-geral da República. "Além de omitir-se no cumprimento de seus
misteres constitucionais, o chefe do Ministério Público ou sua
subprocuradora-geral retiveram o inquérito nos escaninhos do Ministério
Público, impedindo que a Polícia Federal desse continuidade às investigações e
abortasse, num tempo mais reduzido, a sangria que a organização criminosa
promovia contra os cidadãos e as instituições da República", diz o documento,
mencionando também a subprocuradora Cláudia Sampaio, mulher de Gurgel.
A conclusão radical é clara: "Face ao exposto e tendo-se demonstrado que
o procurador-geral da República, ora representado, omitiu-se no desempenho de
seus misteres constitucionais (…), é a presente representação para que o Senado
Federal, nos limites da sua competência constitucional, proceda à abertura do
competente procedimento de apuração das responsabilidades acima denunciadas e,
ao final, aplique ao representado as penalidades compatíveis com a omissão
legal e constitucional aqui delineada".
Recuo
No lugar da assinatura, há apenas: "Sicrano de Tal, deputado federal - PT/… ou Sicrano de Tal, senador da República - PT/…". Dois dias depois da elaboração do documento, entretanto, a CPI do Cachoeira rejeitou a convocação do procurador-geral, aprovando apenas o pedido de explicações por escrito. O clima demonstrou-se contrário aos ataques ao procurador. A ofensiva petista, ou pelo menos o braço visível dela, foi abortada.
A liderança do PT na Câmara confirma a existência do documento. O líder
Jilmar Tatto está em viagem oficial à China. O líder em exercício do PT na
Câmara, Elvino Bohn Gass (RS), justificou a elaboração do material: "Os
documentos da bancada são os assinados pelo líder. Se o assessor escreve, é um
documento qualquer e só tem valor depois que é assinado pelo líder",
tergiversa. "Não houve nenhuma orientação política a esse respeito".No lugar da assinatura, há apenas: "Sicrano de Tal, deputado federal - PT/… ou Sicrano de Tal, senador da República - PT/…". Dois dias depois da elaboração do documento, entretanto, a CPI do Cachoeira rejeitou a convocação do procurador-geral, aprovando apenas o pedido de explicações por escrito. O clima demonstrou-se contrário aos ataques ao procurador. A ofensiva petista, ou pelo menos o braço visível dela, foi abortada.
O PT e a CPI - reportagem de VEJA desta semana revela a existência de um
documento preparado por petistas para guiar as ações dos companheiros que
integram a CPI do Cachoeira. Consta do roteiro uma lista de alvos preferenciais
do PT, entre eles Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e
Roberto Gurgel, procurador-geral da República.
O guia de ação produzido pela liderança petista, ao qual VEJA teve
acesso, não deixa dúvida sobre as reais intenções do grupo mais umbilicalmente
ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os alvos são os
oposicionistas, a imprensa e membros do Judiciário que, de alguma forma,
contribuíram ou ainda podem contribuir para que o mensalão seja julgado e
passe, portanto, a existir oficialmente como um dos grandes eventos de
corrupção da história brasileira - e, sem dúvida, o maior da República.
Trecho da representação que
o PT preparou contra o procurador-geral da República
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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