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Faltou ao menos um elemento nos cálculos feitos pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para executar seu plano de interferir
diretamente nas articulações para o lançamento de candidatos a prefeito em São
Paulo e Recife: a militância do PT, que começa a enfrentá-lo.
Em diferentes pontos do Brasil, de São Paulo a Recife,
mas passando por Porto Alegre e Belo Horizonte, os petistas que fazem o dia a
dia das bases da legenda vão mostrando, cada um ao seu modo, que os ditâmes de
Lula não estão combinando em nada com o que realmente eles desejam.
Em rede nacional, a imagem de um cartaz com os dizeres
"Lula, você não manda em Recife", marcou o comício de desagravo ao
prefeito João da Costa, na quinta-feira 7, que reuniu milhares de pessoas no
aeroporto da capital pernambucana.
Com este tipo de apoio, Costa anunciou a entrada no
Diretório Nacional do partido com um protesto contra a imposição, pilotada por
Lula, da candidatura do senador Humberto Costa em lugar da sua, no Diretório
Municipal.
Em silêncio, mas na prática absolutamente alheia à
candidatura de Fernando Haddad, a militância do partido na maior cidade do País
também vai se recusando a comprar o nome imposto por Lula. Até aqui, nenhuma grande
manifestação pública a favor dele ocorreu.
Em Belo Horizonte, o quadro é de divisão total: o
partido fará no domingo 10 um encontro para escolher um candidato a
vice-prefeito, na chapa de Marcio Lacerda, do PSB, entre nada menos que sete
pré-candidatos.
Antes, a legenda já enfrentara uma primeira divisão,
ao barrar a candidatura do atual vice Roberto Carvalho ao cargo de prefeito,
por 6 votos contra 4 no Diretório Municipal. Nessa hora, Lula preferiu não se
meter.
Em Porto Alegre, a deputada Manuela D'Ávila, do PC do
B, ficou a ver navios em lugar da prometida, pelo governador Tarso Genro,
aliança com o PT. "Aqui, até o último momento, insistimos na
unidade", disse ela, que considera legítima a candidatura do petista Adão
Villaverde.
Não se viu para a capital dos pampas nenhuma mensagem
de Lula para balizar as opiniões.
Jogando com mão pesada, nos casos de Recife e São
Paulo, ou excluindo-se do processo, como acontece em Belo Horizonte e Porto
Alegre, Lula trabalha como se militância não houvesse – e, neste sentido, a
ausência de inclusão desse elemento em seus cálculos políticos não é sem
querer, mas proposital.
O que Lula está fazendo é asfaltando, a seu modo, a
aliança com o PSB do governador Eduardo Campos, hoje o maior pauteiro das ações
do PT. Em gratidão ao racha promovido em Recife, Lula antevê Campos como vice
em sua possível chapa como candidato a presidente em 2014.
O ex-presidente sempre acreditou ser, pessoalmente,
maior que a legenda do PT. Para ele, ter a militância agora contra si não faz tanta
diferença assim, uma vez que, nas suas contas, essa própria militância terá de
seu unir a seu favor em 2014, porque não haverá outra alternativa.
Infalível no passado, essa fórmula, a partir das
possíveis derrotas de Lula e seus candidatos em 2012 - mais outro 'detalhe'
chamado reeleição da presidente Dilma Roussef -, tende a ser questionada cada
vez mais fortemente.
Fonte: "Blog do Noblat"
Um comentário:
Êsse Falastrão da garganta arranhada ainda cai do cavalo, quando menos esperar.
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