Por Reinaldo Azevedo
O governo reagiu como
barata tonta ao vazamento do conteúdo da possível delação do senador Delcídio
do Amaral (PT-MS). A reação inicial foi tentar negar a existência de qualquer
acusação. Depois o tom mudou. O Planalto passou, então, a operar com um dado: a
informação existe, o vazamento é criminoso, isso não é bom para a democracia e
tal.
Leiam a nota divulgada
pela presidente Dilma:
"Todas as ações de meu
governo têm se pautado pelo compromisso com o fortalecimento das instituições
de Estado, pelo respeito aos direitos individuais, o combate à corrupção e a
defesa dos princípios que regem o Estado Democrático de Direito. Nós cumprimos
rigorosamente o que estipula a nossa Constituição.
Em meu governo, a lei é o instrumento, o respeito ao cidadão é a norma e a Constituição é, pois, o guia fundamental de nossa atuação.
Por isso, à luz de nossa lei maior defendemos o cumprimento estrito do devido processo legal. Os vazamentos apócrifos, seletivos e ilegais devem ser repudiados e ter sua origem rigorosamente apurada, já que ferem a lei, a justiça e a verdade.
Se há delação premiada homologada e devidamente autorizada, é justo e legítimo que seu teor seja do conhecimento da sociedade. No entanto, repito, é necessária a autorização do Poder Judiciário.
Repudiamos, em nome do Estado Democrático de Direito, o uso abusivo de vazamentos como arma política. Esses expedientes não contribuem para a estabilidade do País."
Em meu governo, a lei é o instrumento, o respeito ao cidadão é a norma e a Constituição é, pois, o guia fundamental de nossa atuação.
Por isso, à luz de nossa lei maior defendemos o cumprimento estrito do devido processo legal. Os vazamentos apócrifos, seletivos e ilegais devem ser repudiados e ter sua origem rigorosamente apurada, já que ferem a lei, a justiça e a verdade.
Se há delação premiada homologada e devidamente autorizada, é justo e legítimo que seu teor seja do conhecimento da sociedade. No entanto, repito, é necessária a autorização do Poder Judiciário.
Repudiamos, em nome do Estado Democrático de Direito, o uso abusivo de vazamentos como arma política. Esses expedientes não contribuem para a estabilidade do País."
Observem que a nota se
ocupa pouco, ou nada, de contestar o conteúdo ou de atacar Delcídio. O tom
mudou em relação ao destempero de José Eduardo Cardozo, agora advogado-geral da
União. Ele partiu pra cima de Delcídio, desqualificando o senador em
entrevista. Estava nervoso, apoplético, descompensado. Fofocas que circulavam
na rede o colocavam na periferia involuntária do vazamento.
Como setores amplos do
PT já não o têm em alta conta, parece que ele se viu obrigado a abusar da
veemência para passar credibilidade. No fim das contas, conseguiu apenas ser um
homem irritado.
Cardozo, afirmou que o
senador petista "não tem credibilidade" e "não tem primado por dizer a
verdade". Classificou ainda as acusações como "retaliação" e "conjunto de
mentiras". Disse ele: "Há forte possibilidade de ser retaliação, até porque
isso foi anunciado previamente. Se o governo não fizesse nada, ele retaliaria.
Independente de tudo o que foi dito, o senador Delcídio lamentavelmente não tem
credibilidade pra fazer nenhuma afirmação".
Como se nota, enquanto
alguns governistas dizem que a delação nem sequer existiu, Cardozo parte do
pressuposto de que ela existe, sim, mas que seu conteúdo é falso. Pergunta-se
mais: se Delcídio estava chantageando o governo, por que não se tornou, então,
pública tal chantagem?
Quem também admitiu a
existência da delação foi o ministro Jaques Wagner, da Casa Civil. Saiu em
defesa de Dilma e afirmou que a delação do senador não tem muita consistência,
havendo nela "muita poeira e pouca materialidade". Segundo ele, a presidente
ficou "preocupada" e "indignada". Disse ser "intolerável" e um "crime
gravíssimo" a divulgação de uma delação premiada antes dela ser homologada pela
Justiça.
Como se nota, depois do
primeiro impacto, o governo baixou a bola. Deixou de negar que o documento
exista e preferiu criticar a suposta conspiração que resultou no seu vazamento.
Fonte: http://veja.abril.com.br
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