Por Percival Puggina
Desde os tempos de Getúlio Vargas
nada produz melhor dividendo político do que rotular-se defensor dos pobres. É
um discurso que agrada pobres e ricos. Tanto isso é verdade que o PT, em seus
anos de credibilidade, enquanto distante das decisões administrativas e dos
recursos públicos, era o partido campeão de votos nos bairros mais
aristocráticos de Porto Alegre.
Lula, no
entanto, precisa dizer o contrário. Ele e seu partido, não se contentam com
propagandear o zelo pelos mais necessitados. Eles precisam, também, repetir à
exaustão que os ricos ficam contrariados com isso. Falam, Lula e os seus, como
se rico fosse idiota e não soubesse, na experiência própria e na internacional,
que nada ajuda mais a prosperidade dos ricos do que a prosperidade de todos. É
mais riqueza gerada, mais PIB, mais mercado, mais consumo, maior competitividade.
Pobreza é atraso e culto à pobreza deveria ser catalogado como conduta
antissocial.
A sedução
produzida pelo discurso em favor dos pobres se abastece das próprias palavras.
Fala-se no Brasil de uma estranha ascensão social em que o número de dependentes
do socorro direto do governo aumenta indefinidamente através das décadas. O
bolsa-família é um campo de concentração de ingresso voluntário, onde quem
entra não sai nem que a vaca tussa. E o seguro-desemprego tornou-se o amigo
número um da rotatividade no emprego, desestimulando a permanência no trabalho
remunerado. Enquanto isso, o sistema educacional das classes favorecidas no
discurso e desfavorecidas nas ações de governo continua reproduzindo a miséria
nas salas de aula que o Brasil destina às suas populações carentes.
Enquanto
isso, em dez anos de governo dos que supostamente privilegiam a pobreza, o
número de bilionários brasileiros pulou de seis para 63, regredindo para 54 com
as marolinhas do ano passado. Nenhum crescimento semelhante ocorreu, no mundo,
durante esse período. E aí, amigos, dêem-se vivas não a um desenvolvimento
harmônico da sociedade, mas ao BNDES e seus juros de pai para filho,
subsidiados com o suor do nosso rosto. De 2009 para cá, o banco passou a
esguichar dinheiro grosso para a zelite das empresas nacionais. Só do Tesouro
Nacional, R$ 360 bilhões foram repassados ao banco para acelerar o
desenvolvimento de empresas amigas do governo, muitas das quais com
credibilidade semelhante à do próprio governo. Não vou falar dos financiamentos
negociados através do itinerante ex-presidente Lula em suas agendas comerciais
com ditadores latino-americanos e africanos, porque essa é uma outra história.
Bilhões
foram pelo ralo das análises mal feitas e dos negócios mal explicados. Há um
clamor nacional pela CPI do BNDES. O governo que diz zelar pelos pobres (mas
que precisa deles em sua pobreza) destinou muito mais recursos aos bilionários
(porque precisa deles em sua riqueza). Afinal, ninguém tira centenas de milhões
de reais do próprio bolso para custear campanhas eleitorais. Esse é o tipo de
coisa que só se faz com o dinheiro alheio, vale dizer, com o nosso próprio
dinheiro, devidamente levado pelo fisco e, depois, lavado pelo governo nas
lavanderias dos negócios públicos.
Fonte: "Mídia Sem Máscara"
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