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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

"Antissionismo é antissemitismo"

Claudio Lottenberg
Comentário de Julio Severo: Sou contra o antissionismo e o antissemitismo. Por isso, estou postando este artigo, escrito por Claudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil. Minha única discordância é com a ideia dele de que a terra de Israel, conforme prometida e dada por Deus aos descendentes de Abraão, deve ser dividida entre judeus e árabes palestinos: "Dois Estados para dois povos." Isso é um equívoco suicida. A terra de Israel é só para Israel, conforme aponta o artigo do WorldNetDaily "Não dá para se alcançar a paz no Oriente Médio do jeito que os EUA querem." Excetuando esse equívoco, o artigo Lottenberg é instrutivo. Eis o texto dele:
Após o Holocausto, o antigo antissemitismo foi substituído pelo antissionismo. A máscara é nova, mas a alma horrenda é velha conhecida
O debate sobre o Oriente Médio parece atualmente querer regredir ao pré-1947, quando a ONU decidiu dividir a Palestina em dois países, um árabe e um judeu. Aqui e ali, volta-se a negar o direito à autodeterminação nacional do povo judeu em sua terra ancestral.
A tentativa de demonização do sionismo é apenas isto: a negação do direito de um povo à autodeterminação. Nenhum outro movimento nacional sofreu ou sofre essa campanha contrária avassaladora.
É moda dizer que o sionismo e Israel são entidades coloniais. Nem como piada serve. Os falsificadores da história precisariam explicar por que a URSS votou na ONU em 1947 a favor de um "empreendimento colonial". Votação em que o maior colonizador da época, o Reino Unido, absteve-se. Aliás, a URSS foi o primeiro país a reconhecer Israel.
Nós mesmos somos cidadãos de um país cuja independência foi apoiada pelo Império Britânico. E daí? E daí nada. É comum que nações em busca da autodeterminação explorem as contradições intercolonialistas e interimperialistas.
A divisão de um país em dois aconteceu também em outra descolonização, na mesma época da partilha da Palestina, na joia da coroa britânica, quando Índia e Paquistão viraram dois países. E o critério para a delimitação também foi étnico-demográfico. Incluindo transferências de populações - que hoje viraram sinônimo de limpeza étnica.
O direito à separação de povos e nacionalidades que não desejam viver juntos foi também assegurado, mais recentemente, no desmembramento da ex-Iugoslávia e na extinção da Tchecoslováquia.
Os argumentos deslegitimadores do sionismo mal disfarçam o preconceito e a discriminação.
Guerras têm vencedores e perdedores. O final da Segunda Guerra Mundial assistiu a dramáticos e trágicos deslocamentos populacionais, consequências de realidades produzidas no campo de batalha.
Um caso bastante conhecido é o palestino. Infelizmente, até hoje os palestinos pagam a dívida que seus líderes de então contraíram, ao aliarem-se à Alemanha nazista. Países árabes também invadiram o nascente Estado judeu logo após sua independência, em 1948.
Outro argumento contra o sionismo é que os judeus não seriam um povo, mas apenas uma religião.
Cada nação deve definir sua identidade. Se judeus definem-se por uma religião (o judaísmo), uma língua (o hebraico) e uma terra (Israel), ninguém tem nada a ver com isso.
Imagine-se o escândalo se Israel mudasse de nome, para "Estado Judeu de Israel". Mas não ouvimos reclamações contra, por exemplo, o "Islâmica" em "República Islâmica do Irã" ou "Árabe" em República Árabe do Egito.
O sionismo foi e é apenas isto: a expressão moderna da autodeterminação nacional judaica. E Israel surgiu na descolonização no pós-guerra, beneficiado pelas alianças corretas na vitória sobre o nazismo. Essa é a verdade histórica.
O único caminho para a paz é o reconhecimento das realidades históricas e a divisão em dois países por critérios demográficos. Dois Estados para dois povos.
O antigo antissemitismo saiu de moda após o mundo ter descoberto o Holocausto. Foi substituído por uma nova forma de discriminação: o antissionismo. A máscara é nova, mas a alma horrenda é velha conhecida. Uma verdadeira aberração.
Claudio Lottenberg é presidente da Confederação Israelita do Brasil

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