Por Hugo Navarro Silva
Os serviços que o atual sistema de
transporte coletivo vem prestando à população desta cidade aos poucos se
transformam, em doces mas eficientes instrumentos da oposição na tentativa de
minar o prestígio de que desfruta, junto às classes populares, o prefeito José
Ronaldo de Carvalho. As dificuldades encontradas pelas empresas dos coletivos à
testa das quais está o congelamento das tarifas em choque com a elevação
dos preços das utilidades unida à inflação que tudo vai
devorando, dificultam as possibilidades de modernização da frota e da melhoria
do serviço, essencial à vida da cidade, dando lugar a ocorrências dignas
de manchetes como incêndios, sujeira e falta de manutenção de ônibus,
que quase todo dia estão a testar a paciência do povo, dando armas
e munição aos oposicionistas, que se aproveitam das falhas para acirrar o
descontentamento e a quase sempre justa irritação popular.
Tão grave se tem mostrado o problema,
que setores da oposição ultimamente trataram de mimá-lo, explorando-o ao
extremo, usando-o como aríete ou bomba Molotov contra as portas da Prefeitura
visando às futuras eleições municipais, para cuja disputa já têm nome na praça,
pelo menos para o cargo de prefeito segundo festejado blog desta cidade, agindo
de forma parecida com a do personagem de Emílio de Menezes, que atravancando
porta de ministério: não entrava e não deixava entrar. Aqui, sem poder entrar,
dificulta-se a vida de quem conseguiu, sem medir meios e consequências.
O prefeito Ronaldo, entretanto, não é
precipitado ou neurótico, mas refletido estrategista. Político bem informado,
pavimentou, desde cedo, no programa de governo que ofereceu à população,ainda
na campanha eleitoral, o seu desejo de adotar o sistema BRT como única
solução possível para os atuais problemas de mobilidade urbana
desta cidade.
O sistema BRT (bus rapid transit)
funciona em várias cidades no mundo, inclusive do Brasil, com aceitação geral
do povo. O anúncio da data em que seria publicado o edital da
concorrência pública para o início das obras, levou os atravancadores ao
desespero, ameaçados de perder a única arma com que contavam para futura
campanha política pela conquista do executivo municipal. Estado agudo de
aflição assaltou determinados setores da oposição, que resolveram lançar mão de
todos os recursos e expedientes do partidão, que anda por aí, disfarçado, mas
facilmente reconhecível, como acontecia a Nero, quando caminhava nas ruas de
Roma disfarçado de escravo. O fato é que tudo tem sido tentado para
inviabilizar o BRT. A tarefa, entretanto, apesar da facilidade com que certas
pessoas acreditam em boatos, mentiras e lendas, se tem mostrado mais difícil do
que a de patrocinar invasões de reitorias e de promover passeatas de estudantes
secundaristas para quebrar vidraças da Câmara Municipal. A campanha contra o
BRT mostra-se, apesar de tudo, extremamente virulenta e audaciosa inclusive na
tentativa de envolver órgãos públicos que aos olhos do povo ainda se
mantêm respeitáveis.
Segundo a propaganda
esquerdista, árvores da Av. Getúlio Vargas e imóveis, que nunca mereceram
muitos cuidados e atenções vão desaparecer tragados pelo BRT,
mostrado, por seus adversários, como monstro devorador de filme de ficção
científica. A cidade, entretanto, não pode deixar de ter serviço de transporte
moderno e eficiente, sob pena de regredir, perder
vitalidade e voltar ao atraso e restrições de passado não muito distante.
Feira não se pode arriscar a
perder a posição de liderança que conquistou no conjunto dos municípios
brasileiros para satisfazer interesses de atravancadores.
Fonte: "Folha do Norte", edição de sexta-feira, 5
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