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sábado, 16 de março de 2013

Crentes, hereges e mentirosos

Por Hugo Navarro
Enquanto boa parte do mundo mantinha a atenção fixa na fumaça da chaminé instalada às pressas na Capela Sixistina para a eleição do novo Papa, e as vísceras da Igreja eram expostas de forma até certo ponto escandalosa, a sugerir reformas em organismo de mais de dois mil anos de silêncios, segredos e mistérios, apesar das tentativas de aproximá-lo do povo, sem muito êxito, supomos, diante do ataque e do crescimento de crenças que vão transformando o nome de Jesus Cristo na maior marca comercial do mundo, superior a da Coca-Cola, a produzir bilionários dignos de registro na revista "Forbes", o mundo continua imbicacando para mudanças que ninguém pode saber para aonde estão levando a humanidade, com descrentes em crescimento, de um lado, e crentes radicais de outro, dispostos a comprar as graças divinas a qualquer preço, do que se valem sabidórios, que folgam saber que o melhor negócio deste mundo é vender o que não podem entregar.
Antes, as coisas eram mais discretas. Muito judeu, foragido da Inquisição, na Europa chegava ao Brasil com ouro, prata e pedras preciosas costuradas no forro da roupa, passava a frequentar missa e montava negócio com o nome de santo, embora, às escondidas guardasse o sabá e praticasse outros ritos de sua religião primitiva. Eram os cristãos-novos, donos não poucas as casas comerciais com o nome de santo, com o que buscavam fugir da condenação e das fogueiras da fé, sem risco de perder lote no paraíso.
O problema assume proporções de risco para a humanidade quando grupos radicais religiosos renunciam aos progressos de mundo e se recolhem em comunidades sem escolas, telefone, eletricidade, rádio e televisão, vivendo à imitação de povos bíblicos e outros insistem em reviver guerras entre cristãos e muçulmanos, que andaram a sacudir e a encher de sangue o Oriente Médio e a própria península Ibérica de que herdamos tradições, língua, crenças, hábitos e religião.
Evidente que tal situação se complica e ameaça não mais a vida de cavaleiros de armadura, lança e espada e muros de pedra de fortalezas ou templos como os de Jerusalém, onde Cruzados teriam descoberto segredos que fizeram a fortuna de uns e a desgraça de outros, mas a existência do próprio Planeta, se é verdade que radicais islâmicos estão na posse dos segredos da bomba atômica, que podem pulverizar todo o trabalho da Criação e os enganos que a humanidade vem criando.
Um deles, na política, é o do PT a respeito das privatizações, principal bandeira de luta daquele partido para atacar o governo de Fernando Henrique Cardoso, não apenas para seguir as linhas ideológicas da esquerda, que desde seus fundadores moscovitas defendem a existência de Estado todo poderoso, mandando e desmandando, controlado por um só partido e, se possível, por uma só pessoa, ou como simples bandeira de luta, principalmente na falta de outra que pudesse resultar eficaz.
No império do PT apareceu a terceirização. Quando resolve entregar serviço publico à área privada, não privatiza, terceiriza, o que é maneira quase hábil de engabelar os trouxas. Mas, a arte petista do engano e do engabelamento assumiu aspectos de genialidade quando o governo da nossa velha Bahia, para tentar resolver os crônicos problemas do Hospital Clériston Andrade, foi buscar, nos mais recônditos escaninhos das novidades da língua pátria e dos métodos de governo o verbo publicizar, que não está registrado nos dicionários mais conhecidos. Assim, não pretende, aos olhos do povo, privatizar os serviços do HGCA, mas publicizá-los, expressão que transmite a ideia de que o hospital continua publico, quando na verdade entrega-o a organização privada, com o que o governo não confessa contradição e fracasso mas tenta enganar o povo mais uma vez.
Artigo publicado na sexta-feira, 15, no jornal "Folha do Norte"

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