Por Reinaldo Azevedo
O programa Observatório da Imprensa
fez um debate sobre a CPI do Cachoeira e a atuação do jornalismo. Maurício
Azêdo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa, falou sobre a
iniciativa daqueles que querem convocar Policarpo Júnior, da VEJA, para depor.
Para ele, trata-se de uma ação para intimidar jornalistas e veículos de
comunicação. Transcrevo, em azul, trecho do site do Observatório. Volto depois:
(…)
"Os jornalistas teriam que ser muito cautelosos, e até recuar na sua atividade profissional, para não se expor ao vexame que seria comparecer a uma CPI. Isso é muito grave e tem o conteúdo de vendetta (vingança). É uma diminuição dos altos propósitos que deve ter uma Comissão Parlamentar de Inquérito; é colocar um instrumento de investigação parlamentar a serviço de interesses pessoais de deputados e senadores e de todos aqueles que queiram fazer um ajuste de contas com os jornalistas e com os seus veículos".
(…)
"Os jornalistas teriam que ser muito cautelosos, e até recuar na sua atividade profissional, para não se expor ao vexame que seria comparecer a uma CPI. Isso é muito grave e tem o conteúdo de vendetta (vingança). É uma diminuição dos altos propósitos que deve ter uma Comissão Parlamentar de Inquérito; é colocar um instrumento de investigação parlamentar a serviço de interesses pessoais de deputados e senadores e de todos aqueles que queiram fazer um ajuste de contas com os jornalistas e com os seus veículos".
O presidente da ABI ressaltou que a postura
da entidade não é de corporativismo e visa proteger os jornalistas. "Os
jornalistas não podem ser submetidos ao risco de ser escalpelados pelos
políticos que têm, inclusive, o poder de falar, de ir à tribuna, de fazer
denúncias, enquanto os jornalistas teriam um papel absolutamente passivo. Só
teriam duas alternativas. Ou responder ou calar, e com isso se prestar a ser
incriminado como pessoa que sonegou informações à CPI. Na verdade, chamar
jornalistas a depor é uma advertência ao conjunto dos profissionais e aos meios
de comunicação: 'Vocês tomem cuidado porque podem ser chamados a sentar no
banco dos réus'", afirmou Azêdo.
A ABI também repudiou a promiscuidade que
se instala no exercício da atividade profissional, onde não se distingue com
clareza "quem é mocinho e quem é bandido". Azêdo destacou que há muitos jornalistas
que estão utilizando métodos criminosos para obter a informação.
Voltei
Endosso cada palavra de Azêdo - e duvido que as pessoas decentes e de bom senso não façam o mesmo. O Observatório reuniu vários profissionais de imprensa para debater o que chamou de "jornalismo fiteiro" - que se apega só a fitas. De fato, se o conteúdo de fitas, com autorização legal ou não, vira a base única de reportagens, sem qualquer outra apuração, o expediente é condenável. Afinal, pode induzir a erro.
Endosso cada palavra de Azêdo - e duvido que as pessoas decentes e de bom senso não façam o mesmo. O Observatório reuniu vários profissionais de imprensa para debater o que chamou de "jornalismo fiteiro" - que se apega só a fitas. De fato, se o conteúdo de fitas, com autorização legal ou não, vira a base única de reportagens, sem qualquer outra apuração, o expediente é condenável. Afinal, pode induzir a erro.
"Jornalismo fiteiro" - ou melhor:
"subjornalismo fiteiro" - é o que certa vagabundagem tentou usar contra a VEJA.
Sem que se soubesse nem sequer o conteúdo dos grampos da PF, saíram a espalhar
mentiras e leviandades. Tudo conhecido, revelou-se a fraude das acusações, e
ficou evidente o que aponta Azedo: a tentativa de intimidação.
Noto, partindo para o encerramento, que só
agora, quando o PT é poder, é que surge o debate sobre o que eu chamaria
"qualidade moral da fonte original". Quando os tucanos estavam no Planalto,
essa conversa não existia, e mesmo fitas clandestinas serviam de base para
reportagens, não é? E ninguém tentava levar jornalista para a CPI.
Essa história produz é muita espuma e
pouca substância. Quem quiser saber como se comporta o "jornalismo
não-fiteiro", que apura reportagens, pode ler o depoimento que
Policarpo Júnior prestou à Comissão de Ética da Câmara em 2005. A divulgação de
gravações em que um deputado federal - André Luiz - tentava extorquir um
contraventor resultou na cassação do parlamentar. O jornalista cercou-se de
todos os cuidados e só publicou a reportagem quando não havia a menor dúvida
sobre o que estava acontecendo.
No fim das contas, desde que o jornalista
não tenha ajudado a produzir provas e a criar a notícia e desde que a
informação que lhe tenha chegado às mãos seja de interesse público, só resta
uma coisa a fazer: divulgá-la, depois de devidamente apurada.
Jornalista, tomados os devidos cuidados -
e já falamos muitas vezes quais são eles -, não é censor nem de fonte nem dos
fatos. Moralmente condenável é não divulgar a informação.
De resto, caros leitores, o jornalismo
brasileiro que se leva a sério costuma ser bastante cuidadoso. Sim, sabemos
muito mais do que publicamos. Mas nem sempre há as provas. Sem elas, nada
feito! Com a esgotosfera, é diferente: as provas costumam atrapalhar o seu
trabalho criminoso. A palavra do presidente da ABI vem em boa hora. Pergunto-me
é a razão do silêncio de outras entidades que representam jornalistas, a
começar da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraj). Algum de
seus diretores teria atuado ou atua de modo diferente? Têm prestado serviços
relevantes ao país falando apenas com as carmelitas descalças?
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Um comentário:
Não fôsse a imprensa, principalmente a que os petralhas chamam, erradamente, de PIG, os brasileiros estariam ferrados de verde e amarelo, desde 2003.
Que o povo acorde e perceba aonde essa canalha quer chegar!
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