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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Reflexão sobre a greve dos professores

Por Evando de Oliveira

Lendo uma postagem de uma colega a respeito da indiferença da sociedade frente à greve dos professores do Estaso da Bahia, fiquei incomodado com essa apatia da população, do Ministério Público, das igrejas, da CNBB, dos artistas baianos, da mídia, ao mesmo tempo preocupado com os desígnios da educação neste Estado.
Não faz muito tempo que a sociedade baiana viveu momentos de apreensão e insegurança com a greve dos policiais militares. É fato que todos nos desejávamos que essa manifestação tivesse logo um desfecho tranquilo e que esses profissionais retornassem aos seus postos com as suas reinvindicacões atendidas. Todavia, fora preciso que o trânsito parasse, que lojas e supermercados fossem saqueados, que a força de segurança nacional fosse acionada; que o número de homicidio aumentasse e que ameaçasse o Carnaval dos empresários, dos blocos, da rede de hotelaria, dos turistas, da Rede Globo, da Band, do Chiclete, da Ivete...
E a greve dos professores ameaça a quem mesmo? A Lei de Responsabilidade Fiscal? As eleições municipais ou ao ano letivo dos alunos? Parece-me que este último não tem grande força em comparação ao Carnaval, haja vista à posição arbitrária e atroz desse governo ao cortar direitos e salários de um classe tão massacrada, mas fundamental para o progresso de uma nação.
Quem realmente está se importando com a educação neste Estado? Aonde estão os movimentos estudantis, os pais dos alunos, as igrejas, a oposição, as forças sindicais, os magistrados e promotores, a mídia, as redes socias( os "facebookeiros"), que não abraçam essa causa? Será que essa nossa luta não é justa? É insano um aumento de 22,22% comparado aos 61,8% que os próprios deputados se presentearam na véspera do Natal (23/12/2010). Esse aumento estava no orçamento do ano subseqüente (2011)?
À propósito, quanto custa um deputado estadual somando-se salário mais verba indenizatória mais verba de gabinete? Cada deputado estadual baiano custa aos cofres públicos cerca de R$ 114 mil por mês (existe carga horária? há assiduidade? comparecem às sessões regularmente?) e todos juntos significam mais de R$ 87 milhões ao ano. O valor do orçamento da Assembleia Legislativa previsto para 2012 é de R$ 351 milhões.
O que significa esse valor frente a um salário de um professor licenciado de 40 horas, padrão P e grau I, que recebe seus "milagrosos" R$ 1.659,94? (tabela maio 2012).
Além do mais, quanto é repassado do Fundeb e gasto com o a folha de pagamento de professores? Quanto custam as propagandas do governo em horário nobre de televisão e nos mais diversos meios de comunicação? Por quê não se tornam públicas as informações sobre a execução orçamentária e financeiras da Assembleia Legislativa? Por que essa blindagem toda com as contas públicas? Por quê as contas da Assembleia Legislativa da Bahia não são julgadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) há mais de cinco anos? Por quê...?
Se com a greve dos policiais não houve urgência em resolvê-la mesmo com os holofotes da mídia e repercussão em todo o mundo, cobrando uma ação eficaz do governo, que atitude se esperar desse governo em face à greve de professores de escola pública? (invibializar o ano letivo? pressionar os professores não pagando os salários...?). A sociedade cobrou uma solução urgente para a greve dos PMs por achar que eles merecessem um salário digno ou por que as suas vidas e o seus patrimônios estavam correndo riscos?
E os nossos alunos que riscos causam à sociedade? Que prejuízo causam aos cofres públicos? O que significa o aluno na sala de aula para o governo senão números e cifras? À propósito, como anda o Ideb da Bahia?
Ora, se a nossa greve não repercute, de imediato, na economia, na segurança, na bolsa de valores..., infalivelmente trará sérias consequências, no futuro, para toda a sociedade. Crianças e jovens sem aula hoje é caminho para drogas amanhã, para a violência, para o fracasso profissional...
Educação sem qualidade, sem ambiente adequado, sem valorização e respeito para com o PROFESSOR, isso sim é um dos maiores crimes que se pode cometer, pois não só se perdem vidas, mas sobretudo perde-se o direito de APRENDER E CRESCER COMO UM VERDADEIRO CIDADÃO."
"...Enquanto os homens
Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais..."
(Caetano Veloso)
* Evando de Oliveira é professor da Rede Estadual de Educação
Riachão do Jacuípe-BA






Um comentário:

Mariana disse...

A educação agoniza no Brasil, mas também a vergonha na cara. Desde a 9 anos que não se privilegia mais a educação e o futuro das crianças e dos jovens deste país. A ignorância e a burrice do povão são os meios que essa turma governista descobriu prá se manterem no poder, através da enganação com aquêles que não conseguem alcançar a verdade. Por esta razão, muitos dêsse povo "sacrificado" nem dá tanto valor assim às greves dos mestres.