Por Ricardo Noblat
Como o bicheiro Carlinhos Cachoeira
não falou? Que história é essa de que nada disse apesar de ter sido provocado
por mais de 50 perguntas?
O silêncio de Cachoeira na CPI que
carrega seu nome foi contundente, detalhado e satisfez parlamentares de todos
os partidos.
O que eles mais temiam?
Que Cachoeira, um bicheiro que
prefere ser tratado como empresário da área de jogos, arquivasse suas boas
maneiras e sob o efeito de mais de 60 dias de cadeia cometesse indiscrições.
Não muitas, mas o suficiente para aumentar a aflição dos aflitos.
O temor tinha cabimento.
Jamais Cachoeira, por exemplo, daria
uma de Roberto Jefferson, o homem que deflagrou o escândalo do mensalão. Muito
menos se seu advogado atende pelo nome de Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da
Justiça do governo Lula.
Mas ele guarda munição suficiente
para causar danos a reputações. E se decidisse usá-la em legítima defesa? E se
atirasse em todas as direções?
Não fez isso.
A empreiteira Delta, dona de obras em
23 dos 27 Estados brasileiros, tem um histórico de doações de dinheiro a
partidos e a políticos em vésperas de eleições.
Cachoeira é sócio oculto da Delta.
Ao se negar a responder a perguntas,
Cachoeira disse - sem perder a elegância:
"Excelentíssimos
senadores e deputados. Preferia estar entre os senhores em outras condições.
Meu respeito por esta Casa é incondicional e não tem limites. Dos Poderes que
constituem a República, este sem dúvida, é o mais transparante. E talvez por
isso o mais atacado e incompreendido.
Quero
tranquilizá-los. Estamos juntos e do mesmo lado. Sou devoto da racionalidade e
da lógica. Não deixei de ser nem nos momentos mais incômodos e cruéis do
período que atravesso. Estou em paz com a minha consciência. Não tenho razão
para perturbar a paz de ninguém.
Aprendi muito
cedo que a amizade é o bem mais precioso que podemos acumular. E que o homem
rico é aquele que soube montar uma rede extensa e variada de relacionamentos.
Sou fiel aos
amigos. Se eles estão bem, estou bem. Se estão mal, bem não posso estar. Meus
amigos estão em toda parte. Não distingo entre os que pensam de uma forma ou de
outra.
Ajudo aqueles que
enfrentam eventuais dificuldades. Porque sei que eles não me faltarão se um dia
precisar de sua ajuda.
Minha moeda da
sorte é a confiança. Ela está na base da fortuna que construí. Se um dia se
extraviasse, tudo ruiria. Não tenho mais idade para jogar fora o que conquistei
e recomeçar. Acima de tudo: não tenho motivos para isso."
E mais não disse por ser
desnecessário.
Quem muito sabe vale pelo que não
conta. Se contar perde seu valor.
PC Farias, ex-tesoureiro da campanha
presidencial de Fernando Collor, sabia muito. Acabou enterrado junto com seus
segredos.
Marcos Valério, um dos cérebros do
mensalão, sabe o bastante para remeter à prisão algumas das estrelas mais
reluzentes do PT. O que ganharia se falasse? Calado, conseguiu sobreviver.
Silêncio é ouro. Palavra quase sempre
é sinônimo de problema.
Fonte: "Blog do Noblat"
Um comentário:
Dimas, ainda não entendi de verdade, no que a criatura aí, Cachoeira, é mais perigoso que tantos bandidos à solta, em Brasília. Prender, isolar ou sei lá o que, em relação à Cachoeira, vai melhorar o que, no país? Êle quer legalizar seu jôgo e paga aos corruptos(êsses, sim, merecem castigo)prá tentar fazê-lo.
Nunca fui a um bingo e não jogo em nada, nem as tais raspadinhas e muito menos gosto da atividade de Cachoeira, mas êle decidiu sòzinho, ser contraventor e não foi eleito por ninguém. Os nossos eleitos, os que nos representam no congresso, é que deveriam ser massacrados por saírem da linha. Cachoeira fica preso e os nossos políticos permanecem soltos, sendo reeleitos e ficando ricos com suas atuações criminosas. O povo carioca que o diga!
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