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quinta-feira, 24 de maio de 2012

"Cachoeira falou. E muito"

Por Ricardo Noblat
Como o bicheiro Carlinhos Cachoeira não falou? Que história é essa de que nada disse apesar de ter sido provocado por mais de 50 perguntas?
O silêncio de Cachoeira na CPI que carrega seu nome foi contundente, detalhado e satisfez parlamentares de todos os partidos.
O que eles mais temiam?
Que Cachoeira, um bicheiro que prefere ser tratado como empresário da área de jogos, arquivasse suas boas maneiras e sob o efeito de mais de 60 dias de cadeia cometesse indiscrições. Não muitas, mas o suficiente para aumentar a aflição dos aflitos.
O temor tinha cabimento.
Jamais Cachoeira, por exemplo, daria uma de Roberto Jefferson, o homem que deflagrou o escândalo do mensalão. Muito menos se seu advogado atende pelo nome de Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça do governo Lula.
Mas ele guarda munição suficiente para causar danos a reputações. E se decidisse usá-la em legítima defesa? E se atirasse em todas as direções?
Não fez isso.
A empreiteira Delta, dona de obras em 23 dos 27 Estados brasileiros, tem um histórico de doações de dinheiro a partidos e a políticos em vésperas de eleições.
Cachoeira é sócio oculto da Delta.
Ao se negar a responder a perguntas, Cachoeira disse - sem perder a elegância:
"Excelentíssimos senadores e deputados. Preferia estar entre os senhores em outras condições. Meu respeito por esta Casa é incondicional e não tem limites. Dos Poderes que constituem a República, este sem dúvida, é o mais transparante. E talvez por isso o mais atacado e incompreendido.
Quero tranquilizá-los. Estamos juntos e do mesmo lado. Sou devoto da racionalidade e da lógica. Não deixei de ser nem nos momentos mais incômodos e cruéis do período que atravesso. Estou em paz com a minha consciência. Não tenho razão para perturbar a paz de ninguém.
Aprendi muito cedo que a amizade é o bem mais precioso que podemos acumular. E que o homem rico é aquele que soube montar uma rede extensa e variada de relacionamentos.
Sou fiel aos amigos. Se eles estão bem, estou bem. Se estão mal, bem não posso estar. Meus amigos estão em toda parte. Não distingo entre os que pensam de uma forma ou de outra.
Ajudo aqueles que enfrentam eventuais dificuldades. Porque sei que eles não me faltarão se um dia precisar de sua ajuda.
Minha moeda da sorte é a confiança. Ela está na base da fortuna que construí. Se um dia se extraviasse, tudo ruiria. Não tenho mais idade para jogar fora o que conquistei e recomeçar. Acima de tudo: não tenho motivos para isso."
E mais não disse por ser desnecessário.
Quem muito sabe vale pelo que não conta. Se contar perde seu valor.
PC Farias, ex-tesoureiro da campanha presidencial de Fernando Collor, sabia muito. Acabou enterrado junto com seus segredos.
Marcos Valério, um dos cérebros do mensalão, sabe o bastante para remeter à prisão algumas das estrelas mais reluzentes do PT. O que ganharia se falasse? Calado, conseguiu sobreviver.
Silêncio é ouro. Palavra quase sempre é sinônimo de problema.
Fonte: "Blog do Noblat"

Um comentário:

Mariana disse...

Dimas, ainda não entendi de verdade, no que a criatura aí, Cachoeira, é mais perigoso que tantos bandidos à solta, em Brasília. Prender, isolar ou sei lá o que, em relação à Cachoeira, vai melhorar o que, no país? Êle quer legalizar seu jôgo e paga aos corruptos(êsses, sim, merecem castigo)prá tentar fazê-lo.
Nunca fui a um bingo e não jogo em nada, nem as tais raspadinhas e muito menos gosto da atividade de Cachoeira, mas êle decidiu sòzinho, ser contraventor e não foi eleito por ninguém. Os nossos eleitos, os que nos representam no congresso, é que deveriam ser massacrados por saírem da linha. Cachoeira fica preso e os nossos políticos permanecem soltos, sendo reeleitos e ficando ricos com suas atuações criminosas. O povo carioca que o diga!