Por Dora Kramer
Enfim, o mar não está para peixe como já esteve.
José Dirceu exorta o partido a dobrar a aposta:
concentrar-se na luta eleitoral e vencer em São Paulo. Ou seja, a lógica de
sempre, o "vamos que vamos" que deu no que deu.
Tal visão menospreza a essência do que se passa:
sim, o PT ganha a Prefeitura de São Paulo, mas de que isso serve para a
reconstrução da confiabilidade do partido?
Vários políticos foram reeleitos depois de
envolvidos em escândalos e, no entanto, voltaram sem o prestígio de antes.
Muitos o perderam para sempre. Outros vêm perdendo gradativamente.
Dirceu terá dificuldade, para dizer o mínimo, de
manter a influência no PT devido à contingência de precisar sair por algum
tempo de circulação.
A despeito da presumível romaria de jornalistas
que continuarão a procurá-lo para dar opinião, a cadeia, convenhamos, não é o
espaço mais confortável para o exercício de liderança partidária.
José Dirceu pode até fazer barulho para tentar
motivar a militância. Mas não pode fugir do fato de que é um homem vencido.
Desmentido. O Supremo não demorou dois meses para contrariar as
expectativde descrença na eficácia da Justiça.
Pesquisa do Datafolha de agosto indicava que 73%
das pessoas achavam que os crimes deveriam resultar em castigo.
Apenas 11% acreditavam que os réus seriam punidos,
37% apostavam em condenações sem prisões e 43% cravaram a alternativa da
absolvição.
Fonte: "O Estado de S. Paulo"
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