O problema não pode ser de quem já prendeu o mesmo criminoso dez vezes, e sim de quem já soltou o bandido uma dezena de vezes, ou, no máximo, da péssima lei que permite que isto ocorra
Quintino Gomes Freire
Uma onda de crimes, que tudo indica passageira, vem ocorrendo em Copacabana neste início de temporada turística. Ela acabou tomando uma cara, a do senhor Marcelo Rubim Benchimol, de 67 anos, que foi atacado por um grupo de assaltantes que o deixou no chão desacordado, na calçada da Nossa Senhora de Copacabana, próximo à Constante Ramos: ponto mais que nobre do bairro praiano. Situação similar ao idoso também espancado, mas por uma milícia mirim conhecida no Centro do Rio, que todo mundo sabe onde fica e até de onde vem. Como sempre, há quem defenda que nada se faça contra eles, os pobres coitados “vítimas de uma sociedade”. Mas, convenhamos, o governo Fernando Henrique era, na Educação e na Assistência Social, de esquerda, ou progressista como alguns preferem, até por toda sua história de luta contra os governos militares, e depois foram 14 anos de governo PT, 20 anos então se vão, e estas vítimas continuam fazendo suas vítimas. Claro, são psicopatas, facínoras.
70% dos presos em 2023 são reincidentes
Deixa-me sair deste debate e ir para o caso concreto do que acontece atualmente em Copacabana: apenas o Segurança Presente, não levando em conta a Polícia Militar ou Civil, efetuou 70 prisões e apreensões de pessoas por crime de furto ou roubo de 1º de janeiro a 30 de junho de 2023. Deste total, 48 eram adultos que já tinham passagem pela polícia, enquanto nove eram adolescentes reincidentes, portanto, 68,6% de reincidência.
Veja, de cada 10 presos, SETE já tinham passagem pela polícia e não deveriam estar nas ruas e sim afastados da sociedade. A cadeia é feia, suja e cheia, realmente, mas sempre há a opção de não cometer crimes. Verdade, pode-se aplicar a teoria do viés da sobrevivência, que fala que os bandidos que são presos sempre são aqueles menos capazes de fugir da polícia, os mais eficientes. Ainda que apliquemos esse darwinismo criminal tresloucado, que se crie bandidos mais espertos, ainda assim temos um problema enraizado na cultura consumista do brasileiro, na falta de educação e mais que tudo, no desvio de caráter desses bandidos.
Não culpem a PM, ela já fez sua parte
Do que adianta chamar o Comandante da PM? Não há homens ou orçamento possível para cobrir cada esquina da cidade, especialmente quando se sabe que de dez bandidos que serão presos, sete já passaram pelas mãos deles. Nada causa mais dano à produtividade de qualquer trabalhador que saber que de nada adianta fazer seu trabalho bem-feito, e esse é o caso. Nem vamos entrar aqui nas estatísticas dos sarqueamentos de cracudos e mendigos feitos pelo Governo do Estado que noticiamos quase toda semana aqui no DIÁRIO: são frequentes os casos de revistas feitas em dezenas de mendigos, com todos eles tendo anotações policiais. A Superintendência da Zona Sul tem os dados.
A sociedade está se cansando
Em um momento que a sociedade percebe que nada está sendo feito, ela se cansa, ou se muda ou toma suas próprias decisões. Inclusive, nervosa e acuada, a sociedade às vezes toma decisões malucas. Seria inteligente agir para que não ocorram. Uns não saem de casa, outros contratam segurança particular e há aqueles que pensam que podem resolver com as próprias mãos. E como criticar os frequentadores de academias de jiu-jítsu que estão se mobilizando para enfrentar os bandidos? Bandido tem que apanhar de alguém, na cabeça do povo. Melhor que fosse da Polícia para que haja algum tipo de controle. Em que pese as bobagens que a esquerda pinta neste sentido, nem mesmo o grosso de seus eleitores têm pena de criminoso violento. Pode ocorrer escalada da violência, claro, mas Benjamin Franklin diria que “O momento exige que os homens de bem tenham a audácia dos canalhas”. Talvez este seja o caso.
O deputado estadual Filippe Poubbel, inclusive, propôs homenagear na Alerj as academias que agirem contra as várias gangues criminosas que esfaqueiam, matam e espancam inocentes todos os dias. “A polícia está de mãos atadas porque a lei não pune os bandidos mirins. Eu vou propor a Medalha Tiradentes para essas academias que estão empenhadas em defender os cidadãos de bem”. Quem sabe neste momento haja um grande despertar de quem ainda defende estes criminosos e o Rio de Janeiro possa voltar a ser Cidade Maravilhosa que merece?
Título e Texto: Quintino Gomes Freire, Diário do Rio, 6-12-2023
Fonte: https://www.caoquefuma.com/
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