Por Reinaldo Azevedo
José Miguel Vivanco, diretor-executivo da divisão Américas da ong Human Rights Watch, concede um entrevista a Fernanda Godoy, na Folha desta
segunda, e diz uma coisa óbvia e outra nem tanto. A óbvia: a Comissão Nacional
da Verdade deveria ter-se ocupado também dos crimes cometidos pelas esquerdas,
como tenho afirmando aqui há muito tempo, como como já afirmei na Folha e na
Jovem Pan.
Seu raciocínio é de uma simplicidade óbvia, ululante: "Não pode haver
um peso e duas medidas. Se houve abusos cometidos por grupos armados
irregulares, isso deve constar de um informe dessa natureza. E também haveria
servido para mostrar a magnitude dos abusos cometidos pelo Estado e a magnitude
dos abusos dos grupos armados."
Sim, é um raciocínio simples, mas vai ao âmago da questão: as
esquerdas assentam a sua luta sobre uma mentira escandalosa: a de que elas
foram apenas vítimas dos militares. A forma que tomou essa questão no Brasil,
com indenizações e pensões que somam muitos bilhões, pede que, de um lado,
existam os vilões para que, do outro, apareçam, incólumes, os mocinhos. Ocorre
que alguns desse mocinhos são notórios assassinos - muitos se orgulham ainda
hoje dos homicídios cometidos -, mas que, não obstante, estão sendo ressarcidos
pelo estado por sua suposta… luta!
Não que eu concorde com Vivanco em tudo. Ele dá mostras de
desconhecer, também ele, como se deu a anistia no Brasil. É uma mentira
pilantra a história de que se tratou apenas de autoanistia. A lei que decidiu
livrar agentes do estado e terroristas de ações penais foi referendada por um
Congresso eleito livre e democraticamente. Foi uma precondição da Emenda
26, que convocou a Constituinte. Logo, não pode ser revista. Hoje, com efeito,
tanto tortura como terrorismo não seriam mais passíveis de graça. Aquela era a
lei daqueles dias.
O discurso sobre a revisão da Lei da Anistia serve apenas à
mística das esquerdas. Em São Carlos, nesta segunda, 200 ditos representantes
do "Levante Popular da Juventude" - estudantes coxinhas de extrema esquerda,
desocupados que nem estudam nem trabalham e são meros esbirros do MST - pararam
a rodovia Washington Luís com pneus queimados para pedir punição para os crimes
da ditadura. Eu peço é a punição para essa horda, que põe em risco a segurança
de terceiros e fere o direito de ir e vir, garantido pela Constituição.
Longe dali, em Brasília, outro grupelho de extremistas, ligado aos
sem-terra, invadiu a sede da CNA (Confederação Nacional de Agricultura e
Pecuária do Brasil) para, dizem eles, protestar contra a posse da senadora
Kátia Abreu (PMDB-TO) na presidência da entidade. Ela deve ser nomeada ministra
da Agricultura, uma das poucas boas notícias do governo Dilma.
Por que junto esses três elementos num único comentário? Porque
temos o de sempre: os extremistas de esquerda continuam a separar o mundo entre
os que são maus - os outros - e os que seriam bonzinhos: eles próprios. Ocorre
que hoje, a exemplo de ontem, continuam a cometer ilegalidades e violência e a
chamar a sua ação truculenta de democracia.
Os esquerdistas digam o que quiserem, mas jamais conseguirão
esconder o fato de que suas teses e sua história se assentam sobre a mais
impressionante montanha de cadáveres que a humanidade já conseguiu produzir em
nome de uma causa.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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