Por Reinaldo Azevedo
O PT nunca tinha passado antes por isto: chegar à reta final sem
saber se vai ganhar ou perder. Em 1989, 1994 e 1998, a derrota era certa; em
2002, 2006 e 2010, certa era vitória. Agora, ninguém sabe. E a incerteza está
enlouquecendo os companheiros e alguns de seus porta-vozes no jornalismo e no
subjornalismo. Nunca assisti a tamanho espetáculo de covardia, de violência, de
baixaria. E o mais curioso é que os partidários de Dilma Rousseff acusam os
adversários de aderir a práticas que eles próprios adotaram desde o início da
disputa. A quantidade de maledicências, de falsas acusações e de mentiras que
circulam na rede impressiona. Espalha-se entre os mais pobres o boato de que,
se eleito, o tucano Aécio Neves extinguirá programas sociais e congelará o
salário mínimo.
Cabe a pergunta, e a resposta é óbvia: quem deu início à violência
retórica na disputa? Os petistas tinham, sim, preparado um arsenal contra
Eduardo Campos e Aécio Neves. A entrada de Marina Silva na disputa forçou uma
mudança de estratégia, e a campanha odienta se dirigiu prioritariamente contra
a ex-petista. É claro que é possível discordar de Marina - e como! Também é
possível criticar as suas ideias. Mas foi o que fez o PT? Afirmar que um BC
independente tiraria comida da mesa dos brasileiros é debate político
qualificado? Acusar a adversária de querer retirar R$ 1,3 trilhão da educação é
parte do jogo político? Não! É delinquência! Como delinquentes e mentirosas são
as acusações de que Aécio pretende provocar desemprego para controlar a
inflação e congelar o salário mínimo.
Ah, mas bastou que o tucano reagisse às agressões e não apanhasse
parado, e teve início, então, a gritaria da turma do "deixa disso". Notem: eu
não defendo a pancadaria, não. Muito pelo contrário. O ideal seria que as
candidaturas apresentassem propostas sobre o futuro e não mentissem sobre o
passado alheio e o próprio. Mas não foi esse o caminho que o PT escolheu. Os
colunistas governistas só começaram a protestar contra a "violência" quando
Dilma também começou a apanhar. A síntese: quando o PT ataca seus adversários,
só estamos diante de uma ação justa; quando o PT é atacado, aí é jogo sujo.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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