Por Cesar Maia
1. As pesquisas são feitas em base às informações do TSE, que incluem
gênero, idade e local de votação. Os demais recortes são feitos em base
censitária pelos Institutos de Pesquisa. Dessa forma, a base das
pesquisas é o total do eleitorado, incluindo, portanto, o que na urna se
saberá em relação a brancos, nulos e abstenção.
2. Quando as tendências do eleitorado são estáveis, a abstenção não altera os resultados das pesquisas de opinião. Mas quando a intenção de voto dos eleitores é volátil, a abstenção pode mudar tudo. E se a volatilidade é grande, até mesmo os brancos e nulos podem mudar no dia da eleição. Mudar em dois sentidos: decidir votar, ou os que decidiam votar, nas pesquisas, na hora do voto, anular ou votar em branco. Segundo o Datafolha, 15% dos eleitores decidiram em que presidente votar, no primeiro turno-2014, na véspera e no dia da eleição. Esse número tende a ser menor agora com apenas dois candidatos. Mas quão menor?
3. Vamos aos números. As pesquisas de intenção de voto no segundo
turno vêm dando uns 10% de brancos e nulos, mais de três vezes a diferença
entre Dilma e Aécio. E fazem abstração - como é natural - da abstenção, mesmo
sabendo que estará próxima a 20%, supondo, como tradicionalmente ocorre, que
não influenciam o resultado da eleição. Será?
4. O que ocorreu nas últimas três eleições? Em 2006, no primeiro
turno os votos brancos/nulos foram 8,4% e a abstenção 16,75%. No segundo
turno, os brancos e nulos caíram para 6% mas a abstenção cresceu para 19%. Em
2010, no primeiro turno, os brancos/nulos foram 6,7% e a abstenção 18,1%. No
segundo turno, os brancos/nulos cresceram para 8,6% e a abstenção subiu para
21,50. Em 2014, no primeiro turno, os brancos/nulos atingiram 9,6% e a
abstenção 19,4%.
5. Com uma campanha em 2014 - no segundo turno - muito mais disputada
e polemizada, é provável que a abstenção seja próxima de 2010, quando a
eleição ainda não estava completamente definida uns 10 dias antes da eleição.
Ou seja, 21,50%. Mas a tendência dos votos brancos/nulos não se pode prever
em função das agressões recíprocas. Suponhamos que os 9,6% do primeiro
turno se repitam.
6. Fazendo os ajustes, 25% dos eleitores não influenciarão os votos válidos. Supondo que metade da abstenção é compulsória (doentes, muito idosos, estão ou moram fora de seu registro eleitoral, presos...), esses 25% baixam para uns 18%. Supondo que os brancos/nulos sejam os mesmos eleitores das pesquisas de intenções de voto, aqueles 18% baixam para 9%.
7. Usando como referência uma série de eleições, os números de um ou
outro candidato só podem sinalizar favoritismo e vitória se as pesquisas
finais indicarem uma vantagem de 5 pontos sobre os votos totais. Nas
pesquisas já publicadas do Datafolha e Ibope, esta vantagem ainda está em
torno da metade desses 5%.
8. Ficando nessa metade, só a urna nos dirá quem venceu.
Fonte: "Ex-Blog do
Cesar Maia"
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quarta-feira, 22 de outubro de 2014
"O que ocorrerá com abstenção, brancos e nulos no dia 26? como influenciam o resultado?"
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