Por Ruy Castro
Pouco antes de Brasil x Espanha, a TV deu em
close um torcedor que já nos habituáramos a ver nos jogos do Flamengo: um negro
plástico e desdentado, famoso na antiga geral do Maracanã pela alegria com que
contagiava o pessoal à sua volta. Seu próprio déficit dentário era uma marca
- simbolizava o Brasil profundo. Só que, neste domingo, ele não estava no
Maracanã. Estava a alguns quilômetros, no Terreirão do Samba, assistindo ao
jogo pelo telão.
Torcedores como ele não tiveram vez na Copa das Confederações. Foi assim em todas as sedes, e houve jogos em que os únicos negros na "arena" eram os que estavam em campo. Ao cobrar ingressos de ópera para o futebol, a Fifa tentou transformar em suíça - nacionalidade de seu presidente Joseph Blatter - a torcida brasileira. Era como se todo mundo ali fosse leitor de Hermann Hesse e Friedrich Dürrenmatt, conterrâneos de Blatter.
Torcedores como ele não tiveram vez na Copa das Confederações. Foi assim em todas as sedes, e houve jogos em que os únicos negros na "arena" eram os que estavam em campo. Ao cobrar ingressos de ópera para o futebol, a Fifa tentou transformar em suíça - nacionalidade de seu presidente Joseph Blatter - a torcida brasileira. Era como se todo mundo ali fosse leitor de Hermann Hesse e Friedrich Dürrenmatt, conterrâneos de Blatter.
Fonte: "Folha de S.
Paulo"
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