Por Eliseu Antonio Gomes
.Ao
observar a história da humanidade não há dificuldade para constatar a forte
tendência do homem para estabelecer ídolos para si.
Nos
tempos bíblicos, vemos que havia exageradamente ídolos para todos nas
tradições egípcias. Na Índia, as vacas permanecem intocáveis, inclusive se o
animal resolver dormir em pleno asfalto, atrapalhando o trânsito de uma
importante estrada vicinal. Nas ilhas galápagos, a tartaruga é alvo da
idolatria de seus nativos, capazes de hostilizar quem ousar argumentar
contrariamente tal situação. Católicos e as estátuas... Alguns muçulmanos são
capazes de partir para ofensas, afrontas, atos violentos de linchamentos
quando suas paixões da religião islâmica são desrespeitadas.
.O
grande problema no tratamento dispensado aos pregadores e cantores famosos,
por parte de uma parcela da comunidade evangélica, é o uso do jargão
"não toqueis no meu ungido", como se cristãos famosos fossem
inerrantes, 100% santos, perfeitos, incapazes de falhar.
O que
dizer dessa atual conjuntura do cenário gospel? O sentimento que permeia o
meio é diferente do que há no mundo? Se o irmão anônimo recebe críticas
construtivas, não haverá problemas para quem o criticou; mas se houver
crítica contra o comportamento de um pastor com nome proeminente, ou um
cantor de grande vendagem de CDs evangélicos, o autor da crítica receberá
reprimendas. Ao apontar o erro, quem aponta está sujeito a ser considerado
fariseu, juiz, ouvir adjetivos feios, e ser excluído da roda de amigos.
Será
que ao apontar o erro de portadores de fama, é manifestado o lado escuro do
evangélico idólatra, o demônio cultivador da idolatria se levanta na vida de
adoradores de seres humanos? É exatamente isso que dizem muitos críticos de
famosos.
Mas o
que é ser ungido? Davi foi um ungido do Senhor assim como Saul, mas tanto um
como o outro foram exortados por profetas. Davi por Natã e Saul por Samuel.
Ninguém está isento de pecar, portanto todos estão sujeitos à exortação.
É um
grande erro usar a frase "não toqueis no meu ungido" para blindar
pessoas e assim abrir a elas passagem à imoralidade, para que possam
fazer tudo o que desejarem sem serem acusadas de cometer erros, sem
serem repreendidas ou exortadas ao conserto com Deus.
"Não
toqueis no meu ungido". Não sei se tal frase poderá sempre significar
que a pessoa que a diz é uma idólatra. Mas com certeza significa um equívoco,
quando é dita no sentido de querer classificar e solidificar uma
hierarquização. No Novo Testamento todos os cristãos convertidos são pessoas
ungidas pelo Espírito (1 João 1: 20, 27). E todas as pessoas ungidas receberam
unção igual porque são amadas por Deus sem distinção, e Deus quer o bem delas
na mesma proporção.
Tocar
no ungido de Deus - evangélico anônimo ou famoso, liderado ou líder - é
realmente uma atitude perigosa se a ação é feita por conta própria, porque a
ira do homem não manifesta a justiça divina (Tiago 1: 20). O amor não faz mal,
o cumprimento da lei da Cristo é amar (Romanos 13: 10; 1 Coríntios 9: 21). Quem
age pelos métodos carnais em suas críticas, apesar de usar capa de
religiosidade, atenta contra o próprio bem-estar futuro, porque o mandamento
de Cristo para todos é proceder amando o semelhante como a si mesmo, e
os desobedientes a essa ordem não têm como fugir do Dia de Acertos de Contas,
no porvir, quando lhe será dado como castigo o sofrimento eterno (Gálatas
6: 1-10).
Olhando
a situação por outro ângulo, alguns críticos realmente estão errados em suas
críticas. Não foi sem propósito que Paulo escreveu: "Mas vós,
amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no
Espírito Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, esperando a
misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna" -
Judas 20: 21. Nem todos que criticam famosos são porta-vozes de Deus ao
criticar. Eles falam motivados por boas intenções equivocadas, ou interesses
pessoais, ou inveja. E por fina ironia, até esses críticos estão constituídos
como ídolo gospel por uma gama de evangélicos idólatras, gente viciada em
procurar ciscos nos olhos do próximo.
Eliseu
Antonio Gomes, do Belverede - Equipe
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