Artista plástico Gil Mário
"Vegetação Nordestina XX", acrílica sobre tela de Gil Mário
Monumento ao Caminhoneiro: Forma no vazio do espaço urbano
A galerista Lígia Eugênia Marques Motta obteve este ano o título
de Especialista em Artes Visuais: Cultura e Criação, com a monografia "Gil
Mário - Da Figuração à Abstração" apresentada em curso de pós-graduação
realizado pela Faculdade Senac, do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial,
em Salvador. Ela teve como orientador o professor mestre Adalberto Alves de
Souza Filho.
A dupla Ludimila de Oliveira e Dimas Oliveira defenderam
publicamente em junho de 2011 diante de Banca Examinadora formada pelos
avaliadores, professores Nildecy de Miranda Nascimento, Antonio Carlos Bastos
de Magalhães, e Rosane Vieira de Jesus (orientadora), o seu Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da
Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana (Unef).
Eles apresentaram o trabalho (monografia e vídeo documentário de
15 minutos) "Onde os Pássaros Se Escondem - Linhas e Cores da Obra de Gil
Mário". O nome do documentário foi retirado de um depoimento da crítica de
arte Matilde Matos, no qual ela fala sobre a obra do artista: "... É como
se uma presciência lhe desse um sentido exato dos motivos sem a necessidade de
desenhá-los. A relação dialética entre os elementos plásticos: as linhas, as
cores magistrais, as formas e os brancos na vegetação onde os pássaros se
escondem, é atraente, equilibrada, assegurando a qualidade e preservando o
encantamento da natureza nas plantas e pássaros do seu belíssimo
semi-árido". A TV Olhos d'Água, da Uefs, exibiu no espaço "Outros
Olhares", o Curta "Onde os Pássaros Se Escondem", produzido por
Ludmila de Oliveira e Dimas Oliveira. Nele são apresentadas flora e fauna
vistas sob as formas e cores construídas pela imaginação do artista plástico
Gil Mário. Link: http://youtu.be/-pfIWLBlExI
No trabalho visual - um catálogo - de Lígia Motta, "os
momentos mais significativos da carreira do artista visual Gil Mário,
relacionando cuidadosamente trabalhos artísticos nas mais variadas técnicas:
óleo, acrílica, impressão gráfica, esculturas e aço e concreto armado".
Lígia justifica a elaboração do catálogo, afirmando que "acreditamos que
uma análise desta natureza servirá de acréscimo para o conhecimento de sua
trajetória (a de Gil Mário)".
No TCC, a Banca Examinadora apresentou parecer favorável à
aprovação. Tanto Nildecy Miranda quanto Antônio Carlos Magalhães pontuaram
sobre o projeto, fazendo observações pertinentes. Ambos fizeram considerações
positivas. A orientadora Rosane Vieira tratou sobre o "intelecto
intuitivo" de Ludimila e Dimas, que "subverteram o tempo cronológico
no processo artístico" e finalizou considerando que o documentário
"Onde os Pássaros Se Escondem" é "uma obra que funciona na
estética a que se propôs".
Tema de trabalhos acadêmicos, onde a estética da sua obra foi
estudada e dissecada, destacando a dimensão da sua contribuição cultural, o
artista plástico Gil Mario (Gil Mário de Oliveira Menezes), nascido em Salvador
há 65 anos, é formado em Licenciatura de Desenho e Plástica pela Universidade
Federal da Bahia (Ufba), já participou de 103 coletivas - a mais recente
"Circuito das Artes", em Salvador -, 25 individuais em todo o Brasil.
São 48 anos de artes plásticas e 36 de exposições, desde 1975. É professor
titular B desde 1976 da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), foi
curador do Museu Regional de Arte durante 10 anos, realizando "um trabalho
excepcional de promoção artística da maior importância para a comunidade",
como afirma o professor Edvaldo Boaventura. É membro (Cadeira 21) da Academia
de Educação de Feira de Santana e também da Academia de Letras e artes de Feira
de Santana e do Instituto Histórico e Geográfico e da Academia de Letras e
Artes de Feira de Santana. Escreve semanalmente para o jornal "Folha do
Estado" com a coluna "Universo das Artes" e mantém com um blog
no endereço http://www.gilmarioom.blogspot.com/.
Tem como hobby a criação de pássaros com reprodução em cativeiros conforme
autorização do Ibama. Mantém um ateliê no bairro Santa Mônica.
A arte de Gil Mário proporciona "uma reflexão e relação de
troca com suas obras", como diz a jornalista e produtora cultural Ludimila
de Oliveira, sobre obras estas expostas em acervos, galerias, instituições e
museus, "interagindo num ciclo de conhecimento, valores estéticos e
culturais que são categóricos de uma época", completa.
Gil Mário integra dos
mais importantes registros das artes plásticas nesses últimos 50 anos, ao lado
de outros artistas feirenses como Caetano Dias, César Romero e Raimundo de
Oliveira no livro "50 Anos de Arte na Bahia", da crítica Matilde
Matos. Seu nome aparece também nos principais dicionários especializados, como
"Artes Plásticas Brasil", da Julio Louzada Publicações.
Angulações suaves
É Edvaldo Boaventura quem define mais sobre Gil Mário:
"sempre foi um inclinado para as artes plásticas. Desde muito cedo que
desenha e constrói com linhas e ângulos. Ao artesanato das maquetes,
acrescentou a técnica do desenho e os segredos da plástica, que cada dia mais
aperfeiçoa para atingir o ponto da possibilidade que emociona. Assim,
experiências concretas e precoces manifestações engendraram o artista que cada
vez mais se revela no traço, na forma do objeto, na figura, enfim, que sabe tão
bem construir. É conhecedor das angulações suaves, bem sombreadas, matizadas e
jogadas com estilo. Firmou-se como um notável figurativista".
O crítico de arte Carlos Eduardo da Rocha notou que "a
pintura de Gil Mário é bem característica e inconfundível com manifestações
surrealistas". Com a temática da flora e da fauna, de aves e plantas, faz
"o encontro maravilhoso desses dois mundos e chega, com igual perfeição, à
figura humana".
- Mas o bom, o excelente mesmo de sua pintura é saber conquistar o
espaço com cores harmônicas como o rosa e o verde em tons combinados, com asas
e palmas que se harmonizam para formar o conjunto nuclear do seu trabalho. Asas
e palmas que se espalham num espaço que ele cria e recria com uma pintura que
cada vez mais se afirma pelo trabalho e pelas buscas constantes - completa
Edivaldo Boaventura.
Monumentos
A contribuição da obra de Gil Mário para a cultura de Feira de Santana
tem se elevado com a criação de dois monumentos, que são percebidos no cenário
urbano da cidade. Um em homenagem a Georgina de Melo Erismann; outro ao
Caminhoneiro. O artista encheu de novas formas o vazio de espaços urbanos. Em
homenagem aos profissionais do volante que contribuem decisivamente para o
progresso e o desenvolvimento de Feira de Santana, o Monumento ao Caminhoneiro,
construído pelo governo do prefeito José Ronaldo de Carvalho, foi inaugurado em
15 de setembro de 2007. É considerado o maior dos monumentos já construídos no
interior do Norte e Nordeste do país. O Monumento ao Caminhoneiro possui
estrutura mista, metálica e em concreto armado, transpassando a avenida
Presidente Dutra, sobre a rotatória da praça Jackson do Amaury. De arquitetura
abstrata bastante moderna, remete à idéia da cabine de um caminhão e sua
carroceria atravessando a pista.
Escultura, intitulada "Liberdade de uma Poetisa" pelas
formas de asas alçando vôo, registra a criação mais enaltecida de Georgina
Erismann quando elaborou o Hino a Feira de Santana.
Homenagem idealizada pelo então prefeito José Ronaldo de Carvalho,
a obra criada por Gil Mário foi plantada na avenida João Durval Carneiro, em
frente o Boulevard Shopping, e inaugurada no dia 2 de dezembro de 2008, demonstrando
que Feira de Santana "ainda tem rasgos de memória e retribui aos seus
benfeitores, dando exemplo para futuras gerações", como considera Gil
Mário. O monumento tem altura de 5.60m x largura 2.00m x comprimento 1.10m.
Constam na parte inferior da escultura o Hino a Feira de Santana e o nome
Georgina Erismann vazados na chapa.
Antenado
Gil Mário é um artista que valoriza as artes visuais, a criação e
a cultura, não só em Feira de Santana, como na Bahia e no Brasil. Está antenado
com novas experiências e recicla os conceitos das novas tendências
contemporâneas, mergulhando na teoria e na prática, pesquisando campos
instigantes e inovadores, com percepções diversas, sempre atualizado com o novo
momento vivido pelas artes visuais globalizadas.
A obra de Gil Mário é de grande relevância para a cidade, pois
atua na propagação da cultura.
* Texto de Memória e Cultura por Dimas Oliveira, jornalista especializado em cultura, na edição nº 2 da revista "CartadaFeira", que está circulando
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