Editorial
Continuam as manobras de facções
radicais do PT, ligadas aos mensaleiros, para usar a CPI do Cachoeira com
objetivos sem qualquer relação com o escândalo da montagem pelo contraventor
goiano de uma rede de influência em todos os poderes da República.
Uma das intenções é constranger o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por ser ele o responsável pelo
encaminhamento da denúncia do Ministério Público Federal contra os envolvidos
no esquema de troca de dinheiro sujo - inclusive público - por apoio
parlamentar ao governo, na primeira gestão de Lula.
Estes grupos começaram a pressionar
Gurgel quando, no estouro do escândalo, com a descoberta da proximidade entre
Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), foi noticiado que o
procurador-geral recebera em 2009 o inquérito da Operação Las Vegas, da PF, e
nada fizera. Nele já havia registros da afinidade da dupla.
Instalada a CPI, as facções partiram
para tentar uma convocação de Gurgel ou convite. Não importava, contanto que o
procurador-geral da República comparecesse perante os holofotes da comissão,
para certamente ouvir toda sorte de provocações de representantes dos
mensaleiros.
O procurador já explicara ter mantido
o primeiro inquérito no gabinete para que seu conhecimento público não
prejudicasse as novas investigações da PF, na sequência da Operação Las Vegas.
Além disso, afirmou, não havia bases
sólidas para o indiciamento de Demóstenes. Não há por que rejeitar a explicação
lógica de Gurgel, pois, de fato, a operação seguinte, a Monte Carlo, foi um
sucesso. A CPI e o início do processo de cassação do senador são a prova.
No primeiro depoimento tomado pela
comissão, o delegado da PF Raul Alexandre Marques Souza confirmou o envio do
inquérito ao procurador e a decisão dele de nada fazer naquele momento. E, com
isso, as pressões sobre Gurgel voltaram.
Na quarta-feira, o procurador-geral
foi claro: "Há protetores de réus (do mensalão) como mentores disso." Ou seja,
da campanha para levá-lo à CPI.
Como o objetivo é político e de
constrangimento pessoal, não adiantou, também, Gurgel explicar, antes do
depoimento do delegado, que, por lei, ele não pode falar acerca de inquéritos
sobre os quais se pronunciará como procurador da República.
Também é de fundo político-ideológico
a definição por esta facção radical, minoritária no PT, de um segundo alvo na
CPI: a imprensa independente.
O fato de Cachoeira ter sido fonte de
denúncias publicadas pela revista "Veja" contrárias a interesses do grupo leva
à tentativa de conversão da comissão num exótico tribunal de julgamento do
jornalismo profissional.
Parece uma forma de buscar alguma
vantagem no "tapetão" político depois que as tentativas institucionais de
manietar a imprensa se frustraram.
Dilma, como Lula, se mantém distante
dessas aventuras, numa demonstração de maturidade.
Acima de tudo, o Brasil já demonstrou
que tem instituições em pleno funcionamento capazes de defender a Constituição,
na qual é estabelecido como cláusula pétrea o direito à liberdade de imprensa e
expressão, entendimento reafirmado não faz muito tempo pelo Supremo.
Fariam melhor os radicais se
gastassem tempo e energia fazendo a CPI funcionar para de fato mapear as
conexões do crime organizado dentro do Estado brasileiro.
Fonte: "O Globo"
Um comentário:
Não interessa ao PT, a verdade. Nem ao Lula. E que papo é êsse, de que "Lula está distante dessas aventuras"??
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