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quarta-feira, 4 de maio de 2011

"Existe mesmo um cinema baiano?"

Em 1996, há, portanto, 15 anos, Edgard Navarro, Fernado Belens, Joel Almeida, Vito Diniz, José Umberto e Tuna Espinheira apostaram no renascimento do cinema baiano

Foto: Reprodução

Por André Setaro

O polêmico cineasta baiano Tuna Espinheira cutuca com vara curta, como é do seu feitio, o entusiasmo propagado pela impressa sobre um novo cinema baiano que se pensa surgir. Concordo com o que ele diz. Não basta, para se ser um cineasta - e o c deveria estar em maiúsculo, a realização de pequenos filmes digitais ou experimentações apressadas com a simples querência do registro em imagens em movimento. A construção de um filme é tarefa árdua que exige toda uma estruturação a priori. Não é se pegando a câmera e se sair filmando, a torto e a direito, que se faz o verdadeiro cinema. O ôba-ôba existente em torno do cinema baiano não passa de uma falácia. Mas vamos ler, abaixo, e com calma, seu texto.
"A pergunta do título tem suas razões de ser. Primeiro, porque o que existe de fato é cinema brasileiro, todos sabemos disto. Em segundo lugar, a realidade crua: as produções dos filmes de longa metragem, aqueles destinados ao mercado, são raras, quando acontece, demora-se a vida toda e mais cem anos, entre o roteiro filmado e a finalização do produto. É o eterno pega pra capar da corrida do chapéu, atrás do vil metal. O que acontece, os diretores só podem mesmo virar autores bissextos. Em decorrência, os técnicos enferrujam, ficam desatualizados."
Sem perder de vista o mote deste texto, temos de lembrar a diferenciação que fazia o crítico/pensador/ensaísta maior, Dr. Walter da Silveira, entre filme baiano e filme rodado na Bahia. Não é uma simplista questão de sotaque, o que pesa é a prata da casa (tão desvalorizada na terrinha), a produção local, a regência da obra etc. Posso dar um exemplo, a Caixa dos 100 Anos do Cinema Baiano que, diga-se de passagem, eu acho um feito iluminado, incluiu o filme paulista, "Bahia de Todos os Santos", de Trigueirinho Neto. Esta obra jamais teria o aval do citado crítico, não é cinema baiano. Falo não em sinal de crítica, mas para chamar a atenção de algum escriba que esteja com uma feliz idéia de escrever a história da nossa sétima arte.
Falei em artigo recente, saído aqui neste blog, sobre o o abençoado Ciclo Cinematográfico, acontecido nestas plagas, após o qual, mais de duas décadas se passaram sem que a Bahia produzisse um longa metragem.
A foto acima, datada do ano de 1996 (pertencente aos arquivos implacáveis de Edgard Navarro), ilustra o movimento que propunha a parceria do Estado. Ganhamos um documentário realizado e exibido pela TV E, (na gestão de Paolo Marconi), versando sobre os cinco roteiros, de cada um dos figurantes no daguerreotípo histórico. Conseguimos uma carta compromisso do governador de então, Paulo Souto. O documento garantia 20%, como contribuição estatal, a cada orçamento dos projetos. Desde quando os produtores apresentassem a garantia do conseguimento dos outros 80%. Era um andor muito pesado, tipo: "decifra-me ou te devoro". Entre mortos e feridos, escapamos todos. Mas o embrião ficou vivo. Mais tarde, no ano de 2001-DC, materializaram-se os esperados editais, trazendo no seu bojo a bendita cláusula garantindo a sua anualidade. Como resultado prático, três destes projetos foram filmados, por ordem: "Eu Me Lembro", de Edgard Navarro; "Cascalho", de Tuna Espinheira; e "Pau Brasil", de Fernando Belens. Outros dois, estão no prelo. Esta história já completou 10 anos. Significa que, sem esforço matemático, a Bahia teria 10 filmes longas produzidos, caso tivesse sido cumprido o critério da anualidade. O curioso é que, lembrar não é ofensa, nenhum dos filmes citados como rodados e finalizados, pertencem a era Governo Wagner.
A pergunta aqui formulada no cabeçalho ainda persiste, que cinema é este parecido com meteoro que surge de quando em quando, ou é parecido com a face oculta da lua que ninguém vê? Estes meus dizeres parecem uma heresia a o que diz o diretor do Irdeb, na revista "Muito" deste 1º de maio "Agora a pessoa pode ser cineasta e sustentar a família, ter filhos,uma vida normal". A matéria, merecedora da capa, descreve em varias páginas um El Dorado do momento atual do nosso combalido cinema. Enfim, uma vistosa reportagem que parece dos tempos de "Pra Frente Brasil", "Amai-o ou Deixei-o", ou mesmo: "Sorria, Você Está na Bahia"...
Já alonguei demais este texto, vou encerrá-lo com os pés na terra: É preciso correr atrás do prejuízo, clamar pela volta dos editais e que sejam, de fato, anuais. A proposta sugerida seriam dois filmes de longas metragens, além dos outros itens necessários que estão sendo elencados no documento que a classe está urdindo, para entregar ao governador. Que os anjos digam amém e os orixás nos abençoem com o seu axé.
Fonte: "Setaro's Blog"

Um comentário:

Tuna Espinheira disse...

Caro Dimas,
Obrigado por replicar esta matéria, já saída, hoje, no blog do André. Agradecemos muito a postagem no seu indômito blog.
Forte abraço,
Tuna