Por Carlos Chagas
Vale insistir: ou Dilma Rousseff dá um grito de independência, se possível com um murro na mesa, ou seu governo se tornará refém do que há de pior na política nacional. De goelas abertas e garras afiadas, PMDB, PT e penduricalhos exigem ocupar ministérios e impõem nomes sem a menor preocupação de indicar os melhores e os mais capazes. Disputam pastas pelo volume dos recursos orçamentários de cada uma. Tornam-se inconvenientes.
Terá sido um erro a disposição da presidente eleita de dividir com os partidos a composição de sua equipe, iniciativa que faz emergir o que há de pior na futura base parlamentar. Trata-se de fisiologismo explícito, descarado. Tempo ainda haverá, mas cada vez mais escasso, para virar o jogo e selecionar seus ministros pelo critério da eficiência.
Muita gente se acomoda, lembrando que se os partidos não forem atendidos o novo governo enfrentará imensas dificuldades no Congresso. Não é bem assim. Deputados e senadores precisam mais do Executivo do que o contrário. No início de seu primeiro mandato o presidente Lula decidiu excluir o PMDB das negociações para a formação de uma sólida base. Houve pânico no Palácio do Planalto. Desnecessário, porque num sistema presidencialista não se governa um país a partir dos plenários da Câmara e do Senado, ao contrário do parlamentarismo. Governa-se do meio do povo, aqui e ali atendendo alguns pleitos de deputados e senadores.
OS CAVALEIROS DE GRANADA
Nunca é demais repetir os versos de Cervantes sobre os Cavaleiros de Granada, aqueles que "alta madrugada saíram em louca cavalgada, brandindo lança e espada. Para que? Para nada..."
É essa a concepção que Dilma Rousseff deveria ter das bancadas do PMDB, do PT e de outros partidos que a pressionam para ocupar ministérios e altos postos da futura administração. Não há mais mouros a combater, as oposições estão reduzidas à sua menor expressão e nem o novo governo, para obter sucesso, precisará promover amplas reformas na Constituição e nas leis.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
"De goelas abertas e garras afiadas..."
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Um comentário:
Esta é outra coisa que está enchendo, na mídia. A todo o momento, uma indicação dêsse ou daquêle prá esta ou outra pasta. Se Dilma não fôsse mesmo "um poste", já teria batido o martelo e, concordo com Chagas, ela não estaria condenada à "não governabilidade", se não ficasse nas mãos dêsses sujos do PMDB! A cada dia mais uma certeza: Êsses crápulas criaram êsse "negócio" bastante lucrativo financeiramente e que lhes dá poder e que nada tem a ver com as promessas feitas em campanha prá um monte de gente idiota.
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