Filme que eleva o cinema brasileiro

Francisco Miguez e Gabriela Rocha (centro) em "As Melhores Coisas do Mundo"

Foto: Divulgação

"Não é impossível ser feliz depois que a gente cresce. É só mais complicado". Com essa frase, o final de "As Melhores Coisas do Mundo", em exibição no Orient Cineplace., visto na tarde desta quarta-feira, 21, com sala quase cheia. Trata-se de um filme que eleva o cinema brasileiro, que no geral, tem sido muito ruim. Laís Bodansky, de "Bicho de Sete Cabeças" (2001) e "Chega de Saudade" (2008), trata agora sobre adolescentes com sentimento - o drama tem humor e emociona, sem ser piegas.

O filme é baseado na série de livros "Mano", de heloísa Prieto e Gilberto Dimenstein. O roteiro - grande dificuldade do cinema brasileiro - é de Luís Bolognesi, o mesmo dos outros filmes da diretora. São colocadas com propriedade na tela uma série de questões, que não se perdem no enredo, pois bem amarradas. Laís e Luís são casados na vida real e parceiros na vida profissional. O filme tem qualidade e por isso é distribuído pela Warner Bros. Agrada aos adolescentes e aos adultos também.

O personagem principal é Mano, garoto de 15 anos, que faz o primeiro ano colegial em escola particular, toma curso de violão e quer tocar guitarra, curte os colegas, anda de bike. Um adolescente com um irmão depressivo, em crise de relacionamento e com confiltos familiares. Ele tem a primeira transa, enfrenta a insegurança e acaba por descobrir o amor. Ser adolescente é realmente complicado, ainda mais neste terceiro milênio.
Assim, conflitos juvenis como sexo pela primeira vez, ter pai homossexual, depressão, existencialismo, experimentação de drogas, qual caminho tomar, invasão de privacidade, era digital com o uso de blogues, fofoca, política estudantil, reunião de pais e mestres, dificuldade de amadurecimento, expõem todos a transformações e paradoxos.

"As Melhores Coisas do Mundo" não tem nada a ver com o programa da rede Globo, "Malhação", apesar da presença no elenco e atores e atrizes que trabalharam ou trabalham na série.
O mais interessante do filme é a colocação da questão da homossexualidade. Se o pai dos outros é gay, tudo bem. Mas se é pai de uns, a coisa pega, pois pimenta só é refresco nos olhos dos outros.
Mano é interpretado por Francisco Miguez. Sua mãe é interpretada por Denise Fraga e seu pai por Zé Carlos Machado. Seu irmão Pedro é feito por Fiuk, que é filho do cantor Fábio Júnior. Gabriela Rocha faz Carol. Caio Blat faz um professor querido pelos alunos do colégio onde se passa a maior parte do filme. Paulo Vilhena é o professor de violão. A montagem é de Daniel Rezende, premiado pelo filme "Cidade de Deus".

Horários nesta quinta-feira, 22: 14 horas, 16h10, 18h20 e 20h40.
Horários a partir de sexta-feira, 23: 14h20 e 16h40.