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terça-feira, 23 de maio de 2023

Roteirista feirense lança HQ sobre Afrofuturismo para público infanto-juvenil

História em Quadrinhos, contemplada pelo Rumos Itaú Cultural, combina referências da mitologia africana, cultura afro-baiana e universo de super-heróis. 


Evento de lançamento acontece dia 3 de junho, no Vale do Dendê (Salvador), com Roda de Conversas sobre Afrofuturismo, Literatura e Infância




O roteirista e doutor em comunicação Marcelo Lima (Foto: Rafael Martins), natural de Feira de Santana, lança sua sexta HQ “Os Afrofuturistas - O Ataque dos Kips”. A história em quadrinhos se passa em Salvador e combina referências da mitologia africana e da cultura afro-brasileira com o universo dos super-heróis, trazendo uma linguagem jovem, permeada por gírias e citações da cultura baiana. A HQ é realizada em parceria com o ilustrador Renato Barreto, coautor da obra. O livro está disponível no site da editora Veneta e na Amazon, e nas livrarias Escariz e LDM. "Os Afrofuturistas" é um projeto apoiado pelo programa Rumos Itaú Cultural 2019-2020.

A publicação em formato de livro mostra a jornada dos irmãos Tereza, Dandara e Cosme, em conflito com o pai que deseja ensinar os saberes ancestrais da família, enquanto as crianças desejam passar as férias conectadas com a tecnologia e os videogames. A história se desenrola quando os irmãos precisam salvar o pai de misteriosas criaturas, através desses conhecimentos ancestrais e da experiência conquistada na leitura de gibis e campeonatos de videogame.

A narrativa cheia de aventura apresenta para o público infanto-juvenil a estética e os conceitos do Afrofuturismo, que se caracteriza como um movimento cultural que envolve ancestralidade e protagonismo negro. O livro contempla ainda um glossário com personagens históricos, como Zumbi dos Palmares e Maria Felipa, e termos da mitologia afro-brasileira presentes na história. Ao decorrer das páginas é possível encontrar um cruzamento entre gerações com referências negras do passado e do presente.

Marcelo conta que a ideia dos “Afrofuturistas” surgiu de suas memórias de infância, quando brincava de “faz de conta” com os amigos em Feira de Santana. "Desde pequeno eu já adorava quadrinhos, séries, RPGs, games e filmes de sci-fi e fantasia. Em minha fértil imaginação, eu e meus amigos éramos como membros de uma espécie de clubinho nerd e o quintal da minha casa virava o lugar seguro para nossas imaginações gerarem personagens, mundos e grandes aventuras", conta.

Mesmo com toda afinidade por esse universo geek, o autor destaca que faltava um elemento que o fizesse mergulhar mais nas histórias: identificação. Ainda no final dos anos 90 quase não existiam protagonistas negros e negras nas produções voltadas para crianças. 

"Quando comecei a pensar nessa história, um dos meus principais objetivos foi o de preencher essa ausência de identificação. Gosto de ver que hoje adultos e crianças têm um leque bem maior de protagonistas negros e negras para se relacionarem, mas ainda é preciso muito mais", afirma Marcelo.

Roda de Conversa: Afrofuturismo, Literatura e Infância 

Para comemorar o lançamento da HQ “Os Afrofuturistas”, o autor Marcelo Lima realiza no dia 3 de junho uma roda de conversa para discutir afrofuturismo, literatura e infância. O evento acontece no Vale do Dendê (Pelourinho - Salvador-BA), às 15 horas e terá como convidados o professor e escritor Marcos Cajé e a atriz, diretora e escritora Cássia Valle. Ambos também autores de livros infanto-juvenis com temática racial. A entrada é gratuita e aberta ao público.

O encontro tem como objetivo debater cultura, educação e arte através de uma perspectiva de valorização da identidade afro-brasileira e fortalecimento da autoestima de crianças negras. "Para construir novos futuros possíveis é essencial que desde a infância haja contato com referências positivas da nossa história ancestral", destaca Marcelo. A programação conta ainda com momento de autógrafos e contação de história.

SOBRE OS AUTORES

Marcelo Lima já produziu diversos projetos de séries e filmes ficcionais, artigos sobre dramaturgia e livros de Histórias em Quadrinhos. Recebeu o Prêmio João Ubaldo Ribeiro da Prefeitura de Salvador em 2017 pela adaptação para HQ do romance "O Bicho que Chegou a Feira", de Muniz Sodré; e o Troféu Angelo Agostini na categoria melhor HQ pela obra "Lucas da Vila de Sant'Anna da Feira" em 2011, além de duas indicações de melhor HQ independente no HQ Mix. Atua também com pesquisa nas áreas de Dramaturgia, Serialidade, Animação e Transmídia e como professor de roteiro para HQs e audiovisual. Atualmente é roteirista de uma série infantil em produção para a Disney+

Renato Barreto é um animador veterano que atuou em diversos projetos realizados na Bahia, tais como as animações "Galera da Praia" e "Auts", das quais também é criador, e "Paxuá" e "Paramim", de Carlinhos Brown. Com vasta experiência em animação, trabalhou para empresas como a Griot Filmes, Takapy Digital Art, Origem Comunicação, Candyall Entertainment, dentre outras. 

Sobre o Rumos Itaú Cultural

Um dos maiores editais privados de financiamento de projetos culturais do país, o Programa Rumos, é realizado pelo Itaú Cultural desde 1997, fomentando a produção artística e cultural brasileira. A iniciativa recebeu mais de 75,8 mil inscrições desde a sua primeira edição, vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas 1,5 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa. Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 7 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados.

Na última edição, de 2019-2020, os 11.246 projetos inscritos foram examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país. Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 23 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição. Foram selecionados 90 projetos.

(Com informações de Gisele Santana)

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