O governo acaba de mostrar o que é
que entende por liberdade de expressão (ou, se alguém preferir, liberdade de
imprensa): o Palácio do Planalto informou que o CQC
está proibido de acompanhar as viagens da presidente Dilma Rousseff. O
Ministério das Relações Exteriores anunciou que o CQC
está proibido de entrar no Palácio do Itamaraty.
É antidemocrático, claro. E é burro:
a grande reportagem não precisa ser feita no prédio onde vivem ou trabalham
seus personagens.
Quando fez a série das mordomias,
Ricardo Kotscho não precisou ir à casa ou ao escritório de Sua Senhoria nenhuma
para contar como funcionava a bandalheira.
E, num regime autoritário, em sua
fase mais dura, o repórter Ewaldo Dantas Ferreira foi proibido de viajar com o
presidente Emílio Médici aos Estados Unidos. Viajou sem ele, longe da comitiva,
fez reportagens antológicas para o Jornal da Tarde e
não teve de conviver com aquela gente gosmenta que cercava Sua Excelência.
O governo atual, com as proibições ao
CQC, mostra sua face autoritária e desconhecedora do
que seja a liberdade de expressão.
Já o Sindicato dos Jornalistas de
Brasília, que propõe que o governo tome mais medidas contra o CQC, é pior: eles
sabem, ou deveriam saber, que liberdade é a liberdade de quem pensa diferente
de nós.
Eles sabem, ou deveriam saber, que
jornalismo é oposição: ficar pedindo favores ao governo é coisa de pelego, não
de jornalista. E querer monopolizar a coleta e distribuição de informações é
coisa de pelego corporativista.
A propósito, este colunista acha que
o tipo de cobertura feito pelo CQC é um horror;
aliás, nem o considera jornalismo. Mas quem vai definir o que é jornalismo não
é este colunista, nem o pessoal que se julga de esquerda e não conhece o
pensamento essencial de Rosa Luxemburgo: é o público, é o consumidor de
informação.
Ou é o público que define o tipo de
informação que prefere ou o jornalismo acabou: teremos de volta a ditadura
militar, que de vez em quando implicava com o “baixo nível da TV” e obrigava as
emissoras a transmitir concertos e ópera.
Podemos ter, talvez, o Pravda ou o Izvestia,
determinando qual a linha justa de pensamento; ou o Die
Sturm, o favorito de Hitler.
Onde já se viu, sindicato de
jornalistas pedindo censura?
Fonte: "Blog do Noblat"
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