Por Marco Antonio Moreira
É com muito orgulho e com uma emoção
especial que sou testemunha da chegada do centenário do Cinema Olympia neste dia 24 de abril de 2012. Numa época onde os cinemas de rua estão cada
vez menos presentes nas novas gerações, perdendo assim uma magia e um estilo
diferenciado com relação aos chamados cinemas de shopping, saber que um cinema
que marcou inúmeras gerações sobreviveu e chega ao seu centenário, realmente é
empolgante. Mais do que um cinema, o Olympia é um patrimônio histórico e
cultural do estado do Pará, da cidade de Belém. Sua história, de certa forma,
está na história de tantos espectadores que nesta sala de exibição tiveram seus
sonhos, suas surpresas, suas emoções e suas descobertas através de tantos
filmes que ali foram exibidos. Como uma referência emocional obrigatória para
quem realmente é cinemaníaco, o Olympia viveu vários momentos de sucesso e
também de perdas, especialmente quando houve uma grave crise no mercado
exibidor nos anos 90. Mas mesmo assim, renasceu. E quando parecia tudo perdido,
no momento que o proprietário do cinema anunciou seu fechamento em 2006, mais
uma vez o Olympia renasceu partindo da manifestação popular que não aceitou o
fechamento da sala e chegando na feliz decisão da prefeitura local em locar o
espaço e manter viva sua atividade: cinema. Dessa forma, o sonho continua.
Novos espectadores poderão ver filmes neste cinema e criar suas memórias, assim
como eu. Tenho vários momentos para lembrar no Olympia vendo filmes inesquecíveis
como "Laranja Mecânica" de Stanley Kubrick, os desenhos animados dos estúdios
Disney, "Psicose" de Alfred Hitchcock (lembro de meu pai explicando porque no
letreiro do cinema estava "PSICOSE" DE HITHCOCK com ele dizendo que "somente os
grandes diretores tem seus nomes nos letreiros dos cinemas ao lado do nome do
filme"), entre outros momentos que guardarei para sempre no meu coração e
mente, especialmente aqueles que envolvem as idas ao cinemas com meu pai, mãe e
irmãos. Como programador do cinema desde 2006, fico feliz em ver que o cinema
Olympia hoje é um espaço com um foco cultural importante que procura ter uma
programação mais selecionada, dando chance ao público de ver trabalhos que
dificilmente seriam exibidos nos cinemas formando assim uma platéia que veja no
cinema muito mais do que diversão mais também arte e cultura. Para isso, o
apoio da Prefeitura e dos parceiros como embaixadas, consulados,
distribuidoras, associação de críticos (ACCPA) e especialmente a colaboração
dos críticos Pedro Veriano e Luzia Álvares foram de extrema importância. Uma
nova história começou a ser escrita com o público freqüentando o cinema com
entrada gratuita, e sempre se impressionando com sua arquitetura clássica, de
tela grande, entrada pela frente da tela e detalhes de construção de um tempo
que passou mais que deixou sua marca.O velho Olympia de nossas memórias ainda
pulsa dentro da sala de exibição e o novo Olympia também na medida que o
público se renova e prestigia sua programação e mais do que isso, sua
importância. Ao chegar nesta data histórica, o Olympia merece ser aclamado pela
referência que representa na memória de cada um de seus freqüentadores de
ontem, de hoje e do futuro. Parabéns, Cine Olympia. A magia o do cinema
continua. O sonho continua.
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