Por Edgar Flexa Ribeiro
Lula, segundo ele, recebeu de seu antecessor uma "herança maldita". E, dito isso, levou à frente muito do que encontrou - o "bolsa escola" expandido com o novo nome de "bolsa família" é o exemplo que ocorre logo.
Inflação começava a ser controlada, o sistema bancário foi saneado, contas em dia, tudo em ordem para o país sair do atoleiro inflacionário - e a "carta aos brasileiros" havia acalmado os inquietos.
E Lula, sempre queixoso e crítico do passado, foi em frente. Buliu aqui, mexeu ali, falou muito e decolou. Popularidade aos montes, à frente de tudo e de todos nas pesquisas.
Tropeços vieram, o mensalão explode na sala ao lado da sua, mas ele não sabia de nada: Dirceu rola. Mansão suspeita, caseiro com sigilo bancário violado: rola o Palocci. E outros casos foram surgindo, algumas cabeças mais rolam, outras mudam de lugar. Popularidade sempre em alta. E Lula sempre sem saber de nada.
Lula decidiu que seria sucedido por Dilma.
Dilma cruzou um céu de brigadeiro, na onda da generalizada convicção de que o governo anterior, o do Lula, tinha sido excelente. Ela vinha com o compromisso de dar-lhe continuidade.
Agora, passados seis meses, entre uma trapalhada e outra, alguma coisa mudou nesse panorama.
O caso desabrocha na imprensa e rola o Palocci pela segunda vez. E aí desaba na lama o Ministério dos Transportes - pelo visto, praticamente todo.
E o governo Lula surge diferente. E Dilma, a "gerentona", também surge diferente.
Não é concebível que uma administração minimamente competente tenha permitido durante oito anos o progresso de uma máquina de corrupção tão alastrada, numa área tão importante para o país como os transportes, sem que ninguém percebesse.
Se Lula tinha mais o que fazer, Dilma estava lá tocando o PAC, capaz, severa, atenta e maternal. Ou não?
Lula disse que a herança recebida era maldita. Mas a herança que Dilma recebeu tem jeito de ser incomparavelmente pior. E ela própria, Dilma, é parte da herança - o que complica tudo.
O governo Lula é origem, e está comprometido com tudo isso que estamos sabendo agora. O governo Dilma, por conseqüência, também. E o PT também.
Presidencialismo de coalizão ou não, ninguém pode permitir bandalheira com dinheiro público, e ninguém pode se permitir não saber de bandalheiras quando assumem a proporção do que se está vendo. Até ignorância tem um limite, que se ultrapassado vira cumplicidade.
As explicações são insuficientes, a mímica da indignação não convence; a complacência não satisfaz, os bloqueios, as negaças e a desinformação ficam óbvias demais.
E como ficamos nós, o país? Maldita por maldita, a herança que recebemos de tudo isso não fica devendo nada a nenhuma outra...
* Edgar Flexa Ribeiro é educador, radialista e presidente da Associação Brasileira de Educação
Inflação começava a ser controlada, o sistema bancário foi saneado, contas em dia, tudo em ordem para o país sair do atoleiro inflacionário - e a "carta aos brasileiros" havia acalmado os inquietos.
E Lula, sempre queixoso e crítico do passado, foi em frente. Buliu aqui, mexeu ali, falou muito e decolou. Popularidade aos montes, à frente de tudo e de todos nas pesquisas.
Tropeços vieram, o mensalão explode na sala ao lado da sua, mas ele não sabia de nada: Dirceu rola. Mansão suspeita, caseiro com sigilo bancário violado: rola o Palocci. E outros casos foram surgindo, algumas cabeças mais rolam, outras mudam de lugar. Popularidade sempre em alta. E Lula sempre sem saber de nada.
Lula decidiu que seria sucedido por Dilma.
Dilma cruzou um céu de brigadeiro, na onda da generalizada convicção de que o governo anterior, o do Lula, tinha sido excelente. Ela vinha com o compromisso de dar-lhe continuidade.
Agora, passados seis meses, entre uma trapalhada e outra, alguma coisa mudou nesse panorama.
O caso desabrocha na imprensa e rola o Palocci pela segunda vez. E aí desaba na lama o Ministério dos Transportes - pelo visto, praticamente todo.
E o governo Lula surge diferente. E Dilma, a "gerentona", também surge diferente.
Não é concebível que uma administração minimamente competente tenha permitido durante oito anos o progresso de uma máquina de corrupção tão alastrada, numa área tão importante para o país como os transportes, sem que ninguém percebesse.
Se Lula tinha mais o que fazer, Dilma estava lá tocando o PAC, capaz, severa, atenta e maternal. Ou não?
Lula disse que a herança recebida era maldita. Mas a herança que Dilma recebeu tem jeito de ser incomparavelmente pior. E ela própria, Dilma, é parte da herança - o que complica tudo.
O governo Lula é origem, e está comprometido com tudo isso que estamos sabendo agora. O governo Dilma, por conseqüência, também. E o PT também.
Presidencialismo de coalizão ou não, ninguém pode permitir bandalheira com dinheiro público, e ninguém pode se permitir não saber de bandalheiras quando assumem a proporção do que se está vendo. Até ignorância tem um limite, que se ultrapassado vira cumplicidade.
As explicações são insuficientes, a mímica da indignação não convence; a complacência não satisfaz, os bloqueios, as negaças e a desinformação ficam óbvias demais.
E como ficamos nós, o país? Maldita por maldita, a herança que recebemos de tudo isso não fica devendo nada a nenhuma outra...
* Edgar Flexa Ribeiro é educador, radialista e presidente da Associação Brasileira de Educação
Um comentário:
Maldita herança, recebemos nós, das urnas das eleições de 2003 até a última, em 2010. Como sacudir êsse povo ignorante, prá que reajam com indignação, por todas essas safadezas?
Lula e seu PT são vitoriosos...venceram a capacidade do povo de pensar.
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