Informação em primeira mão
Uma baixa nas hostes de Colbert Martins Filho (PMDB). Peemedebista histórico, pintista e colberzista, o produtor rural Cláudio Soares decidiu deixar de apoiar o deputado federal Colbert Martins Filho em sua campanha a prefeito de Feira de Santana. Ao Blog Demais, ele alegou "desprestígio político" para tomar a decisão.
Filho de Demócrito Soares, que já foi vereador em Feira de Santana e presidente da Câmara, Cláudio Soares foi candidato a vereador em 1988, conseguindo então cerca de 550 votos. Por 38 anos ele se manteve junto a Francisco Pinto, a Colbert Martins e a Colbert Filho, atuando nos bastidores políticos. "Bem que Chico Pinto me alertou que eu não tinha prestígio com meu deputado", lembrou.
Segundo disse, "tenho muito respeito ao deputado Colbert Filho, homem íntegro e ilibado, mas ele não foi companheiro nem solidário comigo". Uma questão interna no partido motivou a decisão dele, que agora passa a apoiar a candidatura do deputado estadual Tarcízio Pimenta (DEM) à Prefeitura.
Um comentário:
As viúvas do velho Colbert
Começam a sair do luto
A postura de Cláudio Soares, por mais que as viúvas de Colbert se valham da ironia e do deboche que as caracterizam diante dos adversários, é o início inequívoco da morte anunciada do sonho sebastiânico de Colbert Filho sentar-se à cadeira que o seu pai honrou por dois mandatos.
A saída de Cláudio do PMDB, fruto da indiferença com que Colbert Filho trata seus aliados, certamente terá um efeito cascata sobre a sua candidatura, pois há mais gente do que se imagina pê da vida com a maneira amadorística de fazer política de Colbertzinho, com a sua postura principesca, diametralmente oposta à figura carismática do seu saudoso pai.
Só os ingênuos ou puros entendem a política como um ato meramente de fidelidade partidária, de doação pessoal ou engajamento ideológico cego, irrestrito e irreversível. Não é. Política é a arte da barganha, da luta pelo poder para usufruir dos frutos das conquistas eleitorais. Quem não divide os louros da vitória com os que participaram das batalhas acaba sozinho, sem base de sustentação e vulnerável às derrotas: lembre-se de Fernando Collor, que caiu em desgraça por não ter articulado uma base sólida de partidos aliados no Congresso?
Este é o problema de Colbert Filho. Ele entrou na política por cima, elegendo-se deputado estadual com a ajuda luxuosa do pai, que se iniciou neste mister como um simples vereador em Feira de Santana e conquistou uma das vitórias mais expressivas na história do legislativo feirense.
Colbert Filho nunca soube o que é correr atrás do voto do eleitor, sempre esperou que o reconhecimento à história pessoal do pai derramasse em graça e voto sobre as suas candidaturas, sempre de nariz empinado e se negando a negociar com as mesmas moedas comuns ao universo político-eleitoral. “Sou ético”, orgulha-se Colbert, como se a ética (que só vale como retórica ou sofisma) por si mesma tivesse algum valor na política, desde que o homem trocou as armas pela diplomacia, criando a política para resolver as suas disputas sem ter que sangrar num campo de batalha.
Colbert Filho é o lobo dele mesmo, autofágico e conservador, pode se dar por satisfeito de ter galgado tantos mandatos com o voto da gratidão do povo de Feira de Santana, que vem pagando um alto tributo por ser grato ao passado romântico da política local.
Em assim sendo, não é difícil deduzir que outros cláudios soares virão por aí, ávidos em se libertar das paixões que já não queimam mais nos corações cansados de esperar por dias melhores. As viúvas do velho Colbert começam a sair do luto.
Iracema Prudente de Lima
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