"Cinema em Feira de Santana" foi o tema da palestra do jornalista e memorialista Dimas Oliveira na reunião almoço do Rotary Club de Feira de Santana, do qual foi integrante, no início da tarde de terça-feira, 5, na Churrascaria Los Pampas.
Na data, Dia do Cinema Brasileiro, ele contou que desde 1955, há quase sete décadas, com sete anos, que assiste a filmes. "Em 1967, comecei a escrever sobre cinema no jornal 'Situação'. Depois, a partir de 1971, passei a escrever no jornal 'Feira Hoje"', lembrou. Ainda hoje, ele escreve no Blog Demais e nos jornais "Folha do Estado" e "NoiteDia".
Na sequência, memória sobre salas de cinema. "Desde 1910 que Feira de Santana assiste a filmes, então o cinema era mudo", ressaltou. Desfiou os cinemas Brasil, Elo de Ouro, Alemão - que se tem poucas informações -, mais Cine Theatro Santana e Cine Elite, um de frente ao outro, na rua Conselheiro Franco, que nos anos 20 concorriam na atração de público. "Na época Alcina Dantas e Anita Novaes se revezavam ao piano, executando ritmos compatíveis com as cenas exibidas. Nos filmes românticos com valsas e nos filmes faroestes com foxtrote", disse.
"Quando comecei a ver filmes, existiam o Cine Íris, Cine Plaza, Cine Santanópolis e Cine Madri. Também o Cine Santo Antônio e Cine Brasil", falou, citando datas e filmes da inauguração. "Depois, em 1973, Cine Timbira, que marcou em 1997, o fim dos cinemas de rua.
"Em 2001, o início da Era Multiplex, com as quatro salas do Orient CinePlace no então Shopping Iguatemi, hoje Boulevard. Antes do terceiro milênio, no final do século 20, existência do Cine Centro", falou ainda. Mais recentemente, citou a chegada do Cine Sercla. Primeiro no American Outlet, em 2017. Depois, com cinco salas, uma delas VIP, no Shopping Avenida.
Dimas passou a falar sobre Feira de Santana como cenário de filmes. "Em 1925, as primeiras imagens em movimento de Feira de Santana, quando o jornalista e folclorista paulista Cornélio Pires passou por aqui e gravou a feira do gado para a série 'Brasil Pitoresco'".
Ele destacou o cineasta Olney São Paulo, que a partir de "Um Crime na Rua" (1955) colocou Feira de Santana no cenário cinematográfico. "Olney foi motivado pela presença de Alex Viany que filmou aqui o episódio 'Ana' do filme internacional 'A Rosa dos Ventos' (Die Windrose), que inclusive lançou a atriz Marlena França, de longa carreira no cinema brasileiro", disse.
Outros filmes de Olney com Feira: "O Grito da Terra" (1964), "O Profeta da Feira de Santana" (1970), "Como Nasce uma Cidade" (1973), "Ciganos do Nordeste" (1976), "Pinto Vem Aí" (1977).
O palestrante salientou ainda sobre a cidade ser cenário de filmes e o fato de Glauber Rocha filmar aqui a sequência inicial de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", que considera "o melhor filme brasileiro de todos os tempos". Ainda teve filmagens em Feira, como elencou: "Trópico", de Gianni Amico, 1968, "O Amuleto de Ogum", de Nelson Pereira dos Santos, 1974, "O Pistoleiro", de Oscar Santana, 1976, "Urubu", de José Umberto e Robinson Roberto, 1977, "Ser Tão" e "Cantos Flutuantes", ambos de José Umberto, 1980, "Lamarca", de Sérgio Rezende, 1994, "Tieta do Agreste", de Carlos Diegues, 1996, entre outros, como "Lua Violada", de José Umberto, em 2004, e "O Imaginário de Juraci Dórea no Sertão: Veredas", de Tuna Espinheira, em 2013.
Por fim, Dimas rememorou da Associação de Críticos Cinematográficos de Feira de Santana, nos anos 60, do Clube de Cinema de Feira de Santa que ele presidiu em 1973, do movimento Super 8, bem como do lançamento de seus livros "cinema demais", em 2014, e "A Arte do Silêncio em Feira de Santana", em 2021, este em formato e-Book.
A reunião foi presidida por Jeidson Marques e contou com as presenças dos governadores Hugo da Cruz Dórea e José Raimundo de Azevêdo, que saudou o palestrante. O diretor de Protocolo Renato Ribeiro apresentou o perfil de Dimas Oliveira e Eliana Bueno entregou certificado. Miguel Dórea e André Dórea se manifestaram.