Por Arthur Virgílio
Passados a euforia dos golpes
publicitários e o efeito de um modelo em vias de esgotamento, aparecerá a
verdade: renúncia ao prosseguimento das reformas estruturais, política fiscal
fingidamente austera e na verdade flácida, necessidade de aumentar a taxa Selic
em 2013, inflação elevada (sempre bem acima do centro da meta de 4,5%),
crescimento medíocre.
O governo Dilma Rousseff ficará
marcado por quatro anos de inflação acima de 5% e crescimento médio beirando os
3%.
O governo, desde que o presidente
Lula decidiu que elegeria sua candidata a qualquer preço, abandonou a meta de
inflação e o Banco Central deixou de mirar o centro da meta para trabalhar, a
peso de maquiagens, o altíssimo teto da banda (6,5%).
A presidente Dilma, aliás, tem falado
muito em juros "europeus" para o Brasil, esquecida de que a inflação é "sul-americana" mesmo. Na Europa, o centro da meta é 2%. Aqui, a gastança e o
populismo não permitem que se pense em taxa anual abaixo de 5%.
Todos sabemos que uma economia, no
quadro atual, que passe vários anos sob inflação acima de 5%, dá no que já está
dando: greves espalhadas pelo Brasil, refletindo justas reivindicações dos
trabalhadores para recompor as perdas impostas pela carestia.
Em 15 meses, o governo Dilma acumula
inflação, medida pelo IPCA, acima de 8%. Só neste ano, raspa os 2%.
Escrevi, há alguns meses, aqui mesmo
neste Blog, que a diretoria do Banco Central tinha sido aparelhada pelo PT.
Afirmei que, agora sim, esse partido estreava no comando da economia:
protecionismo; BNDES privilegiando, discricionariamente, seus "campeões",
retomada de ideias errôneas do topo "um pouquinho a mais de inflação não faz
mal".
O PT começou derrapando, por sinal:
PIB de 2,7% e inflação de 6.5%. Neste ano, tudo leva a crer que teremos
inflação de 5,4% ou 5,5% e PIB novamente abaixo de 3%.
Semeiam vento. Qualquer desastre
climático pode botar tudo a perder. Jogam com a sorte. Brincam de Las Vegas.
Depois que o IPCA de abril veio acima
do esperado (o mercado apostava em 0,59% e a realidade cravou 0,64%, refletindo
pressão sobre os preços de alimentos e serviços), suponho que o governo já
esteja "idealizando" novas medidas para maquiar a alta dos preços.
Em 2011, alguns subterfúgios foram
empregados, no final do exercício, para que a inflação pudesse "caber" no
centro da meta.
Para 2012, a cesta de produtos que
compõem o IPCA teve seus pesos alterados. O resultado será a “diminuição” em
0,4% ou 0,5% da inflação ao ano. Trocando em miúdos: sem maquiagem, a inflação
de 2011 teria beirado os 7%. E a de 2012 beiraria os 6%.
2013 herdará inflação forte do ano
velho. E aí o Banco Central terá de aumentar a Selic ou deixar o dragão
galopar. Como esta segunda hipótese seria estúpida demais, podem os leitores e
as leitoras ter como certa a elevação das taxas de juros no próximo ano.
* Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado
Um comentário:
E dá raiva puvir o blá blá blá de Mantega. Nem posso imaginar como é que Dilma e Mantega dormem tranquilos, sabendo que um passo em falso...
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