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terça-feira, 3 de abril de 2012

"A inviabilidade da candidatura de Haddad a prefeito de São Paulo"

Por César Maia

1. Analisando a série histórica de prefeitos da cidade de S. Paulo, observa-se que praticamente todos eles representaram a direita. Luiza Erundina foi uma exceção, mas assim mesmo foi eleita com apenas 33% dos votos, passando Maluf nos últimos dias, mais pela curva descendente daquele que por seu perfil. Ainda não havia segundo turno. Ela teve enorme dificuldade para governar. Marta Suplicy elegeu-se graças a um segundo turno feito sob medida, contra Paulo Maluf, o que agregou a ela o PSDB. Serra, no segundo turno contra Marta, era a opção mais à direita e assim governou por um ano, deixando Kassab como prefeito por 7 anos, mantendo a tradição de prefeitos paulistanos à direita.
2. Haddad - como ministro da Educação - não deixou dúvidas sobre sua posição coerentemente socialista. E isso ficará cada vez mais claro no atual processo eleitoral. Se ele tivesse se mantido na área de finanças, onde trabalhou no governo Marta Suplicy, não produziria a insegurança que produz como ex-ministro da educação. Isso nada tem a ver com a performance dele como ministro, mas seu posicionamento ideológico.
3. E com o naipe de candidatos a prefeito de S. Paulo em 2012, será fácil para o eleitor identificá-lo assim, à esquerda dos demais. E na medida em que os temas - educação e cultura - entrem inevitavelmente no debate, a nitidez ideológica dos demais candidatos, à direita nestes dois temas, ganhará brilho.
4. Em S. Paulo estão principalmente centradas as ideias relativas às intervenções de institutos, fundações, empresas, editoras, TVs, ongs, na esfera pública da Educação e da Cultura. Esta abrangência inclui não só os grandes patrocinadores privados, que dão sustentação a projetos, como os próprios meios de comunicação. Dessa forma, forma-se um sanduíche sobre o candidato da esquerda a prefeito de S. Paulo, cujo tema básico será, compulsoriamente, a Educação. De um lado, a tendência histórica do paulistano de votar à direita. E, do outro lado, a visão privada sobre educação pública, financiada e articulada através de Institutos e Fundações, vendendo pacotes e estabelecendo parcerias.
5. O mais provável é que Haddad não vá sequer ao segundo turno. Mas, se for, não encontrará a facilidade de um Maluf em descenso para enfrentar. A derrota de Marta Suplicy na reeleição, que fez um governo bem avaliado, é mostra disso. Nas Capitais é o único caso de um prefeito bem avaliado perder a reeleição. Em outubro de 2004, ela tinha 48% de ótimo+bom, segundo o Datafolha.
6. Lula não se deu conta disso e agora não pode voltar atrás. Escolheu pelo perfil pessoal, certamente positivo, e se esqueceu da tradição eleitoral dos paulistanos e das resistências citadas ao tema, que vem colado a seu candidato. E de nada adiantará declaração, juras e "carta aos paulistanos". A imagem fixada será mais forte e a desconfiança do "andar de cima", ainda mais.
7. "Quem viver verá."
Fonte: "Ex-Blog do César Maia"

Um comentário:

Mariana disse...

Haddad não tem a menor chance.