O contraventor
Carlinhos Cachoeira providenciou a liberação de um avião para prestar ajuda ao
ex-presidente da Delta Fernando Cavendish, após o acidente de helicóptero que
causou a morte da mulher do empresário, em junho de 2011. O pedido foi feito a
Cachoeira um dia após a tragédia, no litoral baiano, pelo ex-diretor da Delta
no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, preso pela Polícia Civil do Distrito Federal na
semana passada. A aeronave foi emprestada pelo suplente do senador João Ribeiro
(PR-TO), Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), amigo de Cachoeira e, à época, no
exercício do mandato no Senado.
O objetivo do
empréstimo do avião, de acordo com conversa telefônica interceptada pela
Polícia Federal entre Cachoeira e Ataídes, era conduzir Cavendish e Cláudio
Abreu da Bahia rumo ao Rio de Janeiro. Na Bahia, antes do acidente, Fernando
Cavendish comemoraria seu o aniversário na companhia de familiares e amigos,
como o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). A tragédia resultou na morte de sete
pessoas. O ex-presidente da Delta vem sustentando que desconhecia a ligação
entre Cláudio Abreu e o grupo do bicheiro Cachoeira.
Abreu faz o pedido
a Carlinhos Cachoeira em 18 de junho, sábado. O ex-executivo da Delta aparece
como o porta-voz de uma solicitação do diretor de operações da empresa no Rio,
Dionisio Janoni Tolomei, que estaria enfrentando dificuldade para encontrar uma
aeronave disponível na cidade do Rio.
- Será que seria
demais pedir o avião do Ataíde emprestado, cara? - pede Abreu.
- Pode ligar para
ele aí. Liga aí - autoriza Cachoeira.
- Tá uma
dificuldade. (...) O diretor lá do Rio, o Dionísio, me pediu ajuda. Tá pedindo
até pra mim ir pra lá (Bahia). Tô combinando de ir para lá amanhã, pela manhã -
explica Abreu.
Em outra ligação,
logo após o próprio Cachoeira telefonar para o então senador Ataídes e pedir o
empréstimo do avião, Abreu lamenta profundamente o acidente e pede ao
contraventor que envie uma mensagem de condolências para Fernando Cavendish.
- Mandei uma
mensagem para ele. Depois você manda uma mensagem também. Telefone, ele não tá
atendendo, mas mensagem ele tá respondendo. Me emocionei com a mensagem que ele
me respondeu - relata Abreu.
Na conversa com
Ataídes de Oliveira para pedir a aeronave emprestada, Carlinhos Cachoeira
explica que "Fernando" está acompanhado do governador do Rio, Sérgio Cabral.
Porém, não menciona se a aeronave serviria ou não para transportar também
Sérgio Cabral.
- O Cláudio
(Abreu) ligou mais cedo, contando a história do Fernando. Eu falei: "Caramba,
meu Deus" - relata Ataídes.
- Tava lá com o
governador do Rio. O Sérgio.... como é que chama? - questiona Cachoeira.
- É o bom de fala.
O Sérgio Cabral. Você não vai, não? - pergunta Ataíde.
- Não. É só o
Cláudio. O Cláudio vai lá no Fernando. E o Fernando vai no Rio com o Cláudio,
entendeu? - explica o contraventor.
Os advogados de
Carlinhos Cachoeira e da Delta Construções vêm afirmando que não podem se
manifestar sobre conversas telefônicas interceptadas dentro do processo
judicial, divulgadas de forma pinçada e descontextualizada. Ontem, a reportagem
procurou Ataídes de Oliveira, porém ele não retornou aos contatos até o
fechamento desta edição.
Fonte: "O Globo"
Um comentário:
Quanto mais as "coisas" vão aparecendo, mais se descomplicam(mesmo), porque menos chances de investigarem a fundo esta história. Se quase 100% dos componentes da CPMI é governista(PMDB e PT), imagine se não irão arquivar tudo!! Se bobear, até Demóstenes entrará de carona nessa cachorrada...
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