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No Domingo de Páscoa

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terça-feira, 6 de junho de 2017

"Lucas da Feira - Um bandido como tantos..."

Por Antônio do Lajedinho
Muito se tem escrito sobre Lucas da Feira, um bandido que entrou na história do crime porque era escravo e os escravos costumavam fugir para os quilombos, nunca para roubar, e também eram raros os latrocínios, principalmente em cidades do interior, e Lucas foi um latrocida cruel, em uma época plena de paz. O seu enforcamento contribuiu definitivamente para sua entrada nos anais da história. Afinal foi o primeiro latrocida a ser condenado, em Feira de Santana, à morte, por enforcamento.
Ainda menino, oitenta anos após seu enforcamento, minha bisavó contava a história de Lucas e ajuntava o seu famoso ABC, feito por algum cordelista da época, cujas estrofes das duas primeiras letras nunca me esqueci, porque era com elas que eu, quando criança, argumentava o nascimento de Lucas em São Gonçalo e não em Feira:
Adeus Saco do Limão/ Terra onde nasci/ Vou preso para a Bahia/ Levo Saudades de ti/ Bem me diziam meus sócios/ Que eu mudasse de condição/ Que Cazumbá, por dinheiro/ Fazia pintura do cão.
Saco do Limão era uma fazenda pertencente a São Gonçalo dos Campos.
Mas o motivo que me faz relembrar a história de Lucas Evangelista dos Santos, o Lucas da Feira, é a versão de pessoas que desconhecem o processo que deu origem às investigações dos crimes cometidos por Lucas. Alguns, encantados com filmes americanos de Robin Hood, chegam ao absurdo de afirmar que Lucas roubava dos ricos para dar aos pobres, que lutava pela causa da abolição, que era o defensor dos escravos, que era socialista, que fora muito maltratado pelos seus senhores (o último foi um padre) e um monte de qualidades boas que ele nunca teve. No julgamento de Lucas o Conselho de Sentença reconheceu entre outros crimes como estupro, assalto a mão armada etc., três latrocínios. Não me recordo dos nomes das vítimas, mas lembro-me que um era comerciante, outro lavrador e o terceiro esqueci. Nos três casos ele matou as vítimas para roubar. Existiram outras mortes e muitos roubos de pessoas pobres e ignorantes que nunca foram relatados por medo de represália.
Nas diversas bibliotecas de Feira deve haver o livro "Lucas da Feira" de autoria do Dr. Inocêncio Marques, onde o autor apresenta todas as fases dos inquéritos Policial e Judicial, até final sentença, quando foi condenado ao enforcamento em praça pública. A sentença foi cumprida em 1849 e o local escolhido foi entre duas seculares gameleiras que existiam onde hoje está o jardim da praça D. Pedro II, a do Nordestino. A cruz, que marcava o local da sua morte, ficava em frente do local onde hoje está a Casa do Pão. Ao enforcamento compareceu todo o povo de Feira e, segundo ouvi dos mais velhos, compareceu, ao lado das autoridades, a banda de música. Sem dúvida para dar o tom solene do ato.
Quem quiser fazer apologia ao crime, tenha-o como herói, defensor dos pobres, abolicionista, socialista etc. Para mim, é o que foi: assaltante, estuprador, ladrão, criminoso bárbaro e latrocida perverso.
Fonte: Blog "A Feira Antiga"

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