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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

"O feminismo como a grande causa revolucionária"

Por Mário Chainho
O feminismo não começa na inveja, ao contrário do que muitos pensam. A inveja existe "desde sempre", ao passo que o feminismo é um fenômeno relativamente recente na História.
Na realidade, como quase todos os fenômenos sociais, o feminismo teve as suas origens nas classes mais invejadas, ou seja, em certas elites que no final do século XIX começaram a defender algumas "causas", como a das sufragistas. No fundo, era uma resposta à sufocante mentalidade burguesa embora vinda também, em grande parte, dos próprios burgueses enfadados com a vida e que facilmente encontravam emoção nas ideias revolucionárias.
A sociedade burguesa criou inúmeras contradições e esta foi apenas mais uma. A sociedade tinha um nível de riqueza nunca visto antes e, por isso, foi dado às mulheres o privilégio de não terem de trabalhar. Mas num mundo de aparências, um privilégio não aproveitado é visto como uma afronta, e rapidamente se constituiu numa espécie de obrigação. Por outro lado, o privilégio dos homens serem os únicos votantes enfrentava dois empecilhos na sociedade burguesa: por um lado, o homem já não cumpria mais a função de chefe e defensor da família, sendo essas funções cada vez mais desempenhadas pelo Estado; por outro lado, isso contrariava a ideologia da "igualdade", que deixava de ser uma "igualdade perante Deus" para ir se transformando numa fantasia de igualitarismo social. Assim, é natural que que o alargamento do direito de voto às mulheres tenha sido a principal bandeira do início do feminismo, porque era a solução mais lógica para as contradições existentes. Na realidade, há quem nem chame esta primeira fase de feminismo, por parecer uma coisa tão diferente e muito mais decente que o feminismo tardio, mas há uma fator comum, que é a confusão inocente e propositada de alguns factores, como a assinalada confusão entre privilégio e obrigação.
O feminismo na primeira metade do século XX não tinha condições para ampliar o seu espectro de reivindicações e de se espalhar pela população. É fácil de perceber porquê, dado que nas duas guerras mundiais foram os homens que tiveram o "privilégio" de ir morrer em massa nos conflitos. Apenas depois da Segunda Guerra Mundial e de se ter espalhado a ideia de uma paz perpétua kantiana foi possível começar a reivindicar para as mulheres os mesmos direitos que os homens tinham. Podemos questionar se a Guerra Fria não podia ter colocado um freio nisto mas, se olharmos com atenção, vemos que não. Depois de se ter percebido os efeitos das armas atômicas e nucleares, ficou patente que as armas tinham um poder tão grande que o os seres humanos tinham um papel irrelevante, quer fossem homens ou mulheres. Isto na realidade não era bem assim, mas de certa forma criou a ideia de que as armas modernas tinham igualado as mulheres aos homens.
O feminismo do pós-guerra (ou segunda onda do feminismo, como por vezes é chamado) já não tem apenas uma certa dose de contradição embutida, o que é quase inevitável em qualquer proposta real, mas é essencialmente uma fraude. É até incompreensível que tão pouca gente tenha se dado conta de que a suposta libertação das mulheres era na realidade uma escravidão de facto, onde havia uma pequena dose de liberdade para alguns caprichos. Primeiro, o direito das mulheres trabalharem em todo o tipo de postos era, como é óbvio, o fim de um privilégio, mesmo que este possa ser sentido com incômodo. Em segundo lugar, a mulher era libertada da "escravidão da natureza", e já não era mais obrigada a ser mãe e podia ser "o que ela quisesse". Mas isto era feito com o auxílio da ciência, o que criava uma situação peculiar e que ainda hoje pouca gente quer perceber.
A ciência moderna possibilitou que existisse uma coisa chamada "planeamento familiar", que hoje é um considerado quase que universalmente como um bem inegável. Mas o planeamento familiar quer dizer, primeiro que tudo, que os filhos já não são uma dádiva de Deus (ou da natureza) mas são fruto de uma escolha deliberada dos pais. Parecia uma milagrosa libertação do ser humano dos ciclos impostos pela natureza, e agora cumpria-se a proposta humanista da soberania do "eu". De início, o planeamento familiar foi usado sobretudo para limitar o número de filhos, ou seja, ao invés dos casais terem 7, 8 ou mais filhos, passavam a ter apenas 2 ou 3. Mas, vendo bem, para quê ter 2 ou 3 filhos quando se pode ter apenas um? As famílias libertavam-se supostamente da natureza, mas tinham agora de viver numa sociedade estruturada cada vez mais pelas ciências, em que praticamente "tudo o que não era proibido se tornava obrigatório". Os bens de consumo irrelevantes criados pela ciência e pela tecnologia obrigavam também que as pessoas adiassem cada vez mais a paternidade e se dedicassem a períodos cada vez mais extensos de futilidade. Assim, as mulheres que na idade média começavam a ter filhos pelos 14 anos, no pós-guerra já começavam a ser mães pelos 24, e mais recentemente serão mães (quando o são) mais por volta dos 34 anos. Por essa altura as mulheres já devem ter perdido as ilusões de que iriam ser todas administradoras de grandes empresas e percebem que andaram a desperdiçar os seus melhores anos a fazer coisas que apenas lhes criam uma sensação de vazio.
O feminismo parecia ser uma coisa em extinção no início dos anos 90. Por um lado, a parte mais folclórica do feminismo - mulheres queimando soutiens e não fazendo depilação - era ridicularizada. Por outro lado, o modo de vida moderno, anti-família e cheio de estresse, tornava-se cada vez mais desconfortável. Havia uma certa vontade de "voltar atrás" e foram tempos em que papa João Paulo II tinha algum impacto na sociedade apelando a um modo de vida mais "conservador".
Contudo, a causa feminista tinha um potencial revolucionário enorme e não foi descartada assim facilmente. A clássica "luta de classes" marxista cria uma certa fractura social, que na verdade já existe em alguma medida, mas tem um alcance limitado, porque estas classes já vivem mesmo largamente separadas. Mas o feminismo divide literalmente a humanidade ao meio e coloca um parte contra a outra em permanência. Assim, o feminismo foi renovado e tornado ainda mais radical. Podemos questionar como foi possível renovar um movimento que tinha caído num descrédito tão grande. Isso acontece porque novas gerações entram em ação na sociedade e, por regra, ignoram quase tudo o que veio antes delas. Desta forma, estas gerações são facilmente manipuladas pelos velhos revolucionários, que na verdade são dos poucos que compreendem como funcionam as transformações sociais.
O feminismo de terceira vaga não se limita a pedir igualdade de direitos, o que já era algo com uma grande dose de falsidade, mas exige uma reparação histórica pelas injustiças cometidas às mulheres. É impressionante como o argumento podia ser rebatido em grande parte ou mesmo até invertido, bastando lembrar como as mulheres foram largamente poupadas ao esforço da guerra ao longo dos milênios. Mas foi possível implementar a fraude porque a industria da comunicação social, as universidades, o mundo do espetáculo, as editoras e demais instâncias culturais passaram a responder a umas poucas vozes. Assim, em pouco tempo cria-se a ilusão de que está ocorrendo uma grande transformação social, o que depois se transforma numa profecia auto-realizada, dado o estado atomístico em que as pessoas se encontram, tendo pouco mais liberdade do que colocar em prática o desejo mimético.
Os efeitos desta terceira vaga de feminismo têm sido catastróficos. Hoje, muitos homens morrem de medo das mulheres e acham que nunca poderão fazer o suficiente para aliviar uma data de culpas históricas que receberam à nascença. Isto quer dizer que temos já uma ou duas gerações que praticamente já não conhecem o sexo oposto a não ser de forma esquemática e enviesada. De certa forma, o preservativo é o símbolo perfeito para ilustrar estas gerações, que necessitam de uma proteção para se aproximar do outro sexo, tal o perigo que ele encerra. Ao mesmo tempo, as mulheres talvez estejam mais vulneráveis aos predadores sexuais do que em qualquer outra altura, porque estes não se preocupam com as convenções sociais e os outros homens não imaginam que têm a função de proteger as mulheres.
Mas o pior deu-se ao nível da alteração da percepção do valor da vida. A contradição de certa forma estava embutida na proposta humanista, que foi em muito ajudada pelo liberalismo tornado ideologia política, que é o eterno capacho dos socialistas. O ser humano que se torna no critério último, na prática vai impor-se sobre o outro. Assim, a mulher que não é mais obrigada a conceber, caso venha a ser mãe é porque já está a fazer uma concessão ao filho. Neste contexto incontestado, o aborto tornar-se-ia, mais tarde ou mais cedo, num direito libertador. Aquelas pessoas que são contra o aborto porque este significa a morte de um ser humano não percebem que este argumento tem pouca ou nenhuma eficácia em sociedades em que o feminismo se implantou quase como se fosse senso comum. Depois de se espalhar a ideia de planeamento familiar, cada vida humana é fruto da liberdade do casal, caso contrário é considerada uma irresponsabilidade. Assim, a liberdade de escolha antecede e, aparentemente, afigura-se como superior à própria vida humana.
Mas isto não é auto-contraditório? Sim, porque o valor da liberdade humana deriva da própria existência humana, pois só quem é vivo pode decidir. Contudo, o ser humano tem a capacidade de se abstrair da experiência real e apenas considerar uma parcela, podendo depois tomá-la como absoluta. E a abstração não tem que ficar por aqui e, por isso, o aborto está longe de ser o limite. O império da liberdade humana exigirá, pela sua própria natureza demente, que o infanticídio e a pedofilia façam parte dos direitos humanos.
Fonte: "Mídia Sem Máscara"

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