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No Domingo de Páscoa

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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Lembrança do Cine-Teatro Santana


1. Fachada do Cine-Teatro Santana
2. Ilustração de Juraci Dórea do Cine Santana, no livro "O Lobisomem de Feira de Santana" de Fernando Ramos, lançado em 2002


Sou uma das cinqüenta mãos que escreveram para o livro "Feira de Sant'Anna: Histórias e Estórias dos Séculos XIX e XX", que o Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana (IHGFS)  lançou na noite desta quinta-feira, 26, no Museu Parque do Saber Dival da Silva Pitombo.
Escrevi o artigo Lembrança do Cine-Teatro Santana

"Cine-Teatro Santana, que me faz sonhar, 
outrora com bandidos roubando a minha coleção de selos 
e com certa lourinha mordendo-me a ponta do nariz!" 
Há 96 anos, em 24 de maio de 1919, a inauguração do Cine-Teatro Santana, a partir da fusão do Cinema da Vitória e o Teatro Santana, que existiam no século XIX. O espaço passou a ser utilizando tanto para as exibições de filmes, quanto para os espetáculos teatrais, musicais e literários. Era situado na antiga rua Direita, atual rua Conselheiro Franco, em área pertencente à Santa Casa de Misericórdia. O espaço era considerado um instrumento de difusão dos ideais de civilidade e modernização.
Quando cheguei a Feira de Santana, no início dos anos 50, a sala não mais existia. Assim, nunca assisti a um filme no local. Ainda criança e adolescente sempre passava em frente da fachada preservada do prédio. Depois, foi derrubado para servir de estacionamento.
O que sei sobre o Cine-Teatro Santana foi contado pelo meu pai, Carlos Simões de Oliveira, habituê do espaço, de quem herdei o gosto pelo cinema. Eliziário Santana, seu confrade no charadismo, então era o proprietário do Cinema Santana.
Também sei através do historiador Antonio Moreira Ferreira, Antonio do Lajedinho, que conta sobre o Cinema:
"(...) Tendo na frente uma porta larga que servia de entrada para a sala deespera, mais duas portas de frente, para saída, e duas bilheterias entre as portas. Ainda na frente existiam três janelas na parte alta, no mezanino, que, com advento do cinema, foram fechadas as laterais e transformadas em seteiras. A central onde foi instalada máquina de projeção. (...) A parte interna era mobiliada com cadeiras, tendo uma divisão na parte próxima do palco."
Quanto às exibições de filmes e séries, foram apresentados aqueles que tinham a participação de atores renomados no período, como Buck Jones, Buster Keaton, Charles Chaplin, Douglas Fairbanks Jr., Rodolfo Valentino, Tom Mix, entre outros. Filmes como "Tarzan, O Homem Macaco" (Tarzan of the Apes), de Scott Sidney, 1919, com Elmo Lincoln; "O Garoto" (The Kid), de e com Charles Chaplin, 1921; "O Filho do Sheik" (The Son of the Sheik), de George Fitzmaurice, 1926, com Rodolfo Valentino e Vilma Banky; "A General" (The General), de e com Buster Keaton, 1926; "Cavalheiro Amador" (The Amateur Gentleman), de Thornton Freeland, 1936, com Douglas Fairbanks Jr. e Elissa Landi;  "Flash Gordon"  (Flash Gordon), de Frederick Stephani, 1936, com Buster Crabbe e Jean Rogers; "As Aventuras de Sherlock Holmes" (The Adventures of Sherlock Holmes), de Alfred L. Werker, 1939, com Basil Rathbone e Nigel Bruce; e muitos outros.
Os espetáculos musicais ficavam a cargo das filarmônicas locais - Euterpe Feirense e 25 de Março e Vitória   que faziam sarais, além cantores de fora que animavam a noite das elites feirenses com diversos ritmos. A poetisa e musicista Georgina Erismann, criadora do Hino à Feira, por várias vezes se apresentou no espaço. Em 1919, quando da passagem do Circo Belga pela cidade, foi realizada uma exibição da trupe belga Leb Alberts e "seus cães sábios".
Nas apresentações teatrais, destaque para o Grupo Dramático Taborda, o Grêmio Lítero-Dramático Rio Branco e as apresentações de cunho religioso organizados por grupos como o núcleo das Noelistas.
Além de um espaço de cultura e lazer, o Cine-Teatro Santana foi palco de grandes eventos políticos, como a conferência de Rui Barbosa, quando de sua visita a Feira de Santana, em 25 de dezembro de 1919. Foi quando ele denominou Feira de Santana
Eurico Alves Boaventura no poema "Cinema" (trecho no início deste texto), destaca que o cinema era um espaço para se sonhar.
Antonio do Lajedinho diz mais que a platéia se entusiasmava com as exibições dos filmes: "a rapaziada fazia questão de ocupar as gerais, porque ali todos aplaudiam batendo o acento da cadeira e gritando a cada castigo que o mocinho aplicava no bandido."
Ao piano, Anita Novais executava ritmos compatíveis com as cenas exibidas. As de amor eram acompanhadas com valsas. As de pancadaria, com fox-trot.
Durante 30 anos, até o final da década de 40, o Cinema Santana funcionou sem concorrentes.

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