Por Augusto Nunes
Em 2010, coligado com o PSB
de Eduardo Campos, o PT de Pernambuco garantiu uma das duas vagas no Senado
para o companheiro Humberto Costa (a outra ficou com Armando Monteiro) e elegeu
quatro deputados federais. Animado com o desempenho do partido, Lula resolveu
mostrar em 2012 que dava as cartas na capital do estado onde nasceu. Sem
consultar ninguém, proibiu o companheiro João da Costa de concorrer à
reeleição, ignorou os demais interessados e avisou que o prefeito do Recife
seria Humberto Costa. Eduardo Campos sacou do coldre a candidatura de Geraldo
Júlio, secretário do Desenvolvimento Econômico, e devolveu ao Senado o poste
fabricado pelo ex-presidente.
Passados dois anos, Lula
reprisou o show de arrogância. Novamente sem consultas aos sacerdotes, o único
deus da seita ordenou ao rebanho pernambucano que se subordinasse à coalizão
liderada pelo petebista Armando Monteiro, candidato a governador . O PT teve de
conformar-se com a indicação de João Paulo, ex-prefeito do Recife ao Senado. A
aliança forjada pelo genial intuitivo foi muito bem nos institutos de pesquisa.
Pena que o eleitorado teime em discordar dos ibopes da vida. Escolhido por
Eduardo Campos, o quase desconhecido Paulo Câmara massacrou Monteiro com um
recorde nacional: 68% do total de votos.
O triunfo póstumo do
governador abatido por um acidente aéreo foi ampliado pelos 64% do senador
eleito Fernando Bezerra, que devolveu João Paulo às sessões de meditação, e
pelo sumiço da bancada na Câmara: o PT não elegeu um único e escasso deputado federal. Pior
ainda, o segundo turno da eleição presidencial pode tornar bem mais
sombrio o opaco desempenho do PT em Pernambuco. Na primeira etapa, Marina Silva
venceu com 48% dos votos, Dilma conseguiu 44% e Aécio amargou minguados 6%.
O apoio público de Marina e da família Campos deverá, na pior das
hipóteses, aumentar substancialmente a votação de Aécio e, como efeito colateral,
reduzir o raquitismo do eleitorado tucano no Nordeste.
Somado ao naufrágio de
Alexandre Padilha e Dilma Rousseff nas urnas de São Paulo, o fiasco de Lula na
terra natal informa que a fábrica de postes não sobreviverá à remoção do que
escurece o Planalto há quatro anos. Por falta de fregueses, a produção já foi
interrompida. A hora da falência chegou.
Fonte: "Direto ao Ponto"
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