Por Reinaldo Azevedo
O PT está desorientado. Desorientado como nunca se viu. Não sabe o
que pensar, o que fazer, o que falar. Se a dianteira do tucano Aécio Neves é de
2 pontos, de 8 ou de 18 - segundo os mais variados institutos -, isso, não
sabemos. Mas ninguém duvida de que esteja à frente de Dilma - nem os próprios
petistas. O PT não larga atrás no segundo turno desde 1989 (em 1994 e 1998, FHC
se elegeu no primeiro). E isso, não tem jeito, acaba induzindo a erro. Dilma
está falando bobagens sobre a investigação, João Santana erra a mão no horário
eleitoral - o do tucano está muito melhor -, e os terroristas da Internet,
atônitos, enfiam as patas traseiras pelas patas dianteiras, numa escalada de
virulência também inédita.
Tudo isso vai caracterizando uma espécie de vale-tudo e de jogo
sujo contraproducente. Neste domingo, Marina Silva tem tudo para anunciar o
apoio a Aécio - algum efeito terá. De todo modo, parece que a esmagadora
maioria do seu eleitorado já migrou para o tucano por conta própria. Como pano
de fundo - e, ao mesmo tempo, protagonista -, o escândalo de dimensões inéditas
na Petrobras. No Nordeste, o candidato do PSDB vai abrindo trincheiras, com o
apoio do família Campos em Pernambuco, com um Tasso Jereissati senador no
Ceará, com um ACM Neto na Bahia.
Dilma e a Petrobras
A candidata do PT está perplexa. Nem a maquiagem nem a marquetagem de João Santana conseguem esconder. Quando alguém, na sua condição, também presidente da República, usa o tempo para criticar a investigação e para acusar perseguição - não nos esqueçamos de que a operação Lava Jato nasceu de uma investigação da Polícia Federal -, eis, então, um sinal de que as coisas vão de mal a pior.
A candidata do PT está perplexa. Nem a maquiagem nem a marquetagem de João Santana conseguem esconder. Quando alguém, na sua condição, também presidente da República, usa o tempo para criticar a investigação e para acusar perseguição - não nos esqueçamos de que a operação Lava Jato nasceu de uma investigação da Polícia Federal -, eis, então, um sinal de que as coisas vão de mal a pior.
Dilma se queixa de "vazamentos seletivos". Infelizmente para ela,
os depoimentos que já começaram a causar um terremoto no mundo político - e
estamos só no começo - não pertencem àquela parte da investigação coberta pelo
sigilo de Justiça; não integram a fatia de depoimentos da chamada "delação
premiada".
Não tendo o que dizer, Dilma diz, então, qualquer coisa e pede que
tudo seja divulgado, como se o "tudo" lhe pudesse ser benéfico. Ora, não nos
esqueçamos de que, segundo apurou a VEJA, a parte sigilosa dos depoimentos
atinge, por exemplo, o seu ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, além de
algumas cabeças coroadas do PMDB.
Pois é… Paulo Roberto contou tudo. As diretorias eram separadas em
cotas partidárias. O PT tinha a de Serviços, a de Exploração e Produção e a de
Gás e Energia. O PP ficava com a de Abastecimento - que era a do engenheiro -,
e o PMDB, com a Internacional. Cada partido tinha o seu operador para cuidar do
serviço sujo.
Ele deu detalhes de como a coisa funcionava, por exemplo, na de
Serviços, que era comandada pelo petista Renato Duque:
"A diretoria de Serviços, através da comissão de licitação, ia no cadastro, escolhia as empresas de acordo com a complexidade da obra, de acordo com valor da obra aproximado, que já se tinha ideia etc, e separava as empresas. Então, quem fazia tudo isso era a comissão de licitação interna da companhia, da Petrobras". Eis aí.
"A diretoria de Serviços, através da comissão de licitação, ia no cadastro, escolhia as empresas de acordo com a complexidade da obra, de acordo com valor da obra aproximado, que já se tinha ideia etc, e separava as empresas. Então, quem fazia tudo isso era a comissão de licitação interna da companhia, da Petrobras". Eis aí.
Que se note: em nenhum momento Paulo Roberto nega que ele próprio
cometesse também aos crimes. Ao contrário: ele narra a história na condição de
um dos operadores. O que Dilma queria? Que os donos da Petrobras - os
brasileiros - fossem privados dessas informações? Por quê?
O PT nega tudo e tal, mas as provas do crime estão lá, com a
Polícia Federal, com o Ministério Público e com a Justiça. Na hora em que essa
história chegar, de fato, aos engravatados é que a terra vai tremer. NOTEM QUE,
ATÉ AGORA, NÃO SE SABE QUEM ERA O VERDADEIRO CHEFE DO ESQUEMA. Não se enganem:
numa engrenagem como essa, alguém dava a última palavra e harmonizava os
interesses. Quem???
Horário eleitoral
As circunstâncias estão forçando o horário eleitoral de Dilma na TV a ser reativo, tenso, mal humorado, rancoroso e terrorista. O partido tenta empregar contra a Aécio a tática empregada contra Marina, sem se dar conta de que, de fato, não tirou votos da candidata do PSB com aquela retórica. Embora as pesquisas tenham deixado de apontar a tempo, eles estavam migrando para Aécio - ou voltando para ele, sabe-se lá.
As circunstâncias estão forçando o horário eleitoral de Dilma na TV a ser reativo, tenso, mal humorado, rancoroso e terrorista. O partido tenta empregar contra a Aécio a tática empregada contra Marina, sem se dar conta de que, de fato, não tirou votos da candidata do PSB com aquela retórica. Embora as pesquisas tenham deixado de apontar a tempo, eles estavam migrando para Aécio - ou voltando para ele, sabe-se lá.
Dia desses, no metrô, ouvi uma conversa de pessoas simples,
sem, vamos dizer, sotaque universitário. Uma das mulheres dizia à outra: "Cê vai ver: agora o PT vai começar a xingar o Aécio; eles sempre fazem isso…"
E, de fato, eles sempre fazem isso. E isso era de tal sorte esperado que há uma
boa possibilidade de que ninguém dê bola.
O PT opta pelas piores práticas de demonização de pessoas e de sua
biografia. Transformar Armínio Fraga e FHC em inimigos do salário mínimo é uma
fraude, uma mentira, uma indignidade. Inferir que o ex-presidente agrediu
nordestinos é indecoroso. Eis aí: de fato, a propaganda de Aécio passou a falar
em nome da mudança e da esperança. Ao PT, restou o exercício do medo, do ódio e
do ressentimento.
Faltam 13 dias para o segundo turno. Há pela frente os debates,
que, agora sim, oporão de verdade os candidatos com chances de vencer a
disputa. Dá para dizer que Aécio já ganhou? É claro que não! Mas já dá para
afirmar com absoluta certeza que Dilma perdeu o juízo. Ao chamar de golpistas
os eleitores que se negam a votar nela, evidenciou que, no fundo do peito,
ainda nutre um profundo desprezo pela democracia. Pode ser inexperiência.
né? Afinal, ela venceu até hoje 100% das eleições que disputou: UMA. Não deve
saber que é a derrota que evidencia se o político aderiu ou não aos valores
democráticos - afinal, é só nas tiranias que o mandatário vence sempre,
governanta!
Parte da herança maldita do petismo o atropelou na reta final da
disputa. À diferença de Dilma, eu respeito as urnas, mesmo quando não gosto do
resultado - estou achando que, nesse caso, há uma boa chance de um gostar. E,
porque respeito, encerro assim: que o eleitor decida. A democracia existe para
que ele exerça a sua soberania, não para que um partido vire o dono da
sociedade.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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