Por Reinaldo Azevedo
O PT está numa enrascada. O pior é que, a depender do resultado
das urnas, o Brasil também. Vamos ver, como diria o poeta Horácio - na bela ode
em que homenageia a sua Leuconoe -, que destino os deuses nos reservam.
Conforme for, a pessoa que encabeçar o próximo quadriênio não chegará ao fim do
mandato, que pode ser abreviado ou pela Justiça ou por um processo de impeachment.
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, prestou seu
primeiro depoimento à Justiça depois do acordo de delação premiada. Ele sabe
que, caso comece a dizer sandices e invencionices, o pacto é desfeito, e ele
arca não só com o peso inicial dos delitos cometidos como com sanções novas.
Assim, deve-se, quando menos, prestar atenção ao que diz.
Segundo informa a 'Folha' (ver post anterior), ele afirmou com todas
as letras que o esquema corrupto que ele operava na Petrobras para políticos
recebia 3% do valor líquido do contrato com a estatal. O dinheiro era dividido
entre ele próprio e três partidos: PT, PMDB e PP. Segundo a PF, a quadrilha
chegou a movimentar R$ 10 bilhões na estatal. Sim, dez BILHÕES! Teriam atuado
no esquema Sérgio Machado, presidente da Transpetro - de quem Paulo Roberto
admite ter levado uma propina de R$ 500 mil -, Nestor Cerveró, Jorge Zelada e o
petista Renato Duque, todos ex-diretores da estatal.
Mas não só. José Eduardo Dutra, atual diretor Corporativo e de
Serviços, também seria ligado ao grupo. Pois é… Dutra foi um dos coordenadores
da campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2010. Pertencia ao trio que
Dilma apelidou de "Os Três Porquinhos". Os outros "porquinhos" eram José
Eduardo Cardozo, atual ministro da Justiça, e Antonio Palocci, que, segundo
Paulo Roberto, pediu R$ 2 milhões ao esquema em 2010 para pagar contas da
campanha de Dilma.
Nestor Cerveró, um dos acusados por ele, é o homem que organizou a
operação de compra da refinaria de Pasadena, que, segundo o TCU, deu um
prejuízo à empresa de US$ 792 milhões. Na delação premiada, Paulo Roberto já
confessou que levou propina também nessa operação. Dilma, à época, era
presidente do Conselho e alegou não saber de nada. Logo depois, Cerveró deixou
o cargo, mas a já presidente Dilma o nomeou para ser diretor financeiro da BR
Distribuidora. Renato Duque sempre foi considerado o homem do PT na Petrobras e
ocupou a poderosa Diretoria de Serviços entre 2003 e 2012. Jorge Zelada,
ex-diretor da Área Internacional, foi indicação do PMDB.
Até onde vai Paulo Roberto Costa? Insisto: ele conhece os termos
de uma delação premiada. Se falsear ou se tentar induzir a Justiça a erro, em
vez da liberdade possível, ficará mofando na cadeia por muitos anos. Todos têm
direito de se defender e certamente o farão. O fato é que Paulo Roberto Costa
está dizendo que a campanha eleitoral do PP, do PMDB e do PT - inclusive da
então candidata Dilma Rousseff - foi em parte financiada com dinheiro sujo,
roubado da Petrobras.
E agora? Se Paulo Roberto Costa estiver certo, a Papuda será
pequena para abrigar tantos figurões.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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