Por Reinaldo Azevedo
Eu não quero falar com a candidata Dilma Rousseff, que concorre à Presidência
da República pelo PT. Sou tolerante. Sei que aqueles que disputam eleições são
meio falastrões às vezes. Encantam-se com o som da própria voz e acabam falando
uma sandice ou outra. Eu quero falar é com a presidente Dilma Rousseff.
Eu quero é falar com aquela senhora que, mesmo disputando votos,
continua a ser a suprema mandatária do país; continua com todas as
prerrogativas quase imperiais de que dispõe um chefe do Executivo em nosso
país; continua a gozar dos benefícios verdadeiramente milionários, pagos por
nós, que garantem a alguém na sua condição mais do que a segurança e o conforto
necessários.
Se a um candidato ou candidata se podem tolerar certos deslizes,
da presidente da República é preciso cobrar responsabilidade, decência,
verdade. Em visita à Bahia, Dilma fez duas coisas detestáveis, perigosas, nesta
quinta.
Num ato de campanha em Salvador, depois de ter concedido uma
entrevista absurda, Dilma resolveu demonizar Armínio Fraga, que será ministro
da Fazenda de Aécio Neves caso este se eleja. Leiam:
"Uma coisa muito grave é quando eles implicam com o salário
mínimo. Implicar com o salário mínimo é a maior característica desse ministro;
aliás, desse senhor que foi presidente do Banco Central durante o governo
Fernando Henrique Cardoso, que aparece como eventual ministro da Fazenda, que
não vai ser. Ele não gosta do salário mínimo. Eles acham que têm que reduzir o
salário mínimo para resolver as questões sociais do Brasil. Isso é a típica
proposta que fez com que o país quebrasse três vezes. Isso é um escândalo".
A fala da candidata Dilma é mentirosa. A da presidente Dilma é
irresponsável. Atenção, senhores representantes da Justiça Eleitoral e do
Ministério Público Eleitoral: nos oito anos do governo FHC, o mínimo teve
valorização real - descontada a inflação, pelo IPCA - de 85,04%; nos oito anos
de Lula, foi um pouco maior: 98,32%; nos quatro anos de Dilma, deverá ser de
apenas 15,44%.
Destaco outro fato, leitores. Pela lei em vigência, o ano de 2015
será o último no qual será adotada a atual fórmula de correção do salário
mínimo: variação da inflação do ano anterior e do PIB de dois anos antes. Isso
foi definido pelo Congresso Nacional no início de 2011. O partido Solidariedade
e Aécio Neves já apresentaram projeto que estende a atual fórmula até 2019 - um
ano depois do fim do próximo mandato. Sabem quem decidiu combater o texto nos
bastidores? O PT. O PT de Dilma Rousseff. Eu estou lidando com fatos.
Mas isso ainda nem foi o pior que fez a candidata Dilma Rousseff,
esquecendo-se de que é também a presidente Dilma Rousseff, ela decidiu jogar
brasileiros contra brasileiros; ela decidiu investir numa forma muito
particular de guerra civil; ela decidiu hostilizar as regiões Sudeste e Sul do
Brasil numa entrevista a uma rádio na Bahia.
Afirmou:
"Eles estão fazendo uma oposição ridícula entre Sudeste e Nordeste em termos de votos meus [...] O Sudeste não é oposto ao Nordeste. Então é uma visão absolutamente preconceituosa e elitista, dizendo que os meus votos são dos ignorantes e, os dos ilustrados, são deles. É um desrespeito. Como eles não andam no meio do povo, como eles não dão importância para o povo brasileiro, eles querem desqualificar o povo brasileiro".
"Eles estão fazendo uma oposição ridícula entre Sudeste e Nordeste em termos de votos meus [...] O Sudeste não é oposto ao Nordeste. Então é uma visão absolutamente preconceituosa e elitista, dizendo que os meus votos são dos ignorantes e, os dos ilustrados, são deles. É um desrespeito. Como eles não andam no meio do povo, como eles não dão importância para o povo brasileiro, eles querem desqualificar o povo brasileiro".
Não! Quem está promovendo essa oposição é a própria Dilma. O que
seus adversários apontam, aí, sim, é que ela faz a política do medo e
aterroriza a população mais pobre com mentiras como a do salário mínimo.
Se existe preconceito, ele está embutido na fala da petista. A
presidente Dilma tem o dever de cobrar que a candidata Dilma não tente vencer a
eleição no berro, opondo todos contra todos. A presidente Dilma tem o dever de
cobrar que a candidata Dilma seja mais responsável. A presidente Dilma tem o
dever de cobrar que a candidata Dilma pare de promover a guerra entre os
brasileiros.
Fonte: "Blog Reinaldo
Azevedo"
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