Por Julio Severo
Em
abril de 2014, o Movimento Lausanne esteve em peso no Brasil para discutir sua
maior preocupação teológica do momento. Não, não, sua preocupação não foi com
teólogos brasileiros - todos adeptos de Lausanne e da Teologia da Missão
Integral (TMI) - que colaboram com o PT e sua campanha ideológica para avançar
sua agenda antifamília no Brasil.
De
acordo com a revista esquerdista Ultimato, "45 especialistas de 17 países - pensadores,
pastores e profissionais destacados - reuniram-se em Atibaia (SP), entre 30 de
março e 2 de abril para a Consulta Global Lausanne sobre Teologia da
Prosperidade."
A
consulta foi encabeçada por Valdir Steuernagel, um ardoroso defensor da TMI.
Suas raízes religiosas, conforme mostra o artigo "Por que esconder a real intenção da Teologia da Missão Integral?," procedem desde sua denominação, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana, que
abraça tanto a forma mais radical do marxismo cristão - a Teologia da
Libertação - quanto sua versão protestante quase aguada, a TMI.
A
segunda palestra coube a Paul Freston, antigo defensor da TMI. Freston, que já
foi membro de carteirinha do PT, sempre foi opositor ferrenho da TP.
O
artigo "A maior ameaça à Igreja Evangélica do Brasil" explica o motivo
por que os maiores opositores da TP são os teólogos da TMI.
O
governo do PT, na pessoa de Gilberto Carvalho, expressou igualmente que sua maior
preocupação são os televangelistas neopentecostais, cuja mensagem básica de TP
é que a fonte de toda provisão para as necessidades humanas deve ser Deus, em
contraste com a proposta que o PT e outros movimentos socialistas radicais
querem impor: o governo como deus supridor de todas as necessidades humanas.
Essas
duas visões - Deus-Provedor versus Governo-Provedor - são o coração do choque
entre socialistas e neopentecostais.
Carvalho,
que é ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil,
tem uma relação amistosa especial com os teólogos da TMI, inclusive Ariovaldo
Ramos. O mais importante assessor de Carvalho para as relações do governo do PT
com os evangélicos é o teólogo presbiteriano Alexandre Brasil, que tem um salário de
mais de 15 mil reais por mês e um histórico padrão de adepto da TMI: ele tem um
livro contra a TP.
A
Consulta Global Lausanne sobre Teologia da Prosperidade teve também uma
palestra com o título: "A Nova Reforma Apostólica e a Teologia da Prosperidade."
A
Nova Reforma Apostólica foi fundada por C. Peter Wagner, que no primeiro
Congresso Lausanne sobre Evangelização Mundial em 1974 confrontou teólogos
esquerdistas da América Latina que queriam transformar Lausanne em plataforma
da ideologia marxista.
A
figura central do primeiro Congresso de Lausanne foi Billy Graham. Sem ele, não
teria havido Lausanne, mas também nem ele esperava a repercussão em nível
ideológico. Quando Graham percebeu que a esquerda evangélica estava tentando
atrelar tudo, ele parou de financiar Lausanne, para desgosto de Robinson Cavalcanti, antigo colunista da Ultimato,
que publicamente acusou que Lausanne estava sob uma "hegemonia da ala
conservadora, branca, anti-CMI (Conselho Mundial de Igrejas), antissocialista," etc. (Pobre Graham: branco, anglo-saxão, conservador, etc!) Cavalcanti queria a
continuidade de Graham no movimento para captar recursos para levar adiante a
revolução da TMI. Essa revolução vem ocorrendo, mas sem o dinheiro e
participação de Graham. Valdir Steuernagel, líder da TMI, já mostrou que hoje Lausanne está muito
mais TMI do que nunca. Não é, pois, um movimento com a cara do
Evangelho, mas com a cara de uma ideologia.
Por
sua antiga oposição à esquerda furiosa em Lausanne, até hoje C. Peter Wagner é
criticado pelas esquerdas evangélicas, sem mencionar os ataques da esquerda secular, que vem denunciando sua Nova Reforma Apostólica.
Lausanne
se tornou um movimento da esquerda evangélica. E como todo movimento
esquerdista - secularista ou pseudocristão -, enxerga os neopentecostais,
especialmente sua TP, como a maior ameaça ao avanço do esquerdismo. Mas, com
truques teológicos, a esquerda evangélica muda levemente o discurso, dizendo
que a TP ameaça o evangelho.
O
esquerdismo em Lausanne vem de longe. Já na década de 1980, a revista Ultimato era
a recomendação oficial de Lausanne para o Brasil. Era a incipiente Lausanne
esquerdista promovendo a esquerda evangélica brasileira.
E
hoje, de mãos dadas, avança a esquerda de Lausanne e da Ultimato,
apesar de que a elite teológica "conservadora" presbiteriana, que navega em
águas muitas vezes tomada pela TMI e Ultimato, tem dificuldade de reconhecer
a TMI em Lausanne ou mesmo em seu próprio meio presbiteriano.
A Ultimato é
presbiteriana e tem articulistas presbiterianos polêmicos em sua revista e
editora, inclusive o reverendo Marcos Botelho, que havia defendido a estranha ideia de
que os cristãos têm a obrigação de lutar para que as pessoas tenham o direito
cometer o vício homossexual, e o reverendo Luiz Longuini, pastor da Igreja Presbiteriana do
Brasil divorciado quatro vezes e autor de um livro que defende a TMI.
Outro
articulista da Ultimato, Marcos Amado, é diretor do Movimento de
Lausanne para a América Latina, e vem escrevendo artigos para desconstruir o apoio evangélico a Israel. Essa
desconstrução é uma tendência mundial da esquerda evangélica, muitas vezes capitaneada e instigada por grupos evangélicos americanos
bem financiados.
Até
mesmo o bilionário esquerdista judeu-americano George Soros tem investido milhões para que os
evangélicos tenham opiniões menos favoráveis a Israel. Se me perguntam como
pode um judeu fazer campanhas contra Israel, o que respondo é que o mesmo
esquerdismo que vira judeus contra Israel também vira evangélicos contra o
Evangelho. Há milhares de evangélicos esquerdistas que não têm amor sincero
pelo Evangelho, mas têm paixão de usá-lo como plataforma da ideologia
socialista, que tipicamente é contra Israel.
Em
seu esforço de desconstrução, Amado também se mostra, na Ultimato,
contrário ao que ele chama de "sionismo cristão evangélico," e destaca que
neste ano ele participou de uma conferência especial no Hotel Intercontinental de
Belém. Essa conferência foi a "Christ at the Check Point" (Cristo no Posto de Controle), que
procura apresentar Jesus como um "palestino" oprimido pelos israelenses.
Neste
ano o governo de Israel deu um alerta aos evangélicos do
mundo inteiro para que tomem cuidado com "Christ at the Check Point." Apesar do
aviso do governo de Israel, o Movimento de Lausanne e a Aliança Evangélica
Mundial, dois movimentos em que Valdir Steuernagel tem papel de destaque de
liderança, têm dado apoio a "Christ at the Check Point." Steuernagel é também
colunista da Ultimato.
Marcos
Amado e Ultimato, que querem que tomemos cuidado com a TP, com os
neopentecostais, com Israel e com os evangélicos sionistas, já estão ajudando a
preparar os evangélicos do Brasil para a mensagem de "Christ at the
Check Point," cujo conteúdo é a Teologia da Libertação Palestina, irmã da TMI e
da Teologia da Libertação.
Precisamos
pois ficar preocupados quando lemos sobre teólogos "preocupados" com a TP ou
com o chamado "sionismo evangélico." A "preocupação" deles tem outros
interesses.
Evidentemente,
deve-se ser contra os abusos do neopentecostalismo, mas será que deveríamos
ficar de braços cruzados enquanto maliciosamente atacam esses abusos como forma de abrir caminho e avançar a TMI e
desconstruir o apoio evangélico a Israel?
A defesa de Israel que muitos líderes neopentecostais fazem é
necessária. Além disso, sua pregação, ainda que com muitas fraquezas, que
enfatiza Deus, não o governo, como provedor das necessidades humanas é
fundamental para o povo - e detestável para as esquerdas seculares e
evangélicas.
O
Movimento Lausanne perdeu a credibilidade, e só terá o respeito dos evangélicos
quando de fato demonstrar preocupação com seus adeptos e líderes brasileiros
que trabalham de mãos dadas com o PT, que tem feito tudo para avançar sua
ditadura antifamília no Brasil.
Fonte: www.juliosevero.com
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