Por Reinaldo Azevedo
Como resta claro, não foi o acaso que levou a Seleção Brasileira a
perder para a Alemã por 7 a 1. Também não foi um apagão, como se se tentou
vender. Só pode apagar o que aceso está. E, de fato, nunca chegamos a ter uma
equipe. O vexame teve continuidade hoje, na derrota para a Holanda por três a
zero. Dez gols tomados em dois jogos! É a pior defesa das 20 jornadas de que o
país participou.
Como se vê, até o sósia de Felipão, que trabalha no Zorro Total,
estava certo, não é? Havia também um problema na… defesa! O conjunto da obra é
patético. Num momento de paralisação do jogo para atendimento a um jogador da
Holanda, todo o banco de reservas do Brasil se levantou para dar "instruções
técnicas" a jogadores, inclusive Neymar, que assistia à partida. Felipão ficou
sentado, apalermado, demonstrando que já não tinha, se é que chegou a ter, o
comando da equipe.
Nesse texto, aliás, eu contestava a besteira que parte da crônica
esportiva começou a dizer, repetindo Felipão, segundo a qual seria preferível o
time brasileiro enfrentar a Holanda nas Oitavas de Final a enfrentar o Chile. O
jogo deste sábado disse tudo.
Na primeira vez em que a Holanda conseguiu passar para o campo de
ataque, com 1min30s, Thiago Silva fez falta e derrubou Robben. Foi fora da
área, mas o juiz marcou o pênalti. Roubou para a Holanda? Bem, depende, né? O
zagueiro brasileiro deveria ter sido expulso e não foi. Com menos de dois
minutos decorridos, convenham: o primeiro gol holandês acabou sendo um preço
barato. "Ah, no segundo gol, havia impedimento…" A ruindade do juiz não foi
responsável pelo resultado melancólico. Aos 26 minutos do primeiro tempo, a
equipe brasileira havia feito uma única finalização.
Os vexames foram se acumulando. Oscar levou um cartão amarelo por
simular pênalti. E simulou mesmo! Enquanto os jogadores brasileiros insistirem
nessa palhaçada - e isso também é resultado de um treinamento ruim -, não vamos
muito longe. Insisto, ademais, num outro aspecto: o jogo da Seleção Brasileira,
além de feio, não é dos mais leais. Não fiz a contabilidade, mas Fernandinho
deve ser o jogador com mais faltas desse torneio. Mesmo Hernanes entrou
pilhado. No primeiro lance de que participou, fez uma falta meio grotesca. No
segundo, outra.
Nunca existiu um time. A contusão de Neymar revelou isso de forma
cabal. Não acho que o Brasil tivesse ido adiante com ele em campo, mas o vexame
talvez fosse menor porque levaria mais intranquilidade aos adversários, e
sempre haveria a possibilidade de, num lance fortuito, fazer brilhar seu
talento. Pode, no entanto, uma seleção depender de um único jogador?
A torcida resistiu o quanto pôde. Num dado momento, houve até uma
disputa entre uma parcela que gritava "olé" quando a Holanda trocava passes, e
outra que insistia em aplaudir a equipe. Ao fim, não teve jeito: o estádio, em
uníssono, vaiou a Seleção.
Tchau, Felipão!
Felipão não se dá por vencido. Mesmo tendo demonstrado neste sábado que não tem controle da equipe - afinal, os jogadores da reserva é que davam instruções a quem estava em campo -, não pediu demissão. Limitou-se a "entregar o cargo" à direção da CBF para que ela tome a decisão. Ora, isso é o mesmo que nada. O cargo sempre pertenceu à confederação, não é? A CBF não precisa da autorização de Felipão para demiti-lo.
Felipão não se dá por vencido. Mesmo tendo demonstrado neste sábado que não tem controle da equipe - afinal, os jogadores da reserva é que davam instruções a quem estava em campo -, não pediu demissão. Limitou-se a "entregar o cargo" à direção da CBF para que ela tome a decisão. Ora, isso é o mesmo que nada. O cargo sempre pertenceu à confederação, não é? A CBF não precisa da autorização de Felipão para demiti-lo.
O que o treinador quer dizer com esse gesto? Que pretende
continuar; que continua cheio de ideias. Quais? Ora, ninguém diverge muito, com
uma outra exceção, sobre o time que deve ser escalado. É mais ou menos esse que
está aí, não é? Eu gostaria de ver esse mesmo grupo treinado por Pep
Gardiola ou por Mourinho. Mas não verei. Parece que vem Tite por aí, que me
parecia o nome óbvio em 2012, quando a CBF decidiu escolher Felipão, o homem que
havia sido demitido do Chelsea e que havia ajudado a enterrar o Palmeiras… Que
seja Tite, então! Ao menos há a possibilidade de a Seleção organizar a defesa…
Pode não levar a Copa, mas também não leva uma surra.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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