Por Paulo Cesar Bastos
O Brasil está no G20, é um dos mais
fortes emergentes do BRIC (Brasil-Rússia-Índia e China), possui uma das maiores
populações e território no mundo, tem uma economia dinâmica, diversificada e
articulada com o mercado global. Com tudo isso, nunca conseguimos um Prêmio
Nobel e o nosso desempenho olímpico é sempre inferior ao dos países que mais
receberam o Nobel. Existem razões? É claro que existem.
Precisamos do programa nacional de
desenvolvimento científico e tecnológico cada vez mais forte e adequado à
sociedade contemporânea, integrando a pesquisa com o desenvolvimento, levando
as noções empreendedoras, inovadoras e vencedoras para as instituições de
pesquisa e de educação superior. Pesquisar para utilizar. Mais ação e menos
locução. Interação com as empresas e as demandas da sociedade.
No Brasil, somos pródigos em incorporar
tecnologia mas temos dificuldades em gerá-las. O nosso "balanço
comercial" tecnológico é negativo, importamos quase toda a moderna
tecnologia que utilizamos. Esse cenário precisa ser modificado com uma
estratégia moderna e inovadora no sentido de um novo tempo de desenvolvimento,
sustentável e duradouro.
A mudança deve começar com uma maior
produção do conhecimento além do ambiente público. A sociedade do conhecimento
exige, também, o fortalecimento de um sistema privado para a produção científica
e tecnológica. Para ser competitivo, todo o país precisa ser criativo.
Quanto às medalhas olímpicas, é notória
e urgente a necessidade de colocar o esporte como fator motivador da juventude,
incentivando a prática nos bairros, nos clubes, nas escolas e nas
universidades, com acompanhamento e monitoramento de treinadores, médicos e
paramédicos.
Esporte é cultura, mas hoje, também, é
ciência. Essa compreensão é fundamental para a construção não só das quadras
poliesportivas, mas , sobretudo, de um projeto nacional para a melhoria do
nível do nosso esporte, com o rigor tecno-científico necessário para ser
competitivo, não só para disputar, mas para vencer.
Enfim, para ser vencedor de Prêmio
Nobel e de medalhas olímpicas o Brasil precisa ingressar de fato e direito na
sociedade e economia do conhecimento. Estabelecer metas e desenvolver uma visão
de futuro. Melhorar o insumo básico para o acesso a essa sociedade moderna: a
educação. Valorizar os sábios e não os sabidos.
Não podemos, no entanto, continuar com a
visão de esperar tudo da máquina do Estado. Precisamos fazer a nossa parte,
exercer o direito, mas, também, o dever de cidadão. Capacitação, cooperação,
comunicação, comprometimento e confiança. O tempo não para. Participar e inovar
é preciso, pois a nossa hora para avançar é agora. Não se constrói nada
sozinho.
Artigo publicado no jornal "O Globo"
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