Por Reinaldo Azevedo
O PT é realmente uma máquina de destroçar reputações - inclusive
de seus aliados. O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, foi quem menos sonhou,
entre os governistas, com uma intervenção, digamos, "política" no futebol. No
máximo, ele afirmou que o Estado deveria se interessar mais pela questão, sem
especificar em que medida isso poderia acontecer. Não disse nada além de uma
generalidade até cabível para a hora. Foram os petistas, estes sim, por
intermédio de um site oficioso chamado "Muda Mais" - trata-se de uma franja do
PT, empenhada na campanha de Dilma - que saíram por aí a demonizar a CBF,
atacando lideranças que estariam há décadas a infelicitar o ludopédio e coisa e
tal…
O movimento nem é novo. Quando José Maria Marin, com seu cabelo
acaju, assumiu a CBF, logo foi "enquadrado" pela Comissão da Verdade, vocês devem
se lembrar. Muitos chegaram a indagar se Dilma, uma ex-VAR-Palmares, aceitaria
posar a seu lado numa solenidade. Como se posar ao lado de uma ex-VAR-Palmares
fosse um valor meritório em si. Alguém acha que é? Apresente-se para o debate,
por favor, com argumentos. Tentarei responder sem precisar apelar a cadáveres -
só em último caso… Mas sigamos.
Não foi Aldo, não! Foi o PT que tentou criar um novo polo de
debate, deslocando o foco para a CBF, depois de Dilma ter tentado pegar carona,
de modo um tanto atrapalhado, na Copa do Mundo. A Soberana, ultimamente, anda a
ouvir vozes estranhas, não é mesmo? Não faz tempo, ela comprou uma confusão
danada, quando seus "especialistas" lhe sugeriram que procurasse tirar o corpo
fora da compra da refinaria de Pasadena… Até então, o único que insistia nesse
assunto na chamada grande imprensa - e isso está documentado - era eu. Quando a
presidente teve a gloriosa ideia de dizer que fora enganada pela diretoria da
Petrobras, o assunto pegou fogo. Coisa de gênio!!!
Mais uma vez, um de seus luminares deve ter tido uma ideia
luminosa: "Presidente, livre-se daquela foto do 'É TOIS' lançando a tese de que
é preciso intervir na CBF”. O assunto prosperou. Intervir como? Em que medida?
A resposta de Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, veio rápida e
certeira, como deve ser. Sim, algo tem de ser feito para aumentar a
responsabilidade de dirigentes esportivos, mas sem criar a "Futebras". Até
porque, e isto ainda não ganhou seu devido peso político, é preciso chamar o
governo às suas reais responsabilidades: a Copa já acabou! Cadê as abras que
tanto mudariam a vida do povo brasileiro? Pois é… Ou por outra: o governo que
conseguiu afundar a Petrobras acha que pode fazer decolar a Futebras?
Comprando mais briga
Cronistas esportivos os mais variados resolveram entrar na onda petistófila. Como já escrevi, é muito fácil jogar caca na CBF. Ela fica bem no papel de Geni. Mas me digam: o que a eventual corrupção na confederação tem a ver com aquele resultado ridículo apresentando em campo? Nada! Até porque é possível ser corrupto e eficiente. É possível ser corrupto e ineficiente. É possível ser decente e ineficiente. É possível ser decente e eficiente - esta, sim, a combinação desejável. Ganhamos, por acaso, cinco Copas até aqui com uma equipe que misturava São Francisco de Assis com Schopenhauer? Ah, tenham a paciência!
Cronistas esportivos os mais variados resolveram entrar na onda petistófila. Como já escrevi, é muito fácil jogar caca na CBF. Ela fica bem no papel de Geni. Mas me digam: o que a eventual corrupção na confederação tem a ver com aquele resultado ridículo apresentando em campo? Nada! Até porque é possível ser corrupto e eficiente. É possível ser corrupto e ineficiente. É possível ser decente e ineficiente. É possível ser decente e eficiente - esta, sim, a combinação desejável. Ganhamos, por acaso, cinco Copas até aqui com uma equipe que misturava São Francisco de Assis com Schopenhauer? Ah, tenham a paciência!
Parte dessa crônica esportiva, doidinha para fazer parte de algum
conselho estatal que supervisione a CBF, embarcou na mixuruquice intelectual da "Futebras" e saiu por aí a procurar bodes expiatórios. Não há nenhum! A CBF
pode até ser um antro de bandidos, como querem alguns, mas qual é o peso real
que isso tem na caipirice do nosso futebol? O jornalismo esportivo, com raras
exceções, é o primeiro dos Jecas-Tatus a rejeitar, por exemplo, a
contratação de um técnico estrangeiro.
Volto ao Planalto
O governo mediu a repercussão de sua especulação intervencionista e percebeu que, mais uma vez, a coisa tinha dado errado. Na Folha de hoje, já se lê que "Dilma afasta hipótese de intervenção no futebol", como se ela dispusesse de canais legais para intervir - e não dispõe -, jogando a batata quente no colo de Aldo Rebelo, coitado!, que acabou arcando com o peso da tentação intervencionista.
O governo mediu a repercussão de sua especulação intervencionista e percebeu que, mais uma vez, a coisa tinha dado errado. Na Folha de hoje, já se lê que "Dilma afasta hipótese de intervenção no futebol", como se ela dispusesse de canais legais para intervir - e não dispõe -, jogando a batata quente no colo de Aldo Rebelo, coitado!, que acabou arcando com o peso da tentação intervencionista.
Lá ficou pelo meio do caminho mais uma trapalhada dos "especialistas" de Dilma em opinião pública. O mesmo cara que a aconselhou a
tirar, um dia antes do desastre, aquela foto fazendo, com os bracinhos, o "T"
do "É TÓIS" deve ter tido outra ideia genial: "Vamos, agora, propor a reforma
da CBF". Aécio veio e cravou na testa: "Futebras". A soberana resolveu logo
mudar de assunto.
Os únicos que se entusiasmaram foram mesmos aqueles, como direi?,
cronistas esportivos que, há 35 anos mais ou menos, têm uma pauta fixa:
atacar a CBF. Não que ela não mereça ser atacada. Merece! Mas merece também ter
críticos novos, e não os candidatos de sempre a burocratas da "Futebras".
Atenção, veículos de comunicação! Renovem, pelo amor de Deus, a
crônica esportiva!!! Com raras exceções, ela é mais velha, viciada e viciosa do
que a própria CBF. Aliás, são dois atrasos que se estreitam, como diria o
poeta, num abraço insano.
Ah, sim: caso alguém se sinta, como direi?, ultrajado por essas
palavras, é só se apresentar para o debate. Passei a ter especial interesse em
debater com ultrajados e ultrajantes, mas sempre ultrajando com rigor.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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