Por Augusto Nunes
Primeiro, Lula criou o Fome
Zero e acabou com os famintos que herdou de FHC, e todos os brasileiros
passaram a saborear pelo menos três refeições por dia. Depois, Lula criou
a nova classe média e acabou com a pobreza que herdou de FHC, e todos os pobres
foram autorizados a subir para a divisão superior sem que tenha subido o
salário. Mais tarde, Dilma Rousseff criou o programa Brasil sem Miséria e
acabou com os indigentes que Lula esquecera de incluir na classe média, e todos
os miseráveis aprenderam que podem viver muito bem com 3 reais por dia.
Sem fome, sem pobreza, sem
miséria, o que estaria faltando para que o Brasil Maravilha virasse uma Noruega
com praia, carnaval, futebol e jabuticaba? Acabar com os milhões de nativos que
se espremem em barracos pendurados nos morros, hasteados nos pântanos ou
fincados na periferia das cidades, decidiu o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). Depois da divulgação de um estudo que abrange a população
que sobrevive nesses tumores urbanos, já não falta mais nada.
Pelo que se lê no papelório,
os alquimistas do IBGE resolveram decretar neste novembro que o que
parece uma favela é um "aglomerado subnormal". Isso mesmo: "aglomerado
subnormal", eis a última novidade da novilíngua companheira. A imensidão de
favelados está onde sempre esteve. Mas as favelas não existem mais. Haja
cinismo.
Fonte: “Direto ao Ponto”
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