Por
Reinaldo Azevedo
A petralhada que vá patrulhar a Vovó Metralha em vez de vir encher
o meu saco, atribuindo-me coisas que não escrevi. Alguém enfiou a mão no
dinheiro público em licitações dos trens e do metrô em São Paulo, endossando a
formação de cartel? Cadeia no valente, depois do devido processo legal e se
ficar provada a falcatrua. Sou tão tucano quanto petista ou pecedobista… Todos
os partidos que estão aí são expressões da democracia - embora alguns deles não
a acatem como horizonte último -, mas nenhum deles, como diriam aqueles, ME
representa. Não representam a mim, mas representam a outros (NOTA: olhe o objeto direto preposicionado
aí - recado a um leitor que me dirigiu uma pergunta sobre o assunto…). Por isso
eu critico a turminha que levanta cartazes com essa frase estúpida. Adiante.
Eu não pedi impunidade pra ninguém nem neguei que tenha havido
irregularidades. Até porque, a exemplo da esmagadora maioria dos brasileiros,
não conheço o processo. O que afirmei, sim, e continuo a sustentar é que
existem circunstâncias que apontam para uma outra tramoia - na hipótese de que
o direcionamento das licitações tenha mesmo acontecido.
É um absurdo que o governo de São Paulo não conheça o processo. "É
que existe o sigilo!" Sigilo? Qual sigilo? O vazamento está por aí, em todo
canto. E não, como fica evidente, do processo inteiro, até porque é impossível.
Há uma cuidadosa seleção de partes que são tornadas públicas, que,
curiosamente, não trazem o nome de ninguém. Virou coisa, como a imprensa
noticia, de "governos do PSDB". A intenção de criminalizar todas as gestões
tucanas fica mais do que evidente. Pior: sustenta-se que "o governo sabia".
Quem é "o governo"? Que figura é essa? Os governadores sabiam? Teriam dado o
aval?
Ninguém me patrulha, não! E não vou ficar aqui fazendo o joguinho
das compensações. No dia em que me sentir compelido a essa prática covarde,
paro de escrever. Cadeia para eventuais ladrões do dinheiro público em São
Paulo. Cadeia para eventuais ladrões do dinheiro público onde quer que estejam.
Mas não me peçam para endossar esses procedimentos típicos de repúblicas
bolivarianas, especialmente quando um José Eduardo Cardozo, chefe funcional do
Cade, vem a público para declarar a excelência do órgão e silencia sobre o
vazamento.
Em editorial, o Estadão sugeriu que o governador Geraldo Alckmin
fez mal em ter recorrido à Justiça para conhecer o processo. É mesmo? Fez mal
por quê? Então já não se deve garantir nem mais instrumentos que possam
instruir ou a defesa ou, atenção!, a eventual punição de culpados que possam
estar por aí?
Pra cima de mim, não! Golpeadores da democracia dos mais diversos
quilates, ao longo da história, recorreram às acusações de corrupção para
liquidar adversários políticos. Tanto mais cuidado se deve tomar quanto mais
próximos do poder estiverem os que apontam as irregularidades. Vejam como
funcionam as coisas na Venezuela de Chávez/Maduro, na Bolívia de Evo Morales e
no Equador de Rafael Correa.
Eu não vi o governador Geraldo Alckmin ou qualquer outro tucano a
passar a mão na cabeça de larápios, como Lula já fez. Se alguém viu, me conte,
aponte. Mas vi, sim, e faz todo sentido, um secretário de estado a acusar o
Cade de se comportar como polícia política, no que está coberto de razão. Seria
porque o órgão investiga licitações havidas em São Paulo? Não! A acusação se
deve ao fato de que, sem sombra de dúvidas, montou-se uma central de vazamentos - e o objetivo dessa operação, que é ilegal, é político.
De resto, eu não me sinto obrigado a provar à patrulha petralha
que sou uma pessoa de bem. Olho as companhias dessa gente e quem são os seus
heróis, e, definitivamente, não há a menor chance de que eles me acolham. E há
o fato adicional de que não quero ser acolhido por eles. Meu blog não depende,
para existir, da aprovação daqueles que o detestam. Tampouco busco ganhar essa
gente. Se me leem, e leem, é porque querem, não porque eu tente
cooptá-los.
Cadeia para larápios, sim!, onde quer que estejam. Mas reitero
que, da forma como se dão as coisas, por enquanto, ainda que todos os crimes
tenham acontecido, escolheu-se o caminho da chicana, da politicagem e da
mobilização de uma estrutura do estado para perseguir inimigos políticos.
Quem disse, para ir para o extremo, que os motivos dos fascistas
eram sempre falsos? Às vezes, até eles lidavam com a verdade. O problema é que
essa verdade servia à farsa. Não cabe ao PSDB, ao PT, a partido nenhum,
defender bandidos. Mas cabe a qualquer partido - e a qualquer pessoa sensata -
defender as regras do estado democrático e de direito.
Revele-se o inteiro teor da investigação ou cessem os vazamentos
selecionados. Uma coisa e outra são próprias das democracias de direito. Sigilo
combinado a vazamentos industriados é coisa de estado policial bolivariano, né,
José Eduardo Cardozo? E não haverá petralha nesta terra capaz de me intimidar
com sua patrulha boçal. Se existem bandidos em São Paulo, que parem de
escondê-los, ora!
Vão patrulhar a Vovó Metralha!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Nenhum comentário:
Postar um comentário