A Galeria Nelson Daiha do Senac Pelourinho, em Salvador, promove a abertura da exposição individual "Arte na Mesa", da ceramista Dulce Cardoso, no sábado, 18, às 16 horas. A mostra ficará em cartaz até o dia 10 de junho.
Para esta exposição, a artista
produziu 12 peças utilitárias, moldadas e esmaltadas, umas na cor branca e
outras de fortes coloridos. São peças que podem, literalmente, ir à mesa, como
também servir de elemento decorativo, como informa o artista e crítico Justino
Marinho, curador da mostra.
"Pensei
nas peças em função da galeria estar ligada ao Museu da Gastronomia do
Senac", enfatiza Dulce, referindo-se ao simpático espaço que fica no largo
do Pelourinho e que diariamente recebe dezenas de visitantes interessados nos
segredos da gastronomia baiana.
Dulce
Cardoso começou a trabalhar profissionalmente com a cerâmica no início dos anos
80, quando realizou curso livre nas Oficinas do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Anteriormente, já havia visitado os oleiros de Maragogipinho e conhecido o
mestre Vitorino, através de quem tomou conhecimento da existência das Oficinas
do MAM. Também já havia conhecido o famoso ceramista Udo Knoff e sua esposa
Hortência, que ministravam curso livre na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal da Bahia.
Após seis
meses de aprendizado nas Oficinas do MAM (1984), juntamente com um grupo de
ceramistas argentinos, aprendeu os segredos da utilização das tintas e esmaltes
aplicados na decoração das peças de cerâmica.
Profissional
dedicada, Dulce traduziu uma série de apostilas do espanhol para o português,
se empenhou no estudo, e partiu para suas experiências e descobertas.
Após
sedimentar seus conhecimentos iniciais, transgrediu as normas convencionais,
tradicionalmente ensinadas nos cursos e escolas, e foi criando suas próprias
convicções.
Das
pequenas peças confeccionadas inicialmente, passou a trabalhar com objetos
maiores e mais complexos. Atualmente, é detentora dos muitos segredos da
cerâmica, desde o preparo da argila até a queima em seus diversos fornos.
Participou
de feiras, salões oficiais, exposições coletivas e realizou também, mostras
individuais em galerias de Salvador e de outras cidades do país, além de
exposições individuais realizadas no Museu de Arte Moderna da Bahia, no Museu
Udo Knoff e no Museu Abelardo Rodrigues.
Seus
grandes painéis podem ser vistos em vários locais. No Centro de Convenções de
Salvador, no Complexo de Sauípe, no Hotel Portal de Lençóis e na Escola de
Música da Ufba, além de residências particulares.
Dulce desenvolveu também, um
trabalho utilizando a cerâmica e o vidro. Técnica que aprendeu em 1996, em São
Paulo, com o professor uruguaio Roberto Bonino (1932-2008), conhecido como o
Mestre Vidreiro e especialista na técnica do "fusing", utilizada
para moldar uma ou mais placas de vidro plano, através de moldes criados
previamente pelo artista, sendo submetidos à temperaturas elevadas em fornos
apropriados, onde vão se fundir, se acomodar e assumir novas formas.
Em Buenos Aires, estudou com o
importante ceramista argentino Jorge Fernandez Chiti (1940) que possui inúmeros
livros editados sobre a arte cerâmica na Argentina.
Em seu atelier, a artista tem
formado dezenas de profissionais e criado centenas de peças nas quais imprime
sua marca pessoal.
Dulce lamenta a falta de uma
maior união entre os artistas da cerâmica e a falta de interesse desses
profissionais pelo fortalecimento da Associação que já existe e já teve seus
dias de ascensão e de atuação significativa. "A união desses profissionais
daria uma maior visibilidade a cerâmica e ajudaria a divulgar muito mais sua
importância", afirma Dulce.
A cerâmica passou a existir
quando o homem saiu da caverna e se tornou agricultor. Quando ele notou que
precisaria de vasilhas para armazenar água, alimentos e sementes para a próxima
safra. Existem pistas da existência da cerâmica há milhares de anos antes da
era cristã. No Brasil estudos arqueológicos indicam a presença de uma cerâmica
mais simples criada na região amazônica por volta de 5.000 anos atrás.
(Com informações de Ligia Aguiar)
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